A Lua Cheia de Maio Entre as
Montanhas
Augusto de Lima
000000000000000000000000000000000000000000000000
Nota Editorial:
O primeiro verso do poema a
seguir menciona a lua cheia de
maio nas montanhas de Minas Gerais. Montanhas são um antigo
símbolo da elevação espiritual e
do contato com o céu. Para as
mais diferentes tradições e
culturas, os deuses habitam as
montanhas sagradas. Alguns
grandes sábios vivem de fato no alto de
cordilheiras nevadas, como nos
Himalaias; e as montanhas andinas
são fonte de inspiração para a
tradição mística da Bolívia e do Peru.
Por outro lado, o plenilúnio de
maio é uma data à qual os
teosofistas atribuem importância
sagrada. Os budistas
comemoram o nascimento e a
iluminação de Gautama Buddha
na lua cheia de maio. Do ponto de
vista esotérico, o plenilúnio de
maio reaviva sob o comando do Sol
o contato entre a Terra e as
Plêiades, fontes de inspiração
espiritual da nossa humanidade.
Em “A Serenata”, assim como em seu poema
“Correspondência” [1], Augusto
de Lima menciona
a relação de identidade que há entre as escalas de
som, de luz e de aroma . A
equivalência entre estas três
escalas de vibração constitui um
tema central em teosofia
clássica, conforme se vê na obra
de Helena P. Blavatsky. [2]
(Carlos Cardoso Aveline)
000000000000000000000000000000000000000000000000000000
A
Serenata
À D.
Olga de Suckow
Plenilúnio de Maio em montanhas de
Minas!
Canta,
ao longe, uma flauta e um violoncelo chora.
Perfuma-se
o luar nas flores das campinas,
sutiliza-se
o aroma em languidez sonora.
Ao doce
encantamento azul das cavatinas [3],
nestas
noites de luz mais belas que a aurora,
as
errantes visões das almas peregrinas
vão
voando a cantar pela amplidão afora...
E chora
o violoncelo e a flauta, ao longe, canta.
Das
montanhas, cantando, a névoa se levanta,
banhada
de luar, de sonhos, de harmonia.
Com o
profano rumor, porém, desponta o dia,
e na
última porção da névoa transparente
a flauta
e o violoncelo expiram lentamente.
NOTAS:
[1] Disponível em nossos websites
associados.
[2] Veja, por exemplo, o artigo “Occult or Exact Science?”,
em “Theosophical Articles”, H.P. Blavatsky, edição em três volumes, Theosophy
Co., Los Angeles, volume II, pp. 46-74, especialmente pp. 46-58. Vale a pena
ver também “The Secret Doctrine”, H.P.B., Theosophy Co., volume I, pp. 564-565,
sobre Som, Átomos e Éter; e ainda o artigo “As Vibrações Ocultas”, de William
Q. Judge, que pode ser encontrado em nossos websites associados.
[3] A cavatina é uma pequena melodia
ou cantiga, sem segunda parte ou repetição. Ela é frequentemente instrumental e pode ser intercalada com a recitação de
algo.
000
O poema acima é reproduzido do volume “Poesias”, de Augusto de Lima, Editora H.
Garnier, Rio de Janeiro / Paris, 1909, 300 pp., ver p. 185. A ortografia foi
atualizada.
000
Para conhecer um diálogo
documentado com a sabedoria de grandes pensadores dos últimos 2500 anos, leia o
livro “Conversas na Biblioteca”, de
Carlos Cardoso Aveline.
Com 28 capítulos e 170 páginas, a
obra foi publicada em 2007 pela editora da Universidade de Blumenau,
Edifurb.
000