Os Princípios Naturais da
Moral Levam à Felicidade
Barão de Holbach

Barão de Holbach
Nota Editorial:
Não se deve a uma casualidade o fato de que o filósofo francês Paul-Henry
Thiry, barão de Holbach, é mencionado duas vezes e sua obra é fortemente
elogiada num dos volumes mais importantes da literatura esotérica de todos os
tempos, as “Cartas dos Mahatmas”.
Holbach (1723-1789) cumpriu um papel central no Iluminismo,
que renovou os horizontes humanos na segunda metade do século dezoito. Era na sua
casa que se reuniam para trocar ideias alguns dos pensadores mais importantes
daqueles tempos, entre eles Voltaire, Rousseau e Diderot.
É verdade que, devido à influência das igrejas
dogmáticas, a obra escrita de Holbach caiu num equivocado esquecimento.
Publicados anonimamente em sua época e distribuídos em
segredo para evitar a implacável perseguição do clero, os livros escritos por
este grande pensador contêm lições decisivas para a humanidade do século 21.
Traduzimos o texto a seguir da obra “Système Social ou
Principes naturels de la Morale”. [1]
(Carlos Cardoso Aveline)
NOTA:
[1] “Système Social ou Principes
naturels de la Morale et de la Politique,
avec um Examen de l’influence du Gouvernement sur les Moeurs”. A obra
está incluída no volume “Oeuvres
Philosophiques, 1773-1790”, Paul-Henry Thiry D’Holbach, Éditions Coda, França, 2004, 204 pp., ver pp.
39-44, capítulo VI, “Principes naturels
de la Morale”.
000
O Real Interesse do Ser Humano
Barão de Holbach
A moral adequada para o homem deve ter como base a natureza do homem. Ela
deve ensinar-lhe sobre o que ele é, sobre a meta que ele se propõe a alcançar e
os meios de chegar a ela. Respice finem, “observa a tua meta”, eis o
resumo de toda moral.
O homem é um ser sensível, inteligente, racional. Ser
sensível significa que a sua natureza, sua conformação e sua organização são
capazes de experimentar prazer e sentir dor, e que por sua própria essência ele
é forçado a buscar um e fugir da outra. Um ser inteligente é aquele que se
propõe chegar a uma meta e que é capaz de adotar os meios adequados para
alcançá-la. Um ser racional é aquele que usa a experiência adquirida para
escolher os meios mais seguros de chegar ao fim que se propõe.
A felicidade é apenas o prazer continuado. Não podemos
duvidar de que os homens a buscam em todos os instantes da sua existência. Disso
se conclui que a felicidade mais conveniente para o ser humano é a mais
durável, a mais sólida. A moral deve, portanto, encorajá-lo nesta busca e não
interrompê-la. A moral existe para indicar ao homem a felicidade ou o prazer
mais durável, mais real, mais verdadeiro, e para mostrar a ele que ele deve
preferir este prazer, e não aquele que é passageiro, aparente e enganoso.
Para sentir a felicidade, é necessário existir; assim, o
homem, por sua própria natureza, deve tratar de se preservar e evitar tudo o
que pode causar dano à sua existência ou torná-la dolorosa. Disso resulta que o
homem deve optar apenas por aqueles prazeres que não deterioram de modo algum o
seu ser, seja de imediato, seja por seus efeitos mais distantes.
Para garantir seu bem-estar e experimentar a felicidade,
o homem vive em sociedade com outros seres humanos que têm os mesmos desejos e
as mesmas aversões que ele. A moral lhe mostrará, pois, que para que ele
próprio seja feliz, ele é obrigado a trabalhar pela felicidade daqueles de quem
ele necessita para sua felicidade. A moral provará a ele que, de todos os
seres, o mais necessário ao homem é o seu semelhante.
Desejar a felicidade é amar aquilo que se harmoniza com o
nosso ser; aquilo que pode preservá-lo, e que pode tornar nossa existência
feliz. Assim, por sua própria natureza o homem não só deve amar a si mesmo, mas
também deve amar a todos aqueles que podem contribuir para a sua felicidade.
Disso se conclui que, em seu próprio interesse, o homem deve amar os outros
seres humanos, porque eles são necessários ao seu bem-estar, à sua
sobrevivência, a seus prazeres.
