A Arte de Romper Com o Hábito do Sofrimento
Carlos Cardoso Aveline
O amor da alma imortal transcende
barreiras e elimina as causas da aflição
“A vida implica sofrimento”, segundo
ensina a primeira nobre verdade do budismo. Mas nem todo sofrimento é
inevitável.
O hábito de
sofrer é nocivo. O culto à dor ocorre através do apego a ela: há quem goste de
sofrer e alguns protegem zelosamente as suas fontes de desconforto emocional e físico. Eles preferem a dor que conhecem, ao invés da liberdade e do bem-estar
que não conhecem. Estão desinformados. A verdade é que na fase atual da
evolução planetária a maior parte da dor humana é absurda, não faz sentido e pode
ser deixada de lado. Sua fonte está em uma ignorância ética e espiritual que já
é insustentável.
Para
eliminar o sofrimento sem base legítima basta que haja um despertar para a
sabedoria eterna. O conhecimento das leis da vida cura as feridas da alma. O saber
ético elimina as causas da aflição. O autoconhecimento e o autocontrole
provocam uma transmutação no eu inferior, que passa a colaborar conscientemente
com a alma imortal. Em alguns casos, a transmutação se dá pelo riso. Escrevendo
sobre o eu inferior, o teosofista indiano B. P. Wadia escreveu:
“Subjugar o inferior mas evitar irritá-lo é ação
habilidosa. As duas características necessárias para esse empreendimento são um
senso de humor para com as fragilidades do eu inferior, e uma vigilância
ininterrupta para com suas maneiras insidiosas.” [1]
Devemos rir das misérias exageradas e das dramatizações psicológicas do nosso eu emocional.
O que não se pode fazer é rir da dor
alheia. O riso que humilha o outro é covarde. O sorriso que surge da sabedoria
é diferente: ele abençoa e liberta.
O hábito da autopiedade pretende provocar um choro sem
fim, mas quando surge a compreensão o choro desemboca num sorriso saudável.
A filosofia esotérica afirma que a dor humana merece todo respeito, e suas causas devem ser combatidas. Os dramalhões ridículos feitos em torno das aflições naturais que fazem parte da vida merecem, com frequência, uma gargalhada. Os shows emocionais de piedade por si mesmo dificultam o contato com a vida cósmica. É o amor sem fronteiras da alma imortal que permite transcender o sofrimento e rir das limitações autofabricadas do eu inferior.
A filosofia esotérica afirma que a dor humana merece todo respeito, e suas causas devem ser combatidas. Os dramalhões ridículos feitos em torno das aflições naturais que fazem parte da vida merecem, com frequência, uma gargalhada. Os shows emocionais de piedade por si mesmo dificultam o contato com a vida cósmica. É o amor sem fronteiras da alma imortal que permite transcender o sofrimento e rir das limitações autofabricadas do eu inferior.
Podemos enfrentar com bom humor os desafios da vida, e
Robert Crosbie escreveu:
“Todo estudante de teosofia que
trabalha ativamente pela causa irá passar, cedo ou tarde, por algum solavanco teosófico. É bom que haja sacudidas; e, se nós passamos por um solavanco, pode ser que tenhamos saído
do caminho. Os solavancos servem como indicadores para que observemos com
atenção onde estamos, e para que vejamos se nossas ações são corretas. Não
sentiríamos solavanco algum se não
tivéssemos uma bússola em nosso
interior. O propósito da vida é aprender, e tudo é feito de aprendizagem;
portanto, embora os desafios não sorriam para nós inicialmente, eles serão mais
tarde temas sobre os quais nós poderemos rir. Entre os gregos antigos se
dizia que, quando a Terra foi colocada em movimento e começou a rolar no
espaço, os deuses caíram numa longa série de gargalhadas, só por estarem vendo
a coisa acontecer. Assim, nós, que somos como aqueles deuses, também podemos
sorrir das loucuras que encontramos e continuar com o trabalho de promulgar
ideias corretas para aqueles que são capazes de recebê-las.” [2]
Ri melhor quem ri com um coração
puro.
O riso saudável expressa um amor
incondicional à vida e um respeito por todos os seres. Ele resulta de um
contentamento cuja origem está no contato com a alma imortal e com a lei do
universo.
NOTAS:
[1] Do artigo “On
Getting Ready”, de B.P. Wadia, que faz parte do seu livro “Living the Life”
Theosophy Co., Mumbai, India, 2004, 156 pp., ver pp. 25-26.
[2] “The Friendly
Philosopher”, Robert Crosbie, Theosophy Company, Los Angeles, 1945, 415 pp.,
ver p. 117.
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Sobre o mistério do despertar individual para a
sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso
Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.
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