10 de maio de 2016

A Arte da Estratégia

É a Paz Interior Que Assegura a Vitória

Carlos Cardoso Aveline



Certa vez, em Tchou, o sábio Ki Siao Tzu aceitou adestrar um galo de briga para o rei da região.

Dez dias depois do começo do treinamento, o rei perguntou:

“O galo está pronto para a briga?”

Mas o treinador respondeu: “Ainda não. Ele está vaidoso e arrogante.”

Doze dias depois, sentindo já uma ponta de ansiedade, o rei repetiu a mesma pergunta. “Impossível”, insistiu o adestrador:

“Ele ainda reage a cada sombra e a cada ruído”.

Passaram-se mais duas semanas. O rei chamou Ki Siao Tzu à sua presença e, mal disfarçando a sua insatisfação com a demora, pediu novamente notícias do galo.

“Nada, ainda”, disse o adestrador.

“Ainda está com o olhar muito irritado e um ar de triunfo.”

Finalmente, dez dias depois, o rei, mais calmo, perguntou pelo galo.

Esta vez, Ki Siao Tzu respondeu:

“Ele está quase pronto. Quando os outros galos cantam, isso não o incomoda em nada. Quando se olha para ele, fica indiferente como se fosse feito de madeira. Sua força interior é perfeita.”

A esta altura, os outros galos já não ousavam aproximar-se dele. Pelo contrário, desviavam-se e iam embora.”

A história acima é atribuída a Lie-Tzu, um dos mestres do taoísmo, e pode ser aplicada à arte da estratégia.

Ela ilustra bem as qualidades requeridas para lidar com os conflitos segundo a filosofia oriental.

De fato, quem não sabe lutar busca o conflito.

Quem sabe lutar evita o conflito e prefere a paz.

O mesmo princípio vale para demonstrações de força de qualquer tipo.

O cidadão inexperiente procura mostrar aos outros a força que possui.

O tolo, por sua vez, procura aparentar uma força que não tem.

Já o guerreiro sábio ignora as demonstrações externas e apenas corta seus próprios hábitos de desperdício, deixando que sua força interior cresça.

“Quem vence os outros é forte. Quem vence a si mesmo é poderoso”, ensina o “Tao Te King”.

O clássico “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu, afirma: “É melhor vencer sem lutar”.

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Excerto da obra “Três Caminhos para a Paz Interior”, de Carlos Cardoso Aveline, Capítulo 7.

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Para conhecer a teosofia original desde o ângulo da vivência direta, leia o livro “Três Caminhos Para a Paz Interior”, de Carlos Cardoso Aveline.


Com 19 capítulos e 191 páginas, a obra foi publicada em 2002 pela Editora Teosófica de Brasília.   

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