A Chave do Progresso Está em
Ouvir o Silêncio e Escutar a Alma
Carlos Cardoso Aveline
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A vida
tem suas marés. A base da felicidade durável está na força interior com que
enfrentamos os momentos difíceis. E as vitórias duram mais quando são acolhidas
com gratidão e humildade.
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A renúncia, ou a arte de aceitar as perdas, não é algo que se deva aprender uma
ou duas vezes ao longo da vida, de modo agradavelmente abstrato. A lição
precisa ser aprendida centenas de vezes, de maneira com frequência inesperada e
dolorosa.
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Não basta fazer um esforço para caminhar na direção certa: nossas ações devem
ser eficientes. Há uma correlação mútua entre a árvore e o fruto. Os passos do
peregrino bem informado são guiados por uma visão acertada dos fatos.
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Existe um equilíbrio invisível entre terra e céu. Quanto mais alguém obtém,
mais terá de fazer renúncias. Não há a possibilidade de conseguir algo,
especialmente no plano espiritual, sem deixar de lado alguma outra coisa, de
peso simétrico ao peso daquilo que se obtém.
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A relação consciente e subconsciente do indivíduo com o passado ajuda a definir
o modo como ele se relaciona com as circunstâncias atuais. E também decide a
maneira como ele está preparando neste momento o seu próprio futuro, enquanto
influencia o futuro de outros.
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O estudante não deve deixar para outrem aquilo que ele próprio pode fazer. A
moderação e o equilíbrio são necessários em tudo. O amor inclui a severidade, a
amizade necessita franqueza, e o diálogo depende da capacidade de escutar,
tanto quanto da capacidade de falar.
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Autorrenovação requer perseverança. A mente aberta ajuda o peregrino, mas a
dispersão mental não estimula uma verdadeira mudança. A real inovação requer um
foco profundo: criatividade resulta de esforço e concentração. A confiança no
futuro deve estar associada a um respeito pelo passado e à capacidade de
aprender com ele.
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Há uma sensação de paz que surge da simplicidade do coração. Uma mente aberta
resulta de perceber a unidade da vida. Um forte intelecto necessita pureza de
emoções. A verdadeira bênção pode ser recebida por aqueles cujas almas são
leves como a alma de uma criança.
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O diálogo honesto torna desnecessário o pesadelo das guerras. As mais diversas
nações, culturas ou maneiras de pensar aprenderão umas com as outras durante o
diálogo e o debate livres e de longo prazo. Tanto cultural como espiritualmente,
o contraste é enriquecedor. Os melhores remédios para a ignorância e a
hipocrisia são a franqueza, a sinceridade e a tolerância em relação aos
paradoxos entre visões diferentes.
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A necessidade é nossa professora. O desapego é uma bênção. Se por exemplo a
vida se torna mais rápida a cada dia, há uma lição prática a aprender do fato.
Revisando sua agenda e abrindo mão de itens de importância secundária, o
estudante de filosofia preserva o bem-estar interior.
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A paz da alma constitui o verdadeiro centro da Vida. Melhorar a qualidade da
agenda e mantê-la organizada em torno de pontos essenciais aumenta a eficiência
de grupos altruístas e de indivíduos sensatos.
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Apego a opiniões pessoais é um obstáculo à busca da verdade. Outro problema,
talvez ainda mais sério, é a falta de apego a princípios éticos. A chave do
progresso está em ouvir o silêncio e escutar a alma.
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Nosso principal chefe e suprema autoridade deve ser a voz da consciência. É
obedecendo a ela que a verdade pode ser descoberta, e isso ocorrerá por
camadas, e de modo cada vez mais profundamente renovador.
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Enquanto o desapego for vivido como uma renúncia dolorida a isso ou aquilo, as
tentativas de desenvolvê-lo estarão limitadas em seu horizonte e o progresso
será relativamente superficial.
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O verdadeiro desapego surge como um alívio. Resulta de um tipo de Silêncio que
é interior e incondicional. O apego gera barulho, enquanto a pura compreensão e
a ausência de sons mentais produzem liberdade. A música pitagórica da Ação
Correta tem como fonte e alicerce um nível sagrado de Silêncio.
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Uma cadeia de causas interdependentes conduz o estudante à percepção da verdade
universal. Os nidanas do caminho
espiritual podem ser vistos de várias maneiras. Vejamos por exemplo uma delas:
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O ponto de vista correto aprofunda a eficácia da nossa atenção; o tipo correto
de atenção produz uma capacidade de compreender; a correta compreensão nos leva
a uma liberdade em relação a dependências; transcender a dependência expande a
afinidade com a sabedoria; e a afinidade com a sabedoria garante um ponto de
vista cada vez mais correto diante da vida.
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A paz da consciência se expande pouco a pouco como resultado de uma intenção
continuamente correta, de ações acertadas e independência em relação a
circunstâncias.
