A Teosofia Permite Alcançar Uma
Compreensão Mais Ampla da Existência
Aleixo Alves de Souza
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Reproduzido da revista “O Teosofista”,
Rio de Janeiro, janeiro-fevereiro de 1938,
pp. 9-10. A ortografia foi atualizada.
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“Teme o exemplo de
outrem e age por ti mesmo”, disse o grande filósofo da antiguidade, Pitágoras.
Para
o estudante de Teosofia dificilmente poderá haver conceito mais justificado e
isto pela seguinte razão: O Teosofista não obedece a um molde de vida
preestabelecido, não se acomoda a um padrão rígido de conduta e procura sempre
ser tão original quanto possível em seu próprio pensamento e ação.
É
preciso, porém, não confundir o original
com o esdrúxulo. A cultura do
exotismo seria tão aberrante das boas normas de conduta teosófica como a
obediência cega ao preconceito, à tradição absurda, ou às ideias de outrem
servilmente copiadas.
Por
isso não nos deve preocupar a ideia de sermos originais. A originalidade brota
espontaneamente de uma apreciação exata e sincera da vida e de um raciocínio
equilibrado e são. É verdade que nem sempre esta apreciação e raciocínio se
coadunam com a opinião das maiorias: é, porém, nesse caso, que se torna
indispensável romper com os hábitos, as tradições ou as opiniões feitas, e isto
de modo valente, denodadamente, não pelo desejo de ser original, de ser
diferente dos outros e sim pela determinação de seguir a todo o custo o rumo
que nos pareça acertado.
Ser
diferente dos demais nem sempre representa uma vantagem. Ser diferente para
melhor, vale a pena. Entretanto, há tanta gente que se esforça por ser
diferente só pelo desejo de ser diferente…
Originalidade
para o melhor, para o mais nobre, para o mais proveitoso, representa
compreensão. E se a originalidade na conduta não for o resultado de uma
compreensão mais perfeita, cai-se no exotismo, quando não no ridículo.
A
vida tem sempre formas novas para nos revelar. Descobri-las é o trabalho importante;
adaptar a conduta a elas, é mera consequência.
“Temer
o exemplo de outrem” é não copiar a conduta alheia. Porque copiar a conduta
alheia é alienar o entendimento próprio das coisas. E quem aliena o
entendimento próprio pensa de segunda
mão.
A
Teosofia, na realidade, deve-nos fazer pensar de primeira mão. As premissas teosóficas não devem servir senão de
referência para tirarmos as nossas conclusões sobre a vida.
Podem
ser erradas essas conclusões; mas, se o forem, corrigi-las-emos e teremos,
assim, entrado em comunhão mais perfeita com a existência que representa
sabedoria e conhecimento próprio.
Um dos grandes méritos da Teosofia consiste em despertar-nos para o entendimento direto da existência, chamar-nos a atenção para o fato de que na maior parte dos casos os aspectos que a vida nos oferece são ilusórios e, que por detrás deles está a realidade subjacente que é preciso descobrir.
A
culpa disso não é da vida; não é ela que nos quer iludir, somos nós que criamos
falsos valores ao apreciá-la. Porém, mesmo criando valores falsos, estaremos
evoluindo, pois o nosso pensamento virá a ser corrigido por nós quando
houvermos descoberto os retos valores.
A
vida está, para nós, cheia de aparências: o sol parece girar ao redor da Terra
quando é o contrário que se dá. O espaço infinito parece-nos uma abóbada e não
o é; os astros parecem-nos pequenas lâmpadas e não o são. Assim, também a morte
parece-nos a extinção e por isso agimos na vida apegando-nos às coisas
transitórias como se tivéssemos de viver eternamente neste mundo físico, etc., etc. Tudo isso são falsos valores criados pela nossa mente e que precisam ser
retificados.
-
Como?
É
a mente quem os corrige. E no preparo da mente para esse trabalho de correção,
ressalta o mérito dos ensinamentos teosóficos.
A
teosofia não salva ninguém. A
salvação não é coisa tão fácil e tão cômoda assim. Fornece, porém, ao indivíduo
os materiais para que ele próprio se
salve pois é esse o plano da Vida, sem o qual o esforço próprio resultaria estéril.
A
“salvação” (não entendais mal esta palavra) é como atravessar um rio
caudaloso. A Teosofia não nos toma em seus braços para atravessar conosco ao
colo esse rio, mesmo porque isso nos tiraria o mérito e o treino preciosos que
resultam de atravessar o rio. O que ela faz é adestrar-nos, fornecer-nos indicações
para a travessia. Até mesmo, se o quisermos, oferece-nos um par de remos e
possivelmente um barco, porém nós é que temos de entrar no barco e remar, para
que a travessia se faça.
Sobre
este particular conta-se uma passagem bastante formosa da vida de Gautama Buddha. Diz-se que certa vez Ele fora procurado por uns brâmanes que o
interrogaram acerca do valor da prece como meio de atingir a iluminação ou
Nirvana.
Conta-se que Ele os levou à beira de um rio e perguntou: “Acreditais que, tendo de atravessar este rio, se ajoelhardes aqui nesta margem e implorardes à outra margem que venha até vós, ela virá?”
“-
Não, por certo” - responderam imediatamente os brâmanes.
“-
Pois o mesmo se dá em relação ao Nirvana; enchei o mundo de pensamentos puros,
de atos nobres e perfeitos se quereis atravessar o rio e atingir o Nirvana.”
Foi
como se dissesse: “Fazei força e nadai”!
Já
não é pouco que a Teosofia nos forneça os elementos para uma compreensão mais
exata e perfeita da existência. Se soubermos aproveitar esses elementos até o
máximo do que eles têm para nos dar, a tarefa da Teosofia estará cumprida e o nosso
objetivo preenchido.
Aleixo Alves de Souza
Rio
de Janeiro, em janeiro de 1938.
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O teosofista
Aleixo Alves de Souza foi presidente da Sociedade Teosófica (de Adyar) no
Brasil. Sobre a história do movimento teosófico neste país, veja os artigos “Breve Histórico da Teosofia no Brasil”,
“Origem do Movimento Teosófico no Brasil”,
“Besant Anuncia Que é Mahatma”, “Bispo Católico Visita Plantações em Marte”,
“A Teosofia no Brasil”, e “Leadbeater Diz Que Matou Brasileiros”.
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Em 14 de setembro de 2016, depois de uma análise da
situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu
criar a Loja Independente de Teosofistas.
Duas das prioridades da LIT são tirar
lições práticas do passado e construir um futuro saudável.
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