Amar os outros é amar os meios da nossa própria
felicidade, é desejar a sua preservação, o seu bem-estar, porque vemos que o nosso
bem-estar depende disso. É confundir os nossos interesses com os interesses
daqueles que se relacionam conosco, a fim de trabalhar para o bem comum. [1]
Tais são os princípios simples e claros da moral. Nós não
nos enganamos quando baseamos a ciência moral na nossa sensibilidade física,
nos desejos pelos quais somos constantemente animados, no amor que cada um de
nós sente continuamente por si mesmo, e em nossos verdadeiros interesses. O
interesse é o desejo estimulado pelo objeto sobre o qual cada homem projeta o
seu bem-estar. Este interesse é natural e razoável quando nos vinculamos a
objetos realmente úteis a nós. Ele é muito legítimo e não pode ser criticado
quando não prejudica o interesse dos outros, e é bastante louvável quando está
em harmonia com a felicidade daqueles que se relacionam conosco, ou quando
contribui para a felicidade deles.
A moral deve ter como objetivo apenas fazer com que os
homens conheçam os seus verdadeiros interesses. A virtude é simplesmente a
utilidade dos homens reunidos em sociedade.
Para dar à virtude motivações reais, para torná-la
apreciada entre os homens, é necessário ligá-la à sua própria utilidade; é
necessário torná-la agradável e não representá-la de modo algum como austera,
como inimiga da felicidade, como um sacrifício doloroso dos seus interesses
mais valiosos. Se a virtude é um sacrifício, ela é um sacrifício no qual se
imolam os prazeres frívolos e passageiros, para alcançar uma felicidade
durável.
Que não se diga mais, portanto, para levar os homens à
virtude, que ela consiste em combater a Natureza, em resistir aos seus desejos,
em ser infeliz aqui em baixo para agradar a poderes invisíveis que se supõe que
sejam inimigos da felicidade dos habitantes da Terra. Que não se aconselhe aos
homens odiar a si próprios, detestar o prazer, renunciar à sociedade. Mesmo sem
pretender tornar a virtude algo digno de amor, que ninguém se esforce por
pintá-la sob os aspectos mais odiosos. Que se diga antes aos homens que eles
devem amar a si mesmos verdadeiramente, e buscar todos os meios de garantir o
seu bem-estar, de viver com equilíbrio os prazeres mais naturais, vendo como
maus prazeres todos aqueles que têm consequências desagradáveis, seja para eles
mesmos, seja para os outros. Que se apresente como motivos para isso a sua
própria preservação, e a preferência que um bem-estar durável deve ter sobre um
bem-estar de um momento. Que seja demonstrado aos seres humanos o interesse
contínuo que eles têm de agradar aos seus semelhantes, cuja estima, afeição e
ajuda são necessários à sua própria felicidade. Que seja mostrada aos homens a
conduta mais adequada para que eles mereçam o afeto dos seres sensíveis que os
rodeiam:
“É necessário ensinar ao homem a maneira como ele deve se
amar e ser útil a si mesmo; ele tem a loucura de duvidar de que ele se ama e de
que busca a sua própria utilidade.” [2]
Para tornar tal moral eficaz e para levar os seres
humanos a que façam o bem, a educação, a opinião pública, o governo e as leis
devem convidá-los a que se afastem de tudo o que pode afetar a felicidade
pública. Sob pretexto de esclarecer os homens sobre os seus deveres, que não se
criem deveres imaginários sobre a base de relações entre eles e seres sobre os
quais eles não têm a menor ideia. Enfim, ao invés de prender o homem a uma
total ignorância a respeito do que ele é, da meta que ele deve buscar e dos
meios de alcançá-la, que lhe sejam mostrados os seus interesses, e que seja
cultivada a sua razão. A razão só é um guia perigoso quando os homens se
recusam a desenvolvê-la.
É apenas a sua própria felicidade que o homem pode levar
em conta em todas as suas ações, seus pensamentos, seus desejos, suas paixões. É
apenas a si mesmo que ele pode amar nos objetos que ele ama, é apenas por si
mesmo que ele pode ter afeto através do afeto por outros seres da sua espécie. Na
medida em que ele consultar uma razão esclarecida, ele avançará com passo
seguro na direção do bem-estar a que se propõe. A partir do momento que o vemos
prejudicar a si mesmo, devemos concluir que ele se engana, que sua imaginação o
afasta do caminho correto, que sua razão está perturbada ou ainda não foi
cultivada, que ele é arrastado por paixões cegas.
