21 de maio de 2017

Ideias ao Longo do Caminho - 06

 Humildade é Fonte de Paz, e a
Autodisciplina Permite a Vitória

Carlos Cardoso Aveline

A cada passo adiante, aumenta a necessidade de vigilância



* Boa vitória é aquela que não derrota ninguém.

* Simplicidade e austeridade abrem caminho para o contentamento duradouro.

* A tarefa mais decisiva na busca do conhecimento é a de aprender a aprender. [1]

* Um sentimento de paz interior expande a confiança na vida e nos capacita a vencer melhor os desafios de cada dia.

* Para que o nascer do sol ocorra em determinado lugar, é preciso que o sol se ponha em algum outro local. A prática da renúncia torna a vitória possível.

* O desejo e o medo intensos criam conflito. Uma vontade forte causa menos barulho, porque vem junto com a coragem do desapego, e com um amor pela verdade.

* A força real de qualquer escola de pensamento teosófico ou filosófico depende da Ética que surge no coração das pessoas, à medida que elas estudam a sua literatura.

* A acumulação de bom carma deve ser feita sem pressa: a ansiedade contaminaria a substância do carma acumulado. Metas elevadas são necessariamente distantes: o alívio de curto prazo vem por si mesmo quando chega a hora certa.

* Cada nova geração de estudantes é chamada a identificar uma quantidade de significados ainda não vistos nos clássicos da literatura teosófica. A sabedoria eterna é com frequência surpreendente e pode provocar grandes mudanças de modo súbito.

* A mente é um instrumento, e não um mestre. A voz do coração e a vontade de fazer o bem estão acima da nossa mente. Um intelecto disciplinado é uma fonte de bênçãos, se o coração continuar sendo universal.

* Desinformados são aqueles que negam o passado para viver o “agora”. Não há separação entre o ontem e o hoje. A eternidade vive no instante presente. Ao longo das eras, a felicidade permanece sempre nova.

* Agora, o ponto exato em que estamos na linha de tempo, é o momento certo para focar a mente na ideia de fazer o melhor que podemos, de modo autorresponsável, planejadamente.

* A cada passo adiante, aumenta a necessidade de vigilância. O progresso pode fazer com que se expandam as possibilidades de autoilusão, a menos que seja recebido com desapego e humildade.

* A humildade é fonte de paz. A autodisciplina permite a vitória. O autoesquecimento com responsabilidade produz a bênção de um contato ampliado com a alma espiritual.

* A lei do universo pode ser encontrada em nosso próprio ser. Teosofia é a sabedoria divina, e o único modo eficaz de chegar a ela é ampliando o contato com nosso eu superior ou alma espiritual.

* As desarmonias entre as religiões e os conflitos interculturais estão na fonte dos problemas sociológicos e econômicos que a humanidade precisa resolver nos próximos anos e décadas. Isso deverá ser feito olhando os erros de frente e corrigindo-os. Os ensinamentos originais da teosofia oferecem a chave para a tarefa: as suas versões falsificadas são piores que inúteis.

* Antes de obter uma mente pura, é necessário ter a coragem de deixar de lado as fraudes devocionais, as mentiras piedosas e outras formas de crença cega. Algumas destas fraudes religiosas podem ser intelectualmente sofisticadas. Isso não faz diferença. Os hipócritas não têm chance de ser discípulos da verdadeira sabedoria.

* Para alcançar o autoesquecimento é necessário compreender todos os movimentos do universo inteiro do egoísmo, ver a insignificância deles, cansar do tédio que eles provocam, e dedicar a atividade do coração ao que é eterno.

* Não é possível dizer “Sim” para a verdade, a menos que se diga “Não” para o seu oposto. A voz da consciência mostra ao peregrino qual é o caminho correto, e que caminho deve ser abandonado.

* Se nossas metas são corretas, o propósito dos obstáculos é fortalecer a vontade, estimular o discernimento e expandir a capacidade de usar corretamente a energia vital.

* Use o sentido crítico. Veja com nitidez e aprenda com os fatores irritantes da vida, mas não dê a eles uma atenção que eles não merecem. O portal é interno. Concentre a mente e o coração no que é bom, belo e verdadeiro. Construa o que você deseja ver construído: o ponto ótimo da vida está dentro de você.

