O Caminho Para o Discipulado Depende de
Autoconhecimento, e Não de Obediência
Cega
Um Mahatma dos Himalaias

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Nota
Editorial:
Os trechos abaixo são reproduzidos
de “Cartas dos Mahatmas”, volume II,
Editora Teosófica, Brasília. Os números
das Cartas e das páginas estão indicados
entre parênteses ao final de cada
citação.
Os leitores devem lembrar
que a palavra “chela” significa
discípulo, e “chelado”, discipulado.
(Carlos Cardoso Aveline)
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*
Ah, por
quanto tempo irão os mistérios do chelado vencer e desviar do caminho da
verdade tanto os sábios e perspicazes quanto os tolos e crédulos! Como são
poucos, entre os muitos peregrinos que têm de começar viagem sem mapa nem
bússola pelo Oceano sem praias do Ocultismo, aqueles que alcançam a terra
desejada! (Carta 134, p. 299)
*
Acredite-me, fiel amigo, nada, exceto
uma completa confiança em nós, em nossas boas intenções se não em nossa
sabedoria, em nossa antevisão, se não onisciência - algo que não é possível
encontrar nesta terra - pode ajudar alguém a avançar desde a sua terra de
sonhos e ficção até a nossa terra da Verdade, a região da rigorosa realidade e
dos fatos. De outro modo, o oceano comprovará de fato não ter praias; as suas
ondas levarão a pessoa não mais por águas de esperança, mas transformarão cada
pequena onda em dúvida e suspeita; e elas serão amargas para quem começa a
viajar por aquele mar sombrio e agitado do Desconhecido tendo uma mente
preconceituosa! (Carta 134, p. 299)
*
A massa de pecados e fragilidades humanos se distribui ao longo de toda a vida
de um homem que se contenta com seguir sendo um mortal médio. Ela é reunida e
concentrada, digamos assim, dentro de um período da vida de um chela - o
período de provação. Aquilo que está em geral acumulando-se para encontrar a
sua expressão legítima apenas no próximo renascimento de um homem comum é
acelerado e estimulado para que surja no chela - especialmente no candidato presunçoso
e egoísta que avança apressado sem ter calculado suas forças. (Carta 134, pp.
300-301)
*
Se quiser aprender e adquirir Conhecimento Oculto, você tem, meu amigo, de
lembrar que este ensinamento abre na corrente do chelado muitos canais
imprevistos, diante de cuja força mesmo um chela “leigo” deve necessariamente
ceder, ou encalhará nos bancos de areia; e sabendo disso, você deve abster-se
para sempre de julgar apenas pelas aparências. O gelo foi quebrado mais uma
vez. Tire proveito disso, se puder. (Carta 134, p. 303)
*
Que resmungos, que críticas sobre [o
ensinamento a respeito do] Devachan
[1] e assuntos semelhantes, por seu
caráter incompleto e suas muitas aparentes contradições! Oh, tolos cegos! Eles
esquecem - ou nunca souberam - que aquele que possui as chaves dos segredos da Morte é possuidor das chaves da Vida. (Carta 136, p. 315)
*
Por que é que dúvidas e suspeitas sórdidas parecem atacar cada aspirante ao
chelado? Meu amigo, nas Lojas Maçônicas dos tempos antigos, o neófito era
submetido a uma série de testes espantosos, em que estavam em jogo a sua
constância, sua coragem e sua presença de espírito. Através de impressões
psicológicas provocadas por máquinas e substâncias químicas, ele era levado a
acreditar que estava caindo em precipícios, que seria esmagado por rochas, que
caminhava através de pontes de teia de aranha no meio do ar, que atravessava
fogo, que se afogava na água e era atacado por animais selvagens. Esta era uma
reminiscência e um programa tomado por empréstimo dos Mistérios Egípcios. Como
o Ocidente havia perdido os segredos do Oriente, ele tinha, digamos, que fazer
uso de um artifício. Mas nos dias atuais a vulgarização da ciência tornou
obsoletos estes testes triviais. (Carta 136, p. 316)
*
O aspirante é agora atacado inteiramente no lado psicológico da sua natureza. O
processo de testes - na Europa e na Índia - é o da Raja Ioga, e o seu resultado
é, como tem sido explicado frequentemente, o desenvolvimento de todos os
germes, bons e maus, que há nele e em seu temperamento. A regra é inflexível, e
ninguém escapa, quer ele apenas escreva uma carta para nós, ou formule, na
privacidade do seu próprio coração, um forte desejo de comunicação e
conhecimento ocultos. Assim como a chuva não pode fazer frutificar a rocha,
tampouco o ensinamento oculto surte efeito sobre a mente que não é receptiva; e
assim como a água aumenta o calor da cal cáustica, também o ensinamento coloca
em impetuosa ação todas as insuspeitadas potencialidades latentes no aspirante.
(Carta 136, p. 316)
* Poucos europeus resistiram a este teste. Suspeitas, seguidas de uma
convicção autoconstruída de fraude, parecem ter se transformado na ordem do
dia. Eu digo a você que, com muito poucas exceções, nós fracassamos
na Europa. (Carta
136, p. 316)
* Cada passo dado por alguém em nossa direção nos
forçará a dar outro passo em direção a ele. Mas não é indo a Ladakh [2] que alguém nos encontrará (…). (Carta
136, p. 317)
*
Tenha cuidado, portanto, com um estado de espírito impiedoso, porque ele
surgirá como um lobo faminto em seu caminho e devorará as melhores qualidades
da sua natureza, que estão despertando para a vida. Amplie as suas simpatias,
em vez de limitá-las; tente identificar-se com seus companheiros, em vez de
diminuir seu círculo de afinidades. (Carta
131, p. 291)
NOTAS:
[1] Esta
afirmação axiomática possui um valor decisivo para quem deseja entender a
filosofia esotérica. Sobre o assunto do Devachan e de todo o processo entre
duas encarnações terrestres, veja em nossos websites associados
os artigos “O Processo Entre Duas Vidas”, “Vida, Morte e Iluminação”, “A Teosofia e a Reencarnação” e “A Lei da
Vida Imortal”. (CCA)
[2] Pequena cidade
na fronteira da Índia com o Tibete, que fazia parte do trajeto de viagens
regulares do Mahatma K.H. (Nota da edição brasileira das Cartas dos Mahatmas)
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O texto
acima foi publicado em nossos websites associados dia 05 de janeiro de 2019.
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Em 14 de setembro de 2016, um grupo de
estudantes decidiu criar a Loja
Independente de Teosofistas. Duas das prioridades da LIT são tirar lições práticas do passado e construir um
futuro saudável.
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