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A ação adequada e o propósito altruísta têm de desafiar e são desafiados por
círculos crescentes de ignorância e carma negativo. A bênção é principalmente
interna. O significado evolutivo de enfrentar desafios renovados está no fato
de que deste modo alcançamos sempre novos níveis de conhecimento espiritual.
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Uma contínua aceleração do carma e da vida não é necessariamente um bom
presságio. O excesso de ansiedade não abre caminho para o bem-estar. A vida é
lenta nos seus processos construtivos. Aquilo que é feito sem pressa irá durar,
se for correto. A percepção do sagrado produz calma. A compreensão da eternidade
liberta o indivíduo do desejo pessoal. Os fatos citados acima correspondem à
Lei: cabe examinar se a nossa civilização pode agir à altura.
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A Vida é sempre uma combinação de ciclos diferentes. Os seres humanos existem
em numerosas linhas entrelaçadas de carma e tempo, e elas com frequência entram
em choque entre si. O estudante de filosofia esotérica aprende a planejar e
desenvolver ações que têm efeitos harmoniosos nas dimensões superiores e
duradouras do carma. Estas ações não obedecem à rotina cega do espaço
superficial e do tempo de curto prazo.
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A ação de planejar faz parte da vida. O planejamento elevado resulta de um
conhecimento superior do tempo e do espaço. Existe um Plano de Evolução: o
Universo não se movimenta por acaso.
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O peregrino bem informado vai além da mera obediência a formas externas de
disciplina. Uma prática diária é indispensável para que ele sintonize com a
sabedoria. Mas o esforço deve ser vivo e criativo, e não uma repetição
congelada de ações cegas. A prática diária se desenvolve de modo intenso e
natural quando o indivíduo tem uma clara noção de dever em relação à
humanidade; e também em relação aos seres mais sábios que zelam pelo futuro
humano.
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Uma contagem regressiva avança. Tal como foi anunciado por Helena Blavatsky no
século 19, a humanidade está desenvolvendo rapidamente novas habilidades
mentais. No entanto, a consciência do processo é escassa. A quantidade de
telepatia espontânea entre as pessoas se expande. O uso consciente do poder do
pensamento se espalha com rapidez. Surgem os tipos inferiores de intuição.
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Os cidadãos estão ficando cada vez mais sensíveis ao mundo astral, e sua visão
de mundo ainda é materialista e egocêntrica. Talvez o egocentrismo esteja
crescendo. Essa pode ser uma receita para o desastre, a menos que a Ética surja
como um fator curativo e as almas despertem para a necessidade de plantar com
paciência o que desejam colher mais tarde. Nisso, o que faz a diferença é a
prática diária de cada cidadão.
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Assim como os outros corpos celestes do nosso sistema solar, Saturno é um
planeta espiritualmente vivo. O seu centro de consciência é visto como um
Mestre do Tempo e do Carma, um instrutor sagrado que ensina autodisciplina e
autorresponsabilidade.
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O estudo atento da influência oculta e astrológica deste corpo celeste pode
levar-nos a adotar um lema pessoal de duas frases. A primeira é “tudo o que é correto eu faço, dentro das
minhas possibilidades”. A segunda é “tudo
o que eu faço é correto, dentro do que posso”. A primeira frase aponta para o nosso dever em relação à alma
espiritual. A segunda, para o autorrespeito. O respeito por si mesmo capacita o
estudante para que consiga cumprir seu dever. O conhecimento das nossas
limitações é fundamental para que possamos ter uma visão realista da vida.
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Ler não é um fato meramente físico, formal ou “lógico”. Trata-se potencialmente
de um processo que se desdobra ao mesmo tempo em sete níveis de consciência. Ao
ler livros de grandes sábios, o estudante pode entrar em diálogo, tanto quanto
sua alma estiver habilitada para isso, com os padrões vibratórios da Sabedoria
Universal.
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A sintonia com o aspecto transcendente de obras que transmitem conhecimento eterno
frequentemente ocorre durante o silêncio que há entre uma ideia e outra. Neste
silêncio, a compreensão produz a unidade entre o observador e a verdade
observada.
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Existe também um silêncio que acontece o tempo todo acima da sucessão lógica da leitura. Este nível mais elevado e
ininterrupto de silêncio pode fazer
parte do campo de percepções autoconscientes do aprendiz, e é especialmente
eficaz no processo de entrada em sintonia ou ressonância.
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O artigo acima foi publicado como texto
independente em 25 de fevereiro de 2019. Uma versão inicial e anônima dele está
incluída na edição de dezembro de 2015 de “O
Teosofista”.
Embora o título “Ideias ao Longo do
Caminho” corresponda ao título em língua inglesa “Thoughts Along the
Road”, do mesmo autor, não há uma identidade exata entre os conteúdos das
duas coletâneas de pensamentos.
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