Educar É Tornar Possível a Cada Ser Humano a
Percepção da Luz e da Força Que Há Nele Mesmo
Regina Maria Pimentel de Caux
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O texto a seguir foi publicado
inicialmente na edição de
setembro de 2012 de “O Teosofista”
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Carlos Cardoso Aveline afirma que “quando percebe de fato
que a vida física é apenas uma hospedagem passageira, o indivíduo passa a
cuidar daquilo que é efetivamente seu, isto é,
a sua responsabilidade perante seu próprio eu superior, o seu “pai
espiritual”, ao qual terá que prestar
contas ao final da encarnação.[1]
Esta ideia merece ser examinada. É essencial despertar
para as vivências não-exteriores, que ocorrem em camadas de consciência ainda
ignoradas ou até mesmo rejeitadas por nós. Desta interioridade vem o saber
verdadeiro, que manifesta o poder e a força invencíveis.
À medida que as sementes da teosofia são plantadas,
percebemos dia a dia novos progressos dentro e fora de nós.
Podemos observar o sentimento de tédio e vazio
existencial nos adolescentes e jovens. A escola muitas vezes existe fora dos
contextos da vida, do ser. Desestimulante, afasta os alunos de seus ideais mais
profundos e dos valores humanos. Isso provoca efeitos desastrosos em nossa
civilização.
Os jovens precisam de encorajamento, e devem ser tocados
com afeição e compaixão. Precisam ser aceitos e reconhecidos em sua dignidade,
independentemente do resultado dos estudos e de sua origem sócio-econômica.
Deve-se valorizar seu esforço, a perseverança em seu processo de
desenvolvimento, e mesmo os pequenos avanços.
Cabe-nos examinar até que ponto assumimos no plano
educacional compromissos que são coerentes com nossa jornada pelo caminho da sabedoria.
O caminho da sabedoria está disponível, e é preciso conhecer a sua existência.
É possível abrir as portas para percebê-lo, trilhá-lo e vivenciá-lo. Se
queremos realmente progredir, cabe optar pelo estudo assíduo, com perseverança
e sinceridade. É recomendável abolir de nossa existência tudo que contradiz a
verdade.
Enquanto prosseguimos com este trabalho, como podem os
educadores dar apoio para que os alunos tenham autoconfiança e determinação?
Como podem incentivar a autonomia e os seus talentos? Como contribuir para o
estado de concentração, harmonia e cooperação entre os alunos, ao invés de
repetir as meras formas externas?
Educar é tornar possível a cada ser a percepção da luz e
da força existentes nele mesmo. É aprender a intensificar a existência, e
dar-lhe sentido.
Carlos Aveline escreveu, referindo-se a Paulo Freire:
“Pensador socrático, ele apoiou sua pedagogia sobre o
diálogo. As bases do seu pensamento estão na Grécia antiga. Grande erudito, ele
vai além dos livros. Ele ensina que devemos recriar a cada momento o nosso
conhecimento da realidade, em um processo aberto de diálogo e investigação, em
que não devem faltar nem a coragem nem a humildade.” [2]
E Leonardo Boff, um dos principais criadores da Teologia
da Libertação, afirmou:
“A importância de Paulo Freire foi de ter mostrado que o
oprimido jamais é somente um oprimido. É também um criador de cultura e um
sujeito histórico, que, quando conscientizado e organizado, pode transformar a
sociedade. (...) O processo de libertação implica fundamentalmente uma
pedagogia. A libertação se dá no processo de afastamento do opressor que
carregamos dentro e na constituição da pessoa livre e libertada, capaz de
relações geradoras de participação e de solidariedade. (...)” [3]
Em seu livro “A Chave Para a Teosofia”, Helena P.
Blavatsky apresenta a seguinte proposta para a educação:
“Reduziríamos o trabalho puramente mecânico da memória a
um mínimo absoluto e dedicaríamos todo o tempo ao desenvolvimento e treinamento
dos sentidos internos, das faculdades e das capacidades latentes. Nós nos
empenharíamos em lidar com cada criança como uma unidade, educando-a de modo a
produzir o desabrochar mais harmonioso e equilibrado de seus poderes, para que
suas aptidões especiais se desenvolvam natural e plenamente. Deveríamos ter
como objetivo a criação de homens e mulheres livres - livres intelectualmente, livres moralmente, sem
preconceitos de qualquer natureza e, acima de tudo, não egoístas. E acreditamos
que muito, se não tudo isso, poderia ser conseguido através de uma educação apropriada e verdadeiramente teosófica.”
[4]
Um sistema muda quando as pessoas dentro do sistema
mudam. Que espaço melhor para começar o trabalho do que o espaço compartilhado
com as novas gerações?
NOTAS:
[1] “Os Limites da Infância”, artigo que pode ser localizado
em nossos websites associados.
[2] “Conversas na Biblioteca, Um Diálogo de 25 Séculos”,
Carlos Cardoso Aveline, Editora Edifurb, SC, p. 156.
[3] Citado em “Conversas na Biblioteca”, na mesma página 156
mencionada na nota anterior.
[4] “A Chave Para a Teosofia”, H. P. Blavatsky, Editora
Teosófica, pp. 232-233.
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A educadora mineira Regina
Maria Pimentel de Caux é licenciada em Pedagogia, e tem
Pós-graduação em Processo Ensino-Aprendizagem e Psicopedagogia.
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Para conhecer a teosofia original desde o ângulo da
vivência direta, leia o livro “Três
Caminhos Para a Paz Interior”, de Carlos Cardoso Aveline.
Com 19 capítulos e 191 páginas, a obra foi publicada em
2002 pela Editora Teosófica de Brasília.
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