26 de junho de 2016

Mundo Interior

A Percepção do Espaço Infinito

Augusto de Lima

Augusto de Lima nasceu em 5 de abril de 1859


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Nota Editorial:

Este é um dos poemas que revelam  
claramente a presença da teosofia e da filosofia
esotérica na obra do poeta mineiro Augusto de
Lima. Entre outros pontos de interesse, ele discute
o despertar dos sentidos internos da consciência e
aborda a relação entre as sete notas musicais e as sete
cores, tema amplamente discutido por Helena Blavatsky
e abordado por ele mesmo em outro poema, intitulado
 “Correspondência”.  Na última parte da poesia, fica clara a
menção à música das esferas da tradição pitagórica e teosófica. 

(Carlos Cardoso Aveline)

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Quem me vê meditabundo
E de olhos fechados, brada:
“Eis uma alma encarcerada,
indiferente a este mundo.”

Mal sabe a turba inexperta
que, por mais que se retraia
da nossa matéria a raia,
mais a razão se liberta.

Pois, da abstração da Utopia
surge não raro um compasso;
é um sonho infinito o espaço,
mas real a Astronomia.

Se sondo, investigo, estudo,
buscando a ciência que almejo,
fito os astros, - nada vejo,
cerro os olhos, - vejo tudo.

Nas horas em que medito,
(quão breves são estas horas!)
em minha alma abrem-se auroras
com portas para o infinito.

Neste mundo de esplendores,
com os sentidos devoro
o acorde, prisma sonoro,
o prisma, acorde das cores.

E para que mais me encante,
O pensamento divino
torna-me o olfato mais fino
e a vista mais penetrante.

Quanto à minha alma, entretém-na
a harmonia eternamente;
porque o silêncio inclemente
só na matéria é que reina.
 
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O poema acima foi reproduzido do volume “Poesias”, Augusto de Lima, Editora H. Garnier, Rio de Janeiro / Paris, 1909, 300 pp., ver pp. 155-156. A ortografia foi atualizada.

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Para conhecer um diálogo documentado com a sabedoria de grandes pensadores dos últimos 2500 anos, leia o livro “Conversas na Biblioteca”, de Carlos Cardoso Aveline.


Com 28 capítulos e 170 páginas, a obra foi publicada em 2007 pela editora da Universidade de Blumenau, Edifurb.  

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