Algumas Árvores Estimulam o
Tipo Certo de Silêncio Meditativo
Carlos Cardoso Aveline
É possível ser amigo de outros seres, além dos seres
humanos. O universo é uma comunidade viva. Constitui uma fraternidade infinita
de seres biológicos e não-biológicos.
Os pitagóricos ensinam sobre a “amizade
universal” que nos une a estrelas e astros no céu. Francisco de Assis
chamava de irmãos o sol, a lua, o vento, a terra, a água e o fogo. Olavo
Bilac defendia a tese de que é possível ouvir as estrelas. E o mesmo ocorre com
os animais, as pedras, e os vegetais.
Podemos sentir amizade por esta
ou aquela árvore. Motivos não faltam. Pode ser porque ela nos dá sombra,
ou porque comemos seus frutos. Talvez seja porque ela abriga pássaros
que cantam ou porque embeleza a paisagem.
Ocorre com frequência alguém ter uma
amizade pessoal consciente com toda uma espécie de árvores. Os eucaliptos são
um exemplo. Um bosque destas árvores provoca o tipo certo de silêncio
meditativo e liberta de pressa a alma do observador.
O eucalipto acompanha desde
a infância a vida de muitos cidadãos, uma geração após a outra. O diálogo do
vento com suas folhas pode ser observado por todo o mundo. Considerado um vilão
ecológico por alguns - devido a não ser nativo e absorver muita umidade do solo
- o eucalipto deve ser plantado de preferência evitando-se a monocultura.
Seu crescimento rápido fixa o carbono em forma de vida e combate o excesso de
dióxido de carbono na atmosfera, preservando o equilíbrio planetário.
O eucalipto tem poderes de cura e
influências sutis benéficas que nem sempre são percebidas. Em seu livro “O País
das Montanhas Azuis”, Helena Blavatsky descreveu uma paisagem na Índia que
considerava encantadora, definindo o eucalipto como um purificador do ar físico
e da atmosfera sutil:
“…Hoje o pé [da] colina está rodeado por tríplice cerco de bosquezinhos de
eucaliptos. Esses bosquezinhos devem sua existência aos primeiros plantadores
europeus. Aquele que não conhece o admirável Eucalyptus globulus, originário da
Austrália, cujo crescimento é mais vigoroso em três ou quatro anos que o de
qualquer outra árvore em vinte anos, ignora o essencial encantamento dos
jardins. Sendo um incomparável meio para purificar o ar de todos os miasmas,
tais bosques tornam ainda mais saudável o clima de Nilguiri. Todos os indígenas
que se aturdem com as carícias demasiado monótonas e ardentes da natureza hindu
e também os representantes da Europa na presidência de Madras só têm uma
impaciência: a de buscar a saúde e o repouso no seio desta Natureza, nas
Montanhas Azuis; e estas nunca enganam. Ao sintetizar como um imenso ramo todos
os climas, todas as flores, a zoologia e a ornitologia das cinco partes do
mundo, o gênio dessas montanhas oferece seus tesouros, o nome de sua rainha, ao
viajante fatigado…”. [1]
Nativo da Austrália, o eucalipto foi
introduzido na Europa e nas Américas no século 19. É uma das árvores mais altas
que se conhece, e constitui remédio tradicional dos aborígenes australianos. As
suas folhas têm propriedades expectorantes, balsâmicas, antissépticas e
broncodilatadoras. O eucalipto é indicado para a cura das vias respiratórias e
combate a febre. É útil para os diabéticos, porque reduz a presença de glucose
no sangue. [2]
No plano das emoções, a
influência desta árvore tende a libertar a mente humana de pensamentos
negativos e abre espaço para uma atitude construtiva de amor à vida.
Ao nível do espírito, estimula um
silêncio em que surge a percepção da unidade mística com o todo. O uso do seu óleo
essencial ajuda a tornar mais pura e elevada a atmosfera em que respiramos.
NOTAS:
[1] “O País
das Montanhas Azuis”, de H.P. Blavatsky, Thot Livraria e Editora Esotérica,
Brasília, 1989, 136 pp., p. 36.
[2] “Plantas
que Curam”, Enciclopédia das Plantas Medicinais, PlanetaDeAgostini, impresso em
Barcelona, Espanha, edição em português, dois volumes, ver volume um, pp.
304-305. Outra referência é “O Guia Completo das Plantas Medicinais”, de
Penélope Ody, edição em português da Livraria Civilização Editora, Porto,
Portugal, 240 pp., ver p. 60. A indicação sobre a utilidade do eucalipto para
diabéticos está na obra “Remédios Naturais”, Círculo de Leitores, Portugal, 376
pp., 2008, p. 98.
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Leia em
nossos websites associados os textos “A
Magia das Árvores” e “Os Aromas
Espirituais”, de Carlos Cardoso Aveline.
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