O homem não pode jamais se separar de si mesmo, em
qualquer instante de sua vida. Ele não pode se perder de vista. Tudo o que ele
tenta, tudo o que ele empreende, tudo o que ele faz, tem como objetivo obter
algum bem ou evitar algum mal. Quando ele prefere o mal ao bem, é porque ele
pensa que o mal é um bem. Quando ele deixa de lado um prazer que poderia obter,
é porque tem em vista um prazer que ele considera maior, mais durável, ou uma
felicidade distante que ele se promete alcançar através das privações ou mesmo
através de alguns momentos de dor. A prudência não é mais que o interesse
esclarecido pela previsão.
É a si mesmo que o homem chora quando ele derrama
lágrimas amargas sobre o caixão de uma esposa, de um filho ou de um amigo
necessários à sua felicidade. Não é pelos restos mortais frios e insensíveis
que ocorrem os nossos lamentos e o nosso pesar; é pelas coisas boas, pelos
prazeres, pelas coisas doces de que nos vemos privados; é o sentimento cruel
dessa privação que leva às vezes o homem sensível a visitar uma tumba.
“O eu é detestável”, segundo Pascal. Devemos concordar
com a frase, sem reservas, se o eu só sabe fazer ações que o desagradam.
Mas o eu é natural quando encontra satisfação sem fazer mal a ninguém,
ele é digno de consideração quando se contenta em fazer aquilo que é útil ou
agradável aos outros. Se o homem que não ama exceto a si mesmo é um inimigo
comum, o homem que ama os outros buscando atrair o amor deles é um amigo do
gênero humano. A inclinação exclusiva para nós mesmos é insensata porque nos
impede de ver que temos necessidade dos outros para o nosso próprio bem-estar; ela
é detestável, porque fecha nossos olhos para a felicidade daqueles para quem
somos obrigados a ser úteis.
A palavra interesse é um sinônimo de injustiça, de
corrupção, de malícia e de mesquinharia num avaro, num visitador de palácios,
num tirano. No homem de bem, interesse significa justiça, boas ações,
grandeza de alma, desejo de merecer a estima dos outros, ou desejo de estar bem
consigo mesmo. “O homem honesto”, diz Aristóteles, “é necessariamente amigo de
si mesmo; ao fazer aquilo que é louvável, ele obtém um ganho, ao mesmo tempo
que se torna útil aos outros.” [3]
Sem verem o homem tal como ele é, os moralistas
entusiasmados nos dizem que não há nem mérito nem virtude naquilo que nós
fazemos por nós mesmos ou tendo em vista o nosso interesse pessoal. Eles
pretendem dizer que a existência de interesse é suficiente para anular as ações
mais louváveis. Mas quem usa esta linguagem demonstra não ter conhecimento
algum do ser humano, nem daquilo que constitui o mérito e a virtude. O mérito
está naquilo que nos torna úteis para os nossos semelhantes e que nos faz ser apreciados
por eles. A virtude é a disposição de fazer o que é necessário à felicidade dos
outros, tendo em vista a nossa própria felicidade. Portanto, a ideia de felicidade
não pode jamais se separar de nós mesmos.
Em geral o interesse de um homem é o que ele julga
necessário à sua própria felicidade. No caso do homem apaixonado, o interesse
é agradar à sua amada, cuja posse lhe parece ser a maior das felicidades, e por
essa meta ele está, portanto, disposto a sacrificar qualquer coisa. Para um
avaro, o interesse está no dinheiro que ele vê como o bem mais
importante do mundo. Para o ambicioso, o interesse é a posse de poder, o
que lhe parece o ponto mais alto da felicidade. O interesse de um amigo
é desfrutar da amizade, na qual ele vê a maior das felicidades. Para o homem de
bem, o interesse é merecer [4]
o afeto e a estima dos seus semelhantes. É em função deste objetivo que ele
está acostumado a ver o seu bem-estar, que depende da estima merecida por ele
mesmo, e que ele julga ser muito necessária à sua felicidade. Unir o interesse
ao dever - nisso está a grande arte da moral e da legislação. O interesse só se
torna um mal no momento em que ele é separado do dever.
