Seis Trechos das
Cartas dos
Mahatmas, Para
Refletir e Meditar
Carlos Cardoso Aveline (Ed.)
Carlos Cardoso Aveline (Ed.)
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Nota
Editorial:
O texto a seguir foi publicado pela
primeira vez na edição de novembro de 2011
de “O
Teosofista”. Ele reúne trechos selecionados
da coletânea “Cartas dos Mahatmas Para A.
P. Sinnett”
(Editora Teosófica, 2001, dois volumes).
Ao final de
cada citação, indicamos entre parênteses o
número do
volume e o número da página em que estão
as palavras
citadas. Acrescentamos subtítulos, entre
colchetes, antes
de cada fragmento. Atualizamos a
ortografia.
(CCA)
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[1. Sinceridade é a
Base do Sentimento de Confiança.]
...
Não esqueça as palavras que já lhe escrevi (veja minha última carta) sobre aqueles que se dedicam às Ciências Ocultas;
que aquele que o faz “deve alcançar a meta ou perecer. Uma vez começado o Caminho para o grande Conhecimento,
duvidar é correr o risco de perder a razão; parar é cair; retroceder é cair
para trás, de cabeça para baixo, num abismo.” Nada tema - se você é sincero, e
o é - agora. Você tem a mesma
segurança em relação ao futuro? (I,
99-100)
[2. O Caminho dos
Iniciados Leva à Unidade com o Universo.]
Até
que a libertação final o reabsorva, o Ego
[1] tem que ser consciente das simpatias mais puras despertadas pelos
efeitos estéticos da arte elevada, e sua sensibilidade deve responder ao
chamado dos vínculos humanos mais
nobres e santos. Naturalmente, à medida que ocorrer o progresso em direção à
libertação, isto será mais difícil, até que, para coroar tudo, o conjunto dos
sentimentos humanos e puramente individuais - laços de sangue e amizade,
patriotismo e predileção racial - cederá seu lugar para um sentimento
universal, o único que é verdadeiro e santo, o único altruísta e Eterno: amor,
um amor imenso pela humanidade como um Todo!
Pois é a “Humanidade” que é a grande Órfã, a única deserdada desta Terra, meu
amigo. E cada homem capaz de um impulso altruísta tem o dever de fazer alguma
coisa, mesmo que pouco, pelo bem-estar dela. Pobre humanidade! Ela me recorda a
velha fábula da guerra entre o corpo e os seus membros; aqui também, cada
membro desta enorme “órfã” - sem pai nem mãe - só se preocupa egoisticamente
consigo mesmo. O corpo abandonado sofre eternamente, quer os seus membros
estejam em paz ou em guerra. (I, 101)
[3. Trabalho
Teosófico Desafia Ignorância Coletiva.]
O que eu quis dizer com “esforço desesperado” [2] foi que, quando se considera a magnitude da tarefa a ser
empreendida pelos nossos trabalhadores teosóficos, e especialmente as múltiplas
forças já reunidas e que ainda se reunirão contra ela, bem podemos compará-la a
um daqueles esforços desesperados contra condições esmagadoramente adversas que
um verdadeiro soldado se orgulha de tentar. Você fez bem em ver o “grande
propósito” no tímido começo da S. T.[3]
Naturalmente, se tivéssemos decidido
fundá-la e dirigi-la em propria persona [4], é muito provável que ela tivesse
tido mais êxito e não tivessem sido cometidos tantos erros; mas não podíamos
fazê-lo, nem era esse o plano. Nossos dois representantes estão encarregados da
tarefa, e têm liberdade - como é o seu caso agora - de fazer o melhor que
puderem de acordo com as circunstâncias. E muito já foi feito. (I, 104-105)
[4. A Consciência Transcendente
de um Iniciado.]
Acredite, há um momento na vida de um adepto
em que todas as adversidades pelas quais passou são recompensadas mil vezes.
