Ação Solidária é um Agradecimento à Vida
Celina de Jesus de Magalhães Cardoso
Celina de Jesus de Magalhães Cardoso

Celina (foto) é
uma cidadã do futuro
“Quem tem amor no
peito sempre
encontra um jeito
pra ninguém chorar.”
A frase acima é da
letra de uma música de Diogo Nogueira, e me identifiquei muito com ela. Assim
me sinto.
Moro
em Vila Velha, ES. Pudera eu acabar com as dores todas do mundo. Hoje já sei
que não é assim que funciona esta maravilha que é a vida. Há tempo percebi: sou
como uma ponte. Sempre estou entre quem precisa e quem pode e quer doar. Em
todos os trabalhos voluntários que fiz nesta vida, é assim; sou uma ponte. Há
três anos já que descobri uma nova forma de voluntariado: trabalhar em bazar, local
onde vendemos objetos usados. Foi minha amiga Rita Zille Noronha que me
convidou. Nós duas fazemos parte de um grupo de ecologia, o Fraternidade, que faz ações educativas
pelo meio ambiente.
A
Rita me chamou para ir trabalhar toda sexta, o dia todo, com mais duas amigas,
a Neia e a Marly, no bazar em prol da Fraternidade OraAção. Lá fui eu, cheia de
vontade, e descobri a delícia de ser voluntária num bazar. Em janeiro fizemos
uma pausa de férias, vendemos tanto que pagamos todas as contas da loja e todas
as despesas do orfanato (Casa Lar OraAção). Aproveitei para o descanso. Mas com
saudades. Fui descobrindo que gosto muito de arrumar a loja, pegar cada sacola
e colocar nas prateleiras, pendurar, arrumar sapatos, bolsas, colares.
Faço
cartazes de promoção, fazemos rifas. Minhas amigas são as vendedoras. Elas incentivam a compra, fazem desconto,
elogiam. E eu só arrumo, pois os compradores remexem tudo. Um bazar é um prato
cheio para quem gosta de artesanato, como eu. Tudo pode ser reaproveitado. Cada
fivela de cinto vira enfeite, cada botão vira colar, ou quadro, cada alça de
bolsa pode virar chaveiro: a imaginação fervilha.
Conviver
com as pessoas é a melhor parte. Você aprende o gosto de cada um, você conversa
o dia todo, ganha abraços, saudações, sorrisos, ganha obrigados.
Também
somos ouvidos para os desabafos. Enxugamos lágrimas. É a fraternidade universal
em ação. O mais gostoso é receber pessoas que chegam com suas doações, carros
lotados. Temos um catador de rua: virou nosso amigo. Ele nos avisa de boas
coisas que encontra na rua para a gente ir buscar. Algumas freguesas não
esquecem das dívidas; me encontram na
rua e dizem:
“Toma, Dona Celina, estou devendo cinco
reais daquele chinelo!”
Os
bazares são sempre em benefício de obras sociais daqui da cidade. Um deles, para
a Creche
Pequeno Lar, acontece na sede da Associação de Moradores. A Associação
nos empresta a sede com água gelada e cafezinho. Só precisamos levar as
coisas, cabides, e deixar a garagem bem bonita, com cara de loja.
Providenciamos espelho, provador, dinheiro trocado, sacolas, tudo. Isso porque,
além do bazar no centro da cidade, ainda cuidamos de bazares no bairro onde
moramos. Cada dia é um grupo de voluntárias. Quando temos bazar na Associação
de Moradores ficamos 30 dias atarefadas, com os dois bazares funcionando, lá e
cá.
Também
não podemos esquecer tesouras, durex, cola, pois remendamos, lavamos, deixamos
tudo bonito. Muita mercadoria nem pode ser vendida, e é doada para o Centro Pop que cuida de moradores de
rua. Ganhamos muitos livros e doamos para a Biblioteca da Escola Agrícola em Santa
Maria de Jetibá (ES).
Assim
vamos fazendo uma bela corrente. Os compradores fazem propaganda do bazar e um
doador incentiva o outro. Vira uma alegria.
Você conhece outras artistas e artesãs, gente que faz gorros,
sapatinhos, pinta garrafas. Os tecidos viram lindas bolsas. As professoras de
artesanato nos ensinam novas técnicas. É uma troca riquíssima.
Você
vai ficando conhecida em todo lugar como a moça do bazar. Também minha casa é
ponto de referência de doações, e minha irmã já disse:
“Celina ainda vai abrir um bazar aqui em
casa.”
Com
este relato quero expressar minha gratidão enorme pela vida, por esta imensa
oportunidade de ser útil. Obrigada.
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O texto acima é
reproduzido da edição de fevereiro de 2015 de “O Teosofista”, pp. 7-8.
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Sobre o crescimento interior e a
transformação pessoal no século 21, leia a obra “O Poder da Sabedoria”, de Carlos Cardoso Aveline.

O livro foi publicado pela Editora
Teosófica, de Brasília, tem 189 páginas divididas por 20 capítulos e inclui uma
série de exercícios práticos. Está na terceira edição.
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