* Nossos bons hábitos nos protegem. Por outro lado, os erros repetitivos são ameaças e muitas vezes permanecem ocultos. Eles devem ser identificados e cuidadosamente substituídos por ações corretas. Para isso, será necessário desapego.

* Ao começar o dia, o seu eu inferior está “em branco” e renascendo. Não o deixe à deriva. Dê a ele uma direção. Registre com força no início desta nova página da vida a firme decisão de manter uma atitude responsável e criativa, um nível razoável de autocontrole, e uma amizade básica por todos os seres.

* Cada ciclo de 24 horas é uma aula que a Vida oferece. O ser humano demonstra ter bom discernimento quando não esquece disso. Todo indivíduo sábio é grato e aproveita as oportunidades que o rodeiam para melhorar a si próprio.

* Encontre a paz dentro de si e verá a harmonia universal guiando invisivelmente todos os seres no caminho do bem, mesmo enquanto sofrem, vivem conflitos e são derrotados. Avalie em seguida se não é uma boa ideia tomar providências práticas para reduzir a ignorância no mundo, começando pela sua própria.

* Para cada grau de conhecimento existe um nível correspondente de responsabilidade. O saber real é usado para eliminar as causas do sofrimento. Portanto, procurar a verdade é o mesmo que procurar pelo dever. [2] O ser humano alcança verdadeiro conhecimento quando aprende a cumprir os seus deveres mais elevados, porque em última instância o conhecimento e o dever crescem juntos e jamais se separam um do outro.

* Há ideias que parecem óbvias, no entanto são fáceis de esquecer e requerem uma força de vontade suprema para serem colocadas em prática. Uma delas é que a verdadeira autoestima é inseparável de um sentimento de boa vontade para com todos. Tal boa vontade deve ser complementada por um discernimento severo e um realismo prudente.

* Acordando dos sonhos de curto prazo e dos horizontes estreitos do eu inferior, podemos ver a realidade desde uma perspectiva mais elevada. Depois de fazer isso uma vez, o ponto de vista médio muda por inteiro. Ao olharmos de novo para a agenda do eu inferior, nós a reconhecemos como uma ferramenta valiosa em uma vasta missão cujos horizontes são virtualmente ilimitados.

* Não há dois momentos iguais, e podemos definir o sentido e substância deles. Cabe ao aprendiz da sabedoria eterna criar a cor e o significado de cada minuto da sua vida.

* Há um tempo para avançar, e outro para recuar. Um tempo para obter e outro para renunciar. Há ocasiões em que cabe permanecer imóvel, vigilante. O guerreiro da verdade mantém contato com o silêncio do seu coração e está pronto para as mais diversas situações. Está apto para o movimento e o repouso, a estabilidade e a transmutação. É irmão do relâmpago e da bem-aventurança. Convive intimamente com o que é visível, e nunca se separa do insondável.

* O aprendiz da sabedoria eterna diz para si mesmo: “Om, Shanti. O que eu penso deve estar em harmonia com o que digo, sinto e faço. Pensamentos, ações, sentimentos, palavras e intenções devem ser coerentes entre si, ainda que esta coerência seja humana e imperfeita. Sempre posso melhorar: devo ser tolerante com os outros. É meu dever irradiar a eles, incondicionalmente, a boa vontade que gostaria que tivessem em relação a mim. Om. Shanti. Om.”

NOTAS:

[1] Veja em nossos websites associados o texto “Aprendendo a Aprender”.

[2] Veja os artigos “A Autocrítica de Helena Blavatsky” e “Os Poderes Latentes da Consciência”, de Carlos Cardoso Aveline. Ambos estão disponíveis em nossos websites.

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Uma versão inicial dos pensamentos acima foi publicada de modo anônimo na edição de fevereiro de 2015 de “O Teosofista”.

Embora o título “Ideias ao Longo do Caminho” corresponda ao título em língua inglesa “Thoughts Along the Road”, do mesmo autor, não há uma identidade exata entre os conteúdos das duas coletâneas de pensamentos.

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