23 de novembro de 2012

Uma Oração ao Sol

Meditando Sobre o Centro do Sistema Solar

Carlos Cardoso Aveline

A foto acima mostra a Porta do Sol, de Tiahuanaco, às margens do Lago Titicaca.
Ao alto, no centro, vê-se a figura da divindade solar suprema, “a origem divina de
todas as coisas”, Ticci Virachoca. Esse princípio cósmico abstrato está armado com
dois relâmpagos e usa o Sol físico como sua coroa. A parte superior da Porta do Sol
está coberta de inscrições antigas. Seu significado é objeto de estudo de especialistas.



Nota Editorial:

Em astrologia e filosofia esotérica, o Sol simboliza o senso de identidade, o verdadeiro eu, o mestre interno. O amarelo, cor do Sol, representa o ouro dos alquimistas e a perfeição da sabedoria.

Em anatomia oculta o Sol corresponde ao coração, e em astrologia ele rege este órgão físico. A cabeça humana, no entanto, também pode ser uma miniatura do Sol.  Um Mestre de Sabedoria escreveu:

“A cabeça de um homem, em uma condição de êxtase intenso, quando toda a eletricidade do seu sistema está centrada ao redor do cérebro, possui (…) uma semelhança perfeita com o Sol durante estes períodos.”[1]

(CCA)


Uma Oração ao Sol

No alto da cordilheira,
Alguém está voltado para a luz que
Transfigura o céu desde a linha do horizonte.

O vago vulto humano se curva e espera.
Ele faz uma saudação com as mãos unidas
E parece murmurar alguma coisa. 

O Sol que emerge para abrir o dia
É o Surya da antiga Índia, o deus egípcio Aton,
O Carro de Apolo grego, o Viracocha do povo andino.

Neste ponto da Cordilheira,
Predomina a paz da altitude elevada.
A Porta do Sol do lago Titicaca
Simboliza a luz da vida cósmica.
Cada ser humano é o desdobramento de uma fagulha 
Do espírito que movimenta a estrela.

Centro da música pitagórica das esferas,  
O Sol é fonte de humildade e plenitude. 
As coisas humanas giram ao seu redor,
No passado como no futuro,
No tempo como no espaço.

Elas circulam em torno dele,
Assim na Terra como na parte mais próxima do céu. 

A vida começa a adormecer
No momento da sua ausência.
Cada nova presença sua
Ilumina e desperta uma parte do mundo.

A força do seu disco dourado
Devolve a vida a cada parcela do planeta. 

Sua luz acorda e faz dormir a todo instante
Uma parte do templo celeste, quase redondo,
Que vive há bilhões de anos em movimento.       

O funcionamento
Da roda da vida
Obedece à Lei.
O ritmo vital do Sol
Move o centro de cada átomo.
Ele anima a célula da folha verde
E bate no coração do indivíduo de boa vontade. 

Seu disco dourado é um espelho 
Do eu superior de cada um.   
Todo cidadão honesto pode ver 
O nascimento do novo dia
E murmurar, como murmura agora,
O vulto sem nome
De um ser humano na cordilheira:

Om,              
Permanecerei em tua paz. 
Lembrarei, a cada hora,
Da tua luz universal.
Obedecerei à Lei do Equilíbrio.
Ajudarei como puder
Os Seres que preservam a Sabedoria.
Om, shanti.


NOTA:

[1] “Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett”, Ed. Teosófica, Brasília, 2001, dois volumes, Carta 93-B, volume II, p. 128.

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Uma Oração ao Sol” foi publicado inicialmente sem indicação de nome de autor na edição de dezembro de 2011 de “O Teosofista”.

A respeito da Porta do Sol, veja-se a obra “Inca Religion & Customs”, Father Bernabe Cobo, University of Texas Press, 1990, 279 pp., pp. 22-23, e também o livro “La Puerta del Sol - Cosmología e Simbolismo Andino”, de Jorge Miranda-Luizaga, Editorial Garza Azul, La Paz, Bolivia, 1991, 325 pp.  

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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.


Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.

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