27 de junho de 2016

O Paradoxo

Contrastes e Provações no Caminho da Sabedoria

Augusto de Lima


Augusto de Lima nasceu dia 5 de abril de 1859


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Nota Editorial:

Há uma tensão criadora entre o eu superior e o eu inferior,
isto é,  entre a intenção divina e as possibilidades terrestres.
Esta contradição, inevitável, produz os numerosos testes
e provações que todo aprendiz enfrenta no  caminho do
autoconhecimento. Por isso Helena P. Blavatsky escreveu:

“O paradoxo parece ser a linguagem natural do
Ocultismo. Mais do que isso, ele parece penetrar
profundamente no coração das coisas, e assim parece
ser inseparável de qualquer tentativa de colocar em
palavras a verdade, a realidade que está na base
das aparências externas da vida.” [1]

No poema a seguir, Augusto de Lima investiga esta luta
entre os extremos e a necessidade de Equilíbrio enquanto se
percorre o caminho estreito e íngreme que leva à sabedoria eterna.

(Carlos Cardoso Aveline)

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O Paradoxo

Quem pôde jamais dizer-me
com certeza donde vim,
se sou simplesmente um verme,
ou se Deus está em mim?

Mistério! a vida eu a sinto
como um fluido incandescente
nas veias; porém não minto
dizendo que a acho excelente...
Mata-me o tédio do mundo
e nisto encontro prazer
Como Hamlet meditabundo,
agito o “ser e não ser”.

Sou uma antítese viva,
talvez um sonho do caos,
extrato que Javé ou Shiva
fez dos gênios bons e maus.

Contrastes me não surpreendem:
fascina-me o Bem; o Mal
tem atrações que me prendem
dentro de um fosso fatal.

A metafísica nunca
fez coisas tão encontradas:
sou rico, e habito a espelunca,
choro, dando gargalhadas.

Às vezes, até duvido
se sou, e me palpo então,
e no vivo peito ardido
sinto da Morte a canção.

É que ardem no paraíso
infernos, engana o amor,
o lábio mente e o sorriso
é uma paródia da dor.


NOTA:

[1] “O Grande Paradoxo”, texto de HPB publicado pela primeira vez em 1887. Traduzido dos “Collected Writings” de Helena P. Blavatsky, TPH, India/USA, volume VIII, pp. 125-129.  Título original: “The Great Paradox”. O artigo pode ser encontrado em nossos websites associados.   

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O poema acima foi reproduzido do volume “Poesias”, Augusto de Lima, Editora H. Garnier, Rio de Janeiro / Paris, 1909, 300 pp., ver pp. 64-65. A ortografia foi atualizada.

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Para conhecer a teosofia original desde o ângulo da vivência direta, leia o livro “Três Caminhos Para a Paz Interior”, de Carlos Cardoso Aveline.


Com 19 capítulos e 191 páginas, a obra foi publicada em 2002 pela Editora Teosófica de Brasília.   

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