Pensadora Teosófica Não Está Tão Longe
Quanto Se Pensa
John Garrigues
Helena
P. Blavatsky em seu escritório, em 1887
000000000000000000000000000000000000000000000
Nota Editorial:
O texto a
seguir é reproduzido da edição de
julho de 2011
do boletim eletrônico “O Teosofista”.
O artigo a seguir foi publicado
inicialmente de modo
anônimo na revista “Theosophy”, em maio de
1922, pp. 197-198.
Uma análise do seu conteúdo e do seu
estilo indica que foi
escrito por
Garrigues. Título original: “Not So
Far-Off As Some
May Think”. Acrescento a citação de abertura e notas numeradas.
(Carlos Cardoso Aveline)
00000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
“Sem
necessidade te entristeces e afliges; contudo, as tuas
palavras
têm grãos de verdade. Elas exprimem a sabedoria do
mundo
externo (exotérica), mas não satisfazem à mente interior
(esotericamente);
são, pois, apenas a expressão de uma parte da verdade.
Os
sábios não se entristecem nem por causa dos vivos nem por causa
dos
mortos. Sabe, ó príncipe de Pându, que nunca houve tempo em que
não
existíssemos eu ou tu, ou qualquer destes príncipes da terra;
igualmente,
nunca virá tempo em que algum de nós deixe de existir.”
Da obra Bhagavad Gita [1]
Quando
H.P. Blavatsky e W. Q. Judge pareceram morrer - assim como os reis morrem, os
mendigos morrem e as flores morrem - os estudantes de teosofia repetiram pela
milésima vez as palavras tão pronunciadas do segundo capítulo do “Bhagavad
Gita”.
Mas
há um ditado que diz: a menos que o verdadeiro significado de um ensinamento
seja compreendido, por mais que ele seja eternamente verdadeiro, ele será, para
os seus repetidores, apenas “uma canção de pouco significado embora as palavras
sejam fortes”.
Quem
viu de fato a “morte” da professora assim como os Sábios veem a morte? Sim,
estava lá o corpo, morto como qualquer outro. “Siga adiante para a sua
recompensa, ó Lanu [2], nós nos
veremos de novo”, disseram alguns. De fato, a Mestra estava morta, para eles.
No
entanto, inúmeras vezes o corpo de H. P. B. tinha ficado inerte durante o sono.
Onde estava a verdadeira H. P. B. enquanto seu corpo dormia?
“Eu,
isto é, meu corpo, estará quieto e adormecido em minha cama .... a luz divina
estará ausente dele, voando até você; e depois voará de volta e então outra vez
o templo será iluminado pela presença da Divindade” [3] - escreveu Ela desde os Estados Unidos para uma pessoa da sua
família, referindo-se a uma visita inteiramente consciente feita à distante
Rússia, enquanto a Sra. Blavatsky estava calmamente dormindo. Em outra ocasião,
Ela disse:
“Minhas
noites são os meus manvântaras”.[4]
Nós não superamos a morte nem o sono; mas este
obstáculo não existe para os Sábios.
No
dia oito de maio [de 1891] o corpo estava novamente imóvel; porém agora pela
última vez. Onde estava H. P. B.? Onde estava a Sabedoria Imensa, a vasta
inteligência, a personificação da Doutrina Secreta? Onde estava o amor
ilimitado pela humanidade toda?
Estaria
ela extinta, ou inconsciente, ou confortavelmente instalada em algum céu à
prova de som, onde não chegam os gritos e os choros deste inferno que chamamos
de terra? Estaria em algum loka
distante [5], para ser encontrada
outra vez só depois que milhares de anos tenham passado? Para aqueles que estão sempre se esforçando
para liderar isso ou aquilo, e que não sentem, nem tentam sentir o Coração, a
resposta pode ser essa mesma.
Entre
os muitos indícios deixados pela Fonte de todos os nossos conhecimentos e de
toda a nossa força para este trabalho coletivo, vemos o seguinte:
“Se
alguém obteve poderes (da Raja Ioga) devido a este estudo, não é possível
permanecer muito tempo no mundo sem perder a maior parte dos seus poderes - e a
parte mais elevada e mais nobre deles, na verdade. De modo que, se qualquer
pessoa com tais características é vista trabalhando em público durante muitos
anos consecutivos, sem buscar dinheiro ou fama, é preciso saber que tal pessoa
está se sacrificando pelo bem dos seus semelhantes. Algum dia tais indivíduos
morrem de modo inesperado, e os seus supostos restos mortais são descartados;
mas, apesar disso, talvez eles não estejam mortos. ‘As aparências enganam’, diz
o provérbio.” [6]
Milhares
de pessoas podem viver de modo confortável, e até muito satisfeitas, tendo a
teosofia como sua propriedade mental. Mas a aplicação diária e a cada momento
da teosofia, a sua divulgação segundo as Linhas Estabelecidas por Aqueles que a
criaram, preservaram e regeneraram, significa avançar por um caminho no qual
ninguém conseguiria ingressar ou perseverar, se não fosse por esses Amigos e
Professores de tempos antigos e de tempos futuros.
O
estudante deve aprender a sentir e saber que estes Grandes Seres não estão
mortos, e nem tampouco em algum retiro distante, mas estão sempre próximos, e
ativos como a magia de um poder irresistível, como um rio que avança
poderosamente. À medida que o estudante confia inteiramente Neles e prossegue
no trabalho, estudando, aplicando e divulgando os Ensinamentos que Eles escreveram
para ele, nesta medida ele, inevitavelmente, compreenderá por completo.
NOTAS:
[1] “Bhagavad
Gita - a Mensagem do Mestre”, trad. de Francisco Valdomiro Lorenz, Ed. Pensamento, SP, 178 pp., ver pp. 27-28.
[2] Lanu: discípulo.
[3] Esta é uma citação de “Letters
of H. P. Blavatsky”, edited by W.Q. Judge, Chapter II, “The Path” magazine,
January 1895, p. 299. As cartas autênticas de H. P. B., tal como editadas por W. Q. Judge, estão
disponíveis em língua inglesa nos nossos websites associados.
[4] Manvântaras:
Períodos de manifestação do universo, intercalados pelos Pralayas, ou
períodos de descanso. A frase significa que, enquanto seu corpo descansava, HPB
estava em plena atividade.
[5] Loka - um local, plano ou dimensão sutil.
[6] Neste
ponto, uma nota de pé de página de J. Garrigues diz que a citação é tirada do
volume “A Modern Panarion”. O trecho faz parte do artigo de Helena Blavatsky
intitulado “Questions Answered About
Yoga Vidya”, que faz parte de “A Modern Panarion”, HPB, Theosophy Co., Los
Angeles, 1981. O volume e uma edição em fac-símile
da edição de 1895, com 504 pp. Ver p. 360. O artigo foi publicado inicialmente
em “The Theosophist”, dezembro de 1880, p. 47.
000
Em setembro de 2016, depois de cuidadosa
análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes
decidiu formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem como uma das
suas prioridades a construção de um
futuro melhor nas diversas dimensões da vida.
000