Uma Lição de Desapego e Perseverança
Múcio Teixeira
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Nota
Editorial de 2015:
No poema a seguir há um aparente
desânimo
diante da lentidão do progresso humano. A
amargura, no entanto, é uma licença
poética.
O ritmo da evolução da alma e da
natureza não
deve obedecer às ansiedades humanas. A
aceitação
madura do tempo de longo prazo liberta
mais do
que o sentimento de pressa ou o desejo
pessoal de
bem-estar. Nenhum esforço feito na
direção correta
é jamais perdido. Por outro lado, o ser
humano hoje
vive uma grande quantidade de dor desnecessária,
e é hora de abrir mão do cômodo apego à
ignorância
organizada. Um Mestre de Sabedoria
escreveu:
“Quanto à natureza humana em geral, ela
é igual agora
a como era há um milhão de anos atrás:
preconceito
baseado no egoísmo; uma resistência
generalizada a
renunciar à ordem estabelecida das
coisas em função
de novos modos de vida e de pensamento -
e o estudo
oculto requer tudo isso e muito mais -;
orgulho e uma
teimosa resistência à Verdade, quando
ela abala as suas
noções prévias das coisas - tais são as
características da
sua época, especialmente nas classes
inferiores e médias.” [1]
O poema do brasileiro Múcio Teixeira faz
uma
denúncia do velho hábito humano de
rejeitar a sabedoria.
Diante do desafio, cabe
trabalhar em paz. Pregar no deserto
significa emitir um mantra.
A tarefa requer discernimento: se o
trabalho for bem feito, no
ritmo certo surgirá e crescerá um oásis.
(Carlos Cardoso Aveline)
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Pregar
no Deserto
Múcio
Teixeira
Sócrates
diz: “Conhece-te a ti mesmo”.
E
o mundo, que isto ouviu, caminha a esmo.
Abelard
sentenciou: “Tudo é conceito”.
E
o mundo segue desse mesmo jeito.
“Eu
penso, logo sou” brada Descartes,
E
o mundo lembra o Pedro Malasartes.
Locke
exprimiu-se assim: “Sou, quando sinto”.
E
o mundo anda no mesmo labirinto.
Hume,
a cismar: “Sonho que sinto e penso”.
E
o mundo sempre num nevoeiro denso...
Kant:
“Tudo está no eu”. - E tudo e todos,
Num
eterno vaivém, parecem doidos! [2]
NOTAS:
[1] “Cartas
dos Mahatmas”, Ed. Teosófica, Brasília, Vol. I, Carta 1, p. 38. (CCA)
[2] “Num
eterno vaivém”. Alusão à teoria dos ciclos e da periodicidade da vida, que
inclui a reencarnação. (CCA)
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O
poeta Múcio Teixeira nasceu em Porto Alegre em 13 de setembro de 1857, e viveu
até agosto de 1926.
O
poema “Pregar no Deserto” foi publicado no volume “Brasas e Cinzas”, de Múcio
Teixeira, Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, quarta edição, 1922, 477 pp., ver
pp. 256-257. A ortografia foi
atualizada.
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Sobre o mistério do despertar individual
para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
Com tradução, prólogo e notas de Carlos
Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014
por “The Aquarian Theosophist”.
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