6 de maio de 2015

Autoanálise e Autoconhecimento

A Diferença Entre Dois
Aspectos do Caminho Teosófico

Carlos Cardoso Aveline




Escrevendo sobre o autoconhecimento do ponto de vista da filosofia esotérica, Helena P. Blavatsky escreveu:

“Este tipo de autoconhecimento é inatingível pelo que as pessoas normalmente chamam de ‘autoanálise’. Ele não pode ser alcançado pelo raciocínio ou por qualquer processo cerebral, porque ele é o despertar consciente da natureza divina do homem.” [1]

Para compreender melhor o ponto levantado por HPB, cabe examinar a diferença entre o que ela chama de autoanálise e a observação diária que devemos fazer ao longo do caminho do autoconhecimento, conforme recomendam a tradição pitagórica e a proposta teosófica.  

A “autoanálise”, no contexto do artigo escrito por HPB, pode ser definida como “a análise que o eu inferior comprometido com o caminho do autoconhecimento faz a respeito de suas próprias ações, suas emoções, e seus pensamentos”. Este esforço é útil e prepara o eu inferior para que ele se liberte dos assuntos inferiores. A prática faz parte da disciplina diária de muitos aprendizes da sabedoria esotérica de todos os tempos. Ao mesmo tempo, sabemos que “análise” é o oposto de “síntese”; e que o conhecimento espiritual depende da nossa capacidade de sintetizar e ver o conjunto. O olhar filosófico enxerga prioritariamente o todo, e secundariamente discute o detalhe.

O verdadeiro autoconhecimento ocorre na medida em que, estando relativamente resolvidas e deixadas de lado as suas questões pessoais, o eu inferior finalmente esquece de si e se volta para o todo universal.

Deste modo ele se identifica com a Lei Una. O processo está descrito, entre outros textos, em “Diagrama de Meditação”, de H. P. Blavatsky. O autoconhecimento não é fácil de obter e só pode ser alcançado gradualmente.   

Quando o eu inferior olha para o mundo terrestre desde o ponto de vista terrestre, está quase sempre desejando que algo ocorra e desejando que algo não ocorra.

Quando o eu inferior olha para o mundo terrestre do ponto de vista do mundo espiritual, ou quando olha para o mundo espiritual sem egoísmo, ele já não torce nem distorce. Já não olha para os fatos do ponto de vista das suas expectativas pessoais, e nem tem motivos para isso. Ele se identifica com a Realidade e atua sem medo ou cobiça em relação a resultados de curto prazo. Ele encontra a paz porque amplia o contato com a sua própria essência, e sua essência compreende o tempo eterno e o espaço infinito.  

NOTA:

[1] Veja o texto “Para Alcançar o Autoconhecimento”, de Helena P. Blavatsky, que está disponível em nossos websites associados. 

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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.


Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.

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