Para adquirir conhecimento adicional, ele já não tem que recorrer a processos
minuciosos e lentos de investigação e comparação de várias questões, mas lhe é
proporcionada uma visão instantânea e implícita de cada verdade básica. Tendo
transposto a etapa da filosofia que afirma que todas as verdades fundamentais
surgiram de um impulso cego (esta é a filosofia dos sensacionalistas ou
positivistas) e deixando muito para trás aquele outro tipo de pensadores - os
intelectualistas ou céticos, que sustentam que as verdades fundamentais derivam
somente do intelecto, e que nós mesmos somos a sua única causa originária - o
adepto vê, sente e vive na própria fonte de todas as verdades fundamentais - a
Essência Universal e Espiritual da Natureza, SHIVA, o Criador, o Destruidor e o
Regenerador. Assim como os espíritas atuais degradaram o “Espírito”, também os
hindus degradaram a Natureza com suas concepções antropomórficas a respeito
dela. Só a Natureza pode encarnar o Espírito da contemplação ilimitada. (I,
109-110)
[5. O Desgaste do
Eu Inferior de Helena Blavatsky em 1881.]
Nossa
pobre “Velha Senhora” está doente. Fígado, rins, cabeça, cérebro, pernas, cada
órgão e membro luta e estala os dedos diante dos esforços que ela faz para
ignorá-los. Um de nós terá que “consertá-la”, como diz o nosso valioso sr.
Olcott, ou ela passará mal. (I, 110)
[6. A Consciência de
Buddha e de Outros Espíritos Planetários.]
...
Não pode haver nenhum Espírito Planetário que não tenha sido outrora material,
ou o que você chama de humano. Quando o nosso grande Buda - o patrono de todos
os adeptos, o reformador e codificador do sistema oculto - atingiu o primeiro Nirvana na Terra, ele se tornou um
Espírito Planetário; isto é, o seu espírito podia ao mesmo tempo percorrer os
espaços interestelares em plena
consciência e continuar à vontade na Terra, em seu corpo original e
individual. Pois o Eu divino havia-se desembaraçado tão completamente da
matéria que podia criar por sua vontade um substituto interno para si,
deixando-o na sua forma humana durante dias, semanas, às vezes anos, sem que
essa mudança afetasse de modo algum o princípio vital nem a mente física do seu
corpo. Essa é a forma mais elevada de adeptado a que um homem pode aspirar em
nosso planeta. Mas é tão rara quanto os próprios Budas, e o último Khobilgan
que o atingiu foi Tsong-ka-pa de Kokonor (século XIV), o reformador do
Lamaísmo, tanto do esotérico como do vulgar. Muitos são aqueles “que abrem
caminho e saem da casca do ovo”; poucos os que, uma vez fora, são capazes de
exercer plenamente o seu Nirira namastaka,
quando estão inteiramente fora do corpo. A vida consciente em Espírito é tão difícil para algumas naturezas como é
nadar para alguns corpos. Embora a estrutura humana seja mais leve em sua massa
que a água, e toda pessoa tenha nascido com esta faculdade, são tão poucos os
que desenvolvem a arte de manter-se flutuando, que a morte por afogamento é um
dos acidentes mais freqüentes. Um Espírito Planetário deste tipo (semelhante ao
Buda) pode passar à vontade para outros corpos de matéria mais ou menos
eterealizada, e que habitam outras regiões do Universo. Há muitas ordens e
graus, mas não há uma ordem separada
e constituída eternamente de Espíritos Planetários. (I, 119-120)
NOTAS:
[1] Ego -
em teosofia, a palavra “Ego” significa o eu superior, o eu impessoal, o verdadeiro
“eu”, a alma espiritual. (CCA)
[2] O dicionário “Webster’s Encyclopedic Unabridged”
define a expressão usada no original, forlorn
hope, como “esperança vã, um empreendimento que quase certamente
fracassará, uma tentativa perigosa ou desesperada”. Em termos militares, forlorn hope significa um grupo de
soldados destacados para uma tarefa extraordinariamente perigosa. A origem da
expressão vem do alemão verloren hoop,
“tropas perdidas”. (Nota da edição brasileira de “Cartas dos Mahatmas”)
[3] S. T. - A Sociedade Teosófica original, que deu lugar
ao atual movimento teosófico, marcado pela pluralidade de organizações e
associações. (CCA)
[4] Propria
persona: Pessoalmente. (Nota da edição brasileira de “Cartas dos Mahatmas”)
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Sobre o mistério do despertar individual
para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
Com tradução, prólogo e notas de Carlos
Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014
por “The Aquarian Theosophist”.
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