13 de agosto de 2011

Helena Blavatsky - A Que Distância?


Pensadora Teosófica Não Está Tão Longe Quanto Se Pensa

John Garrigues

Helena P. Blavatsky em seu escritório, em 1887



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Nota Editorial:

O texto a seguir é reproduzido da edição de
julho de 2011 do boletim eletrônico “O Teosofista”.

O artigo a seguir foi publicado inicialmente de modo
anônimo na revista “Theosophy”, em maio de 1922, pp. 197-198.
Uma análise do seu conteúdo e do seu estilo indica que foi
escrito por Garrigues. Título original: “Not So Far-Off As Some
May Think”.  Acrescento a  citação de abertura e notas numeradas.

(Carlos Cardoso Aveline)

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“Sem necessidade te entristeces e afliges; contudo, as tuas
palavras têm grãos de verdade. Elas exprimem a sabedoria do
mundo externo (exotérica), mas não satisfazem à mente interior
(esotericamente); são, pois, apenas a expressão de uma parte da verdade.
Os sábios não se entristecem nem por causa dos vivos nem por causa
dos mortos. Sabe, ó príncipe de Pându, que nunca houve tempo em que
não existíssemos eu ou tu, ou qualquer destes príncipes da terra;
igualmente, nunca virá tempo em que algum de nós deixe de existir.”

Da obra Bhagavad Gita [1] 



Quando H.P. Blavatsky e W. Q. Judge pareceram morrer - assim como os reis morrem, os mendigos morrem e as flores morrem - os estudantes de teosofia repetiram pela milésima vez as palavras tão pronunciadas do segundo capítulo do “Bhagavad Gita”.

Mas há um ditado que diz: a menos que o verdadeiro significado de um ensinamento seja compreendido, por mais que ele seja eternamente verdadeiro, ele será, para os seus repetidores, apenas “uma canção de pouco significado embora as palavras sejam fortes”.

Quem viu de fato a “morte” da professora assim como os Sábios veem a morte? Sim, estava lá o corpo, morto como qualquer outro. “Siga adiante para a sua recompensa, ó Lanu [2], nós nos veremos de novo”, disseram alguns. De fato, a Mestra estava morta, para eles.

No entanto, inúmeras vezes o corpo de H. P. B. tinha ficado inerte durante o sono. Onde estava a verdadeira H. P. B. enquanto seu corpo dormia?

“Eu, isto é, meu corpo, estará quieto e adormecido em minha cama .... a luz divina estará ausente dele, voando até você; e depois voará de volta e então outra vez o templo será iluminado pela presença da Divindade” [3] - escreveu Ela desde os Estados Unidos para uma pessoa da sua família, referindo-se a uma visita inteiramente consciente feita à distante Rússia, enquanto a Sra. Blavatsky estava calmamente dormindo. Em outra ocasião, Ela disse:

“Minhas noites são os meus manvântaras”.[4]

Nós não superamos a morte nem o sono; mas este obstáculo não existe para os Sábios.

No dia oito de maio [de 1891] o corpo estava novamente imóvel; porém agora pela última vez. Onde estava H. P. B.? Onde estava a Sabedoria Imensa, a vasta inteligência, a personificação da Doutrina Secreta? Onde estava o amor ilimitado pela humanidade toda?

Estaria ela extinta, ou inconsciente, ou confortavelmente instalada em algum céu à prova de som, onde não chegam os gritos e os choros deste inferno que chamamos de terra? Estaria em algum loka distante [5], para ser encontrada outra vez só depois que milhares de anos tenham passado?  Para aqueles que estão sempre se esforçando para liderar isso ou aquilo, e que não sentem, nem tentam sentir o Coração, a resposta pode ser essa mesma.

Entre os muitos indícios deixados pela Fonte de todos os nossos conhecimentos e de toda a nossa força para este trabalho coletivo, vemos o seguinte:

“Se alguém obteve poderes (da Raja Ioga) devido a este estudo, não é possível permanecer muito tempo no mundo sem perder a maior parte dos seus poderes - e a parte mais elevada e mais nobre deles, na verdade. De modo que, se qualquer pessoa com tais características é vista trabalhando em público durante muitos anos consecutivos, sem buscar dinheiro ou fama, é preciso saber que tal pessoa está se sacrificando pelo bem dos seus semelhantes. Algum dia tais indivíduos morrem de modo inesperado, e os seus supostos restos mortais são descartados; mas, apesar disso, talvez eles não estejam mortos. ‘As aparências enganam’, diz o provérbio.” [6]

Milhares de pessoas podem viver de modo confortável, e até muito satisfeitas, tendo a teosofia como sua propriedade mental. Mas a aplicação diária e a cada momento da teosofia, a sua divulgação segundo as Linhas Estabelecidas por Aqueles que a criaram, preservaram e regeneraram, significa avançar por um caminho no qual ninguém conseguiria ingressar ou perseverar, se não fosse por esses Amigos e Professores de tempos antigos e de tempos futuros.

O estudante deve aprender a sentir e saber que estes Grandes Seres não estão mortos, e nem tampouco em algum retiro distante, mas estão sempre próximos, e ativos como a magia de um poder irresistível, como um rio que avança poderosamente. À medida que o estudante confia inteiramente Neles e prossegue no trabalho, estudando, aplicando e divulgando os Ensinamentos que Eles escreveram para ele, nesta medida ele, inevitavelmente, compreenderá  por completo.

NOTAS:

[1] “Bhagavad Gita - a Mensagem do Mestre”, trad. de Francisco Valdomiro Lorenz, Ed. Pensamento,  SP, 178 pp., ver pp. 27-28.

[2] Lanu: discípulo.

[3] Esta é uma citação de “Letters of H. P. Blavatsky”, edited by W.Q. Judge, Chapter II, “The Path” magazine, January 1895, p. 299. As cartas autênticas de H. P. B., tal  como editadas por W. Q. Judge, estão disponíveis em língua inglesa nos nossos websites  associados. 

[4] Manvântaras: Períodos de manifestação do universo, intercalados pelos Pralayas, ou períodos de descanso. A frase significa que, enquanto seu corpo descansava, HPB estava em plena atividade. 

[5] Loka - um local, plano ou dimensão sutil.

[6] Neste ponto, uma nota de pé de página de J. Garrigues diz que a citação é tirada do volume “A Modern Panarion”. O trecho faz parte do artigo de Helena Blavatsky intitulado  “Questions Answered About Yoga Vidya”, que faz parte de “A Modern Panarion”, HPB, Theosophy Co., Los Angeles, 1981.  O volume e uma edição em fac-símile da edição de 1895, com 504 pp. Ver p. 360. O artigo foi publicado inicialmente em “The Theosophist”, dezembro de 1880, p. 47. 

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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem como uma das suas prioridades a construção de um futuro melhor nas diversas dimensões da vida.

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