5 de novembro de 2016

Autonomia ou Obediência?

Pergunta e Resposta Sobre Um Tema Decisivo

Theosophy



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O texto a seguir é traduzido da revista  
“Theosophy” de março de 1975, pp. 140-142.

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Pergunta:

Dacordo com a Teosofia, cada homem deve tornar-se sua própria autoridade, seja em relação a definir o que é verdade, seja em relação à conduta correta a seguir. Mas as circunstâncias externas frequentemente parecem ter uma influência determinante na vida de homens que, confinados por hábitos, ignorância, falta de imaginação ou apatia, têm em geral pouca capacidade de julgar por si mesmos. Não é aconselhável, então, escutar o conselho de “autoridades” mais sábias?

Resposta: 

Ouvir aqueles que parecem ter uma base sólida para seus pontos de vista não exclui a necessidade de avaliar o que eles dizem. Até a aceitação do que dizem envolve em algum momento a decisão de fazer isso. Toda a apresentação que H.P. Blavatsky fez da Teosofia nos dá as razões metafísicas para esse exercício da escolha individual e responsável.

Talvez a questão torne oportuno ver o que o senhor William Judge diz em seu editorial para a revista “Path” de março de 1887, em que ele fala do atual desenvolvimento da humanidade em seu conjunto, como um estágio que requer um grau maior de responsabilidade individual. Ele afirma:

“Em tempos anteriores, os Vedas e mais tarde os ensinamentos do grande Buddha eram a correta autoridade, e era em seus legítimos ensinamentos e suas práticas recomendadas que se encontravam os passos necessários para erguer o Homem a uma posição vertical e correta. Mas o grande relógio do Universo aponta para uma outra hora, e agora o Homem deve agarrar a chave em suas mãos e ele mesmo - como um todo - deve abrir o portão.”

Se o bom discernimento é reconhecido como o critério de uma autoridade “natural” - e esta é uma qualidade que aumenta com o seu exercício prático - então deve-se registrar também que não há momento algum e situação alguma que impeçam o seu desenvolvimento. Mas o fato inegável da vulnerabilidade humana a uma autoridade externa leva a questão a um imperioso desafio educacional. As palavras do sr. Robert Crosbie a respeito dificilmente poderiam ter sido mais corretas:

“A Autoridade que nós reconhecemos não é o que os homens chamam autoridade, que surge de fora e exige obediência, mas um reconhecimento interno do valor daquilo que flui através de qualquer ponto, foco, ou indivíduo. Esta é a autoridade do autodiscernimento do indivíduo, da sua intuição, seu mais alto intelecto. Se seguimos o que reconhecemos deste modo, e ainda vemos que é bom, naturalmente manteremos nosso rumo naquela direção. Isto não significa seguir cegamente qualquer pessoa - e esta é uma diferença que alguns não conseguem ver.”

Desde um ponto de vista “prático”, podemos ver que, como agimos em vários níveis e temos habilidades e conhecimentos variados em relação a cada um deles, a orientação ou ajuda que obtenhamos dos outros será diferente em cada caso. Alguém que planeje construir uma casa, mas que não tenha experiência, naturalmente verá que é recomendável procurar um construtor, ou pelo menos um pedreiro, para que o ajude e o aconselhe. Tal pessoa vai procurar pela autoridade da experiência para evitar erros graves, ou desperdícios. É claro que seu próprio discernimento será necessário ao selecionar a ajuda. Quando se trata de buscar o significado da nossa vida, a questão crucial a ser lembrada é que o autoconhecimento é obtido por cada um por seu próprio mérito. Não há autoridades nisso, exceto o eu superior, embora, paradoxalmente, uma espécie de “autoridade” natural se agregue à sugestão daqueles que insistem na responsabilidade individual, quando se realiza esta busca. Sempre podemos aprender dos outros - seja pelo exemplo deles ou por suas ideias sugestivas. Mas transformar em conhecimento a ajuda obtida é algo que elimina todo traço de autoridade, e que deve ser feito pelo próprio indivíduo.

Podemos lembrar, aqui, o que H.P. Blavatsky diz na conclusão do seu prefácio à obra “A Doutrina Secreta”; uma obra que, segundo ela, “merece consideração, não por algum apelo a uma autoridade dogmática, mas porque segue de perto a Natureza, e obedece às leis da uniformidade e da analogia.” Como esse é o princípio que H.P.B. segue, os seus estudantes naturalmente confiam nos seus escritos, e assim passa a ser um dever deles reconhecer e verificar que o que ela diz segue de perto a Natureza. A confiança bem informada em um instrutor cresce através da experiência - através da experiência individual pela qual se aprende a converter o ensinamento em conhecimento.

Considerando a evolução como um processo educacional, parece natural que os seres que conhecem tanto as potencialidades quanto as limitações cármicas dos que estão envolvidos em qualquer ciclo ou tempo particular tenham condições de ver que rumo geral de ações dá as melhores oportunidades de crescimento. Eles planejam o “currículo”, por assim dizer. Mas o currículo é só o plano, não a evolução. Os eus superiores individuais devem determinar como é que essas possibilidades serão desenvolvidas. Os efeitos distributivos da ação coordenada de diferentes indivíduos produzem o nível de desenvolvimento alcançado ao longo do periódico surgimento e desaparecimento das civilizações - em um momento criando as condições de uma Idade das Trevas, e em outro momento criando as condições de uma sociedade que pode receber um Buddha.

Na medida em que cada indivíduo tenha êxito em fortalecer em si mesmo a força do princípio do discernimento, nessa mesma medida ele se torna sua própria autoridade confiável. Porque conhecer, neste sentido, é ser capaz de fazer com que a ação siga o princípio, ao invés de obedecer ao hábito ou costume, por mais que estes possam ser estimados pelos outros.

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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem como uma das suas prioridades a construção de um futuro melhor nas diversas dimensões da vida.

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