A Percepção do Espaço Infinito
Augusto de Lima

Augusto de Lima
nasceu em 5 de abril de 1859
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Nota Editorial:
Este é um dos poemas que revelam  
claramente a presença da teosofia
e da filosofia 
esotérica na obra do poeta
mineiro Augusto de 
Lima. Entre outros pontos de
interesse, ele discute 
o despertar dos sentidos internos
da consciência e 
aborda a relação entre as sete
notas musicais e as sete 
cores, tema amplamente discutido
por Helena Blavatsky 
e abordado por ele mesmo em outro
poema, intitulado
 “Correspondência”.  Na última parte da poesia, fica clara a 
menção à música das esferas da
tradição pitagórica e teosófica.  
(Carlos Cardoso Aveline) 
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Quem me vê meditabundo
E de
olhos fechados, brada:
“Eis uma
alma encarcerada,
indiferente
a este mundo.”
Mal sabe
a turba inexperta
que, por
mais que se retraia
da nossa
matéria a raia, 
mais a
razão se liberta.
Pois, da
abstração da Utopia
surge
não raro um compasso;
é um
sonho infinito o espaço,
mas real
a Astronomia. 
Se
sondo, investigo, estudo,
buscando
a ciência que almejo, 
fito os
astros, - nada vejo,
cerro os
olhos, - vejo tudo. 
Nas
horas em que medito,
(quão
breves são estas horas!)
em minha
alma abrem-se auroras
com
portas para o infinito.
Neste
mundo de esplendores,
com os
sentidos devoro
o
acorde, prisma sonoro, 
o
prisma, acorde das cores.
E para
que mais me encante,
O
pensamento divino 
torna-me
o olfato mais fino
e a
vista mais penetrante.
Quanto à
minha alma, entretém-na
a
harmonia eternamente;
porque o
silêncio inclemente
só na
matéria é que reina. 
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O poema acima foi reproduzido do volume “Poesias”, Augusto de Lima, Editora H.
Garnier, Rio de Janeiro / Paris, 1909, 300 pp., ver pp. 155-156. A ortografia
foi atualizada. 
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Para conhecer um diálogo
documentado com a sabedoria de grandes pensadores dos últimos 2500 anos, leia o
livro “Conversas na Biblioteca”, de
Carlos Cardoso Aveline. 

Com 28 capítulos e 170 páginas, a
obra foi publicada em 2007 pela editora da Universidade de Blumenau,
Edifurb.   
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