Contrastes e Provações no Caminho da Sabedoria
Augusto de Lima
Augusto de Lima nasceu dia 5
de abril de 1859
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Nota Editorial:
Há uma tensão criadora entre o eu superior
e o eu inferior,
isto é,
entre a intenção divina e as possibilidades terrestres.
Esta contradição, inevitável, produz os numerosos
testes
e provações que todo aprendiz enfrenta no caminho do
autoconhecimento. Por isso Helena P. Blavatsky
escreveu:
“O paradoxo parece ser a linguagem natural
do
Ocultismo. Mais do que isso, ele parece
penetrar
profundamente no coração das coisas, e
assim parece
ser inseparável de qualquer tentativa de
colocar em
palavras a verdade, a realidade que está na
base
das aparências externas da vida.” [1]
No poema a seguir, Augusto de Lima
investiga esta luta
entre os extremos e a necessidade de Equilíbrio
enquanto se
percorre o caminho estreito e íngreme que
leva à sabedoria eterna.
(Carlos Cardoso Aveline)
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O Paradoxo
Quem pôde jamais dizer-me
com certeza donde
vim,
se sou
simplesmente um verme,
ou se Deus está em
mim?
Mistério! a vida
eu a sinto
como um fluido
incandescente
nas veias; porém
não minto
dizendo que a acho
excelente...
Mata-me o tédio do
mundo
e nisto encontro
prazer
Como Hamlet
meditabundo,
agito o “ser e não
ser”.
Sou uma antítese
viva,
talvez um sonho do
caos,
extrato que Javé
ou Shiva
fez dos gênios
bons e maus.
Contrastes me não
surpreendem:
fascina-me o Bem;
o Mal
tem atrações que
me prendem
dentro de um fosso
fatal.
A metafísica nunca
fez coisas tão
encontradas:
sou rico, e habito
a espelunca,
choro, dando
gargalhadas.
Às vezes, até
duvido
se sou, e me palpo
então,
e no vivo peito
ardido
sinto da Morte a
canção.
É que ardem no
paraíso
infernos, engana o
amor,
o lábio mente e o
sorriso
é uma paródia da
dor.
NOTA:
[1] “O
Grande Paradoxo”, texto de HPB publicado
pela primeira vez em 1887. Traduzido dos “Collected Writings” de Helena P. Blavatsky, TPH, India/USA,
volume VIII, pp. 125-129. Título original: “The Great Paradox”. O
artigo pode ser encontrado em nossos websites associados.
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O poema
acima foi reproduzido do volume “Poesias”, Augusto de Lima, Editora H. Garnier,
Rio de Janeiro / Paris, 1909, 300 pp., ver pp. 64-65. A ortografia foi
atualizada.
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Para conhecer a teosofia original desde o
ângulo da vivência direta, leia o livro “Três
Caminhos Para a Paz Interior”, de Carlos Cardoso Aveline.
Com 19 capítulos e 191 páginas, a obra foi
publicada em 2002 pela Editora Teosófica de Brasília.
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