Por causa da força do seu temperamento, da vivacidade da
sua imaginação, da energia das suas paixões, cada um busca o que é do seu
interesse, com um vigor maior ou menor. Disso surge o entusiasmo que nos leva
aos maiores sacrifícios para obter ou para preservar os objetos nos quais
colocamos o nosso bem-estar. É assim que um pai arrisca sua vida para defender
um filho, um amigo é devotado a seu amigo, um cidadão tem devoção pela sua
pátria, um fanático pela sua religião, um homem apaixonado pela sua amada. Os
homens sempre aprovam os sacrifícios feitos pelos objetos que são úteis a eles
próprios. Eles desprezam e consideram uma loucura os sacrifícios feitos por
objetos que lhes parecem indignos dos esforços empregados, seja para obtê-los,
seja para preservá-los. Nós aprovamos todo ser que tem o mesmo interesse que
nós; e reprovamos aquele que se sacrifica por um interesse que consideramos
desprezível.
Cada indivíduo tem o seu interesse, cada povo constrói
ideias sobre o que é útil, e elas com frequência são completamente falsas.
Deste modo, não é o interesse pessoal e passageiro de um indivíduo, de um
príncipe, de uma nação, que deve servir como medida para a avaliação que
fazemos sobre a conduta dos homens; é o interesse permanente do ser humano, e a
utilidade constante da sociedade, da espécie humana, que devem dar forma às
nossas ideias. Não há vício, não há loucura, nem mesmo um crime, que não tenham
interesse momentâneo para aqueles que os cometem; mas a experiência nos mostra
cedo ou tarde que ao invés de obter um bem-estar real, tais indivíduos
conseguem com frequência apenas males sem fim.
Há, portanto, para todo ser humano, dois tipos de
interesses. Um interesse é iluminado, isto é, tem como base a experiência, é
aprovado pela razão. O outro é um interesse cego que só leva em conta o momento
presente, que é condenado pela razão e cujas consequências são funestas para
aquele que o segue.
Estas diferenças devem ser suficientes, como resposta
para quem afirma que o interesse é uma motivação abjeta, que todo o mundo o
desaprova e que cada um é obrigado a escondê-lo. O interesse só é desprezível
quando ele se propõe objetivos desprezíveis, ou quando ele nos leva a fazer
ações desprezíveis. Ele é grande, nobre, sublime, quando tem por objetivo metas
realmente úteis para a sociedade, e neste caso ele é a mesma coisa que virtude.
Um interesse sórdido guia o avaro que, frequentemente,
através de trabalho intenso, de sacrifício, de privações infinitas, e por vias
injustas e nocivas aos outros, reúne tesouros dos quais ele não faz uso algum,
nem para a sua própria felicidade, nem para a felicidade dos outros. O
interesse é uma virtude no caso do homem de bem, na medida em que, através de
meios honestos, ele obtém riquezas que, para contentar à sua própria alma
benfeitora, ele distribui entre os que sofrem.
Enfim, a palavra interesse só é vista geralmente
como algo cujo significado é condenável porque poucas pessoas conhecem os motivos
que deveriam levá-las a fazer o bem; e porque tudo parece levar as pessoas a
pensarem que para serem felizes devem pensar somente em si mesmas. Como
resultado deste preconceito que a maior parte das instituições humanas parece
estimular nos seres humanos, cada um imagina que o seu interesse exige que ele
contribua o menos possível para o bem comum; que tudo o que ele faz pelos
outros fica perdido para si mesmo; que ele só deve contribuir muito pouco à
massa do povo, e buscar beneficiar-se ao máximo. Esta é a verdadeira fonte da
confusão e da desordem que vemos reinar nas sociedades, em que cada um parece
viver apenas para si, sem nenhum constrangimento por não fazer coisa alguma
pelos que o rodeiam. A moral deve mostrar a cada homem que aquilo que ele faz
pelos outros não é jamais perdido para si próprio, e que ele sempre sai
ganhando com os sacrifícios que faz pelos seus semelhantes.
