Teosofia Ensina a Pensar Com Independência
Carlos Cardoso Aveline
Carlos Cardoso Aveline
O
consenso coletivo cria representações compartilhadas da realidade. Ele
estabelece a base da vida diária e da cooperação em um grupo, e numa cultura.
No entanto, o consenso pode ser verdadeiro ou falso.
Até
o tempo de Galileu Galilei, por exemplo, havia um forte consenso de que a Terra
era plana. O Sol fazia a volta em torno da Terra todos os dias. A mera ideia de
questionar este consenso divino era perigosa para a sobrevivência física de
qualquer um.
Nas
décadas de 1910 e 1920, o consenso na Sociedade de Adyar era que Annie Besant e
Charles Leadbeater falavam de fato com um “Senhor Cristo” e vários outros
mestres, os quais eram, na realidade, imaginários. Houve grande surpresa e
desconforto quando o próprio Jiddu Krishnamurti, que deveria fazer o papel
teatral de Cristo, desmantelou a farsa. O espetáculo circense de “falar com
mestres” teve então que ser adaptado para círculos menores de pessoas que aceitassem
trabalhar sobre a base da ingenuidade organizada.
Os
exemplos são inúmeros. Desde um casamento e uma família até uma sociedade
teosófica, incluindo os sindicatos, as várias igrejas, os partidos políticos e
toda a civilização atual, os “consensos” e as “crenças comuns” devem ser reexaminados.
Eles podem conter quantidades significativas de Maya, ou Ilusão; especialmente
se quisermos suprimir a possibilidade de examiná-los e testá-los.
O
hábito faz com que o ilusório pareça verdadeiro, assim como o céu inteiro que
obedientemente viajava em torno da terra plana, conforme o Vaticano havia
decidido.
De
tempos em tempos, surge algum consenso cuja falsidade se torna tão grande e tão
óbvia que já não consegue sustentar-se diante do Carma. Então os seus muros
começam a cair.
Este
é o momento correto - embora doloroso - para reexaminar a “descrição de
realidade” a que nos apegamos. Se não renunciamos às ilusões, as próprias
ilusões renunciam a nós, no tempo certo. A teosofia ensina a pensar com independência,
embora de modo solidário.
E
não há necessidade de viver nas ruínas de algo que deixou de existir.
Sempre
podemos construir representações da verdade que sejam melhores, mais saudáveis
e mais abertas ao processo inevitável de autorrenovação. Essa possibilidade
existe nas nossas relações pessoais, na nossa visão do Caminho da Sabedoria e em
todos os outros aspectos da vida.
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