A virtude, dizem, é um sacrifício penoso. Mas a
razão é suficiente para torná-la agradável, porque a razão nos mostra o nosso
maior interesse, aquele que nos convida a sacrificar os interesses menores. Ao
seguir estes conselhos nós apenas atribuímos às coisas os seus valores reais. Recusar-se
a sacrificar um interesse passageiro, ou particular, em benefício de um interesse
geral, e durável, é ignorar completamente o valor das coisas; é pretender
adquirir algo sem gastar dinheiro. A justiça é a sustentação da vida social, e
é tão necessária quanto ela à nossa própria felicidade. No entanto, essa
justiça é às vezes bastante contrária aos nossos interesses pessoais e
momentâneos. Ao sacrificar estes interesses frívolos em função da justiça, nós
adquirimos a segurança e o direito de ser protegidos, de ser apreciados,
estimados e considerados, sem o quê a sociedade não poderia ter qualquer
atrativo para nós.
Todo homem que vive em sociedade leva consigo em todos os
momentos a sua balança: ele expressa necessariamente o seu afeto ou o seu ódio
em relação ao bem ou ao mal que é levado a experimentar pelos objetos e pelos
seres que agem sobre ele. A razão, que tem como base a experiência do passado,
permite a ele pressentir o futuro. Cada ação na vida social serve para a sua
instrução e lhe dá fatos cujo conjunto serve para regular o sistema da sua
própria conduta. Ele sabe tirar proveito de tudo para seu interesse ou sua
felicidade, que é o ponto central para o qual os seus pensamentos, seus
desejos, suas emoções, suas ações e suas faculdades retornam sem cessar.
Quando o homem não tem certeza sobre os efeitos das suas
ações sobre ele próprio e sobre os outros no curto ou no longo prazo, ele
permanece em suspenso, ele avalia, ele quer e não quer. Finalmente ele decide,
mas sempre deseja necessariamente optar pelo que é mais vantajoso para a sua
felicidade e para o seu principal interesse. Quando baseia o seu julgamento
sobre experiências verdadeiras, ele faz uma avaliação correta, seguindo a
razão, e decide fazer o bem. Mas se é carregado por paixões cegas ou por
preconceitos, ele já não sabe julgar. Então faz o mal, e por contragolpe ele
próprio sentirá os efeitos da sua conduta impensada.
Amar a si mesmo com exclusão de todos os seres que nos
rodeiam, e que tudo faz com que sejam necessários à nossa própria felicidade, é
o mesmo que odiar a si mesmo; é ignorar o seu real interesse. Será possível,
portanto, que o homem alcance a felicidade sozinho?
Na medida em que vive com outros seres humanos, ele não
tem uma necessidade contínua da sua afeição, da sua ajuda, dos seus
esclarecimentos, dos seus conselhos, dos seus talentos?
Amar a sua mulher, os seus filhos, os seus parentes, seus
amigos, seus cocidadãos, sua pátria, não é o mesmo que amar a si próprio?
Os homens mais poderosos e os mais perversos têm
necessidade dos outros e são forçados a unir-se a outros homens para levar
adiante os seus projetos.
Até mesmo os ladrões, os assaltantes e os tiranos são forçados
a cumprir certos deveres. Eles sentem que são forçados a cumpri-los, pelo menos
diante daqueles cuja ajuda, eles sabem, é necessária para os seus objetivos
perversos.
NOTAS:
[1] Em um memorando dirigido aos seus
alunos, Helena P. Blavatsky escreveu no final dos anos 1880 que é impossível um
ser humano beneficiar de fato os outros, sem ser beneficiado por isso; e que é
igualmente impossível beneficiar realmente a si mesmo, sem que isso seja
benéfico para os outros. (CCA)
[2] Sêneca. (Nota do Barão de
Holbach)
[3] “Ética a Nicômaco”, Livro IX,
capítulo 8. (Nota do Barão de Holbach)
[4] Em seu artigo “Chelas e Chelas
Leigos”, H. P. Blavatsky escreveu: “Antes de desejar, faça por merecer”. A
ideia é um axioma central em filosofia esotérica. O artigo de H. P. B. está
disponível em nossos websites associados. (CCA)
000