Uma Visão Global do Movimento
Teosófico
Carlos Cardoso Aveline
A
visão do detalhe e a visão do todo são igualmente importantes em teosofia
Pensemos por um momento no
estudante de teosofia que nasceu em um país de língua portuguesa e prefere por algum
motivo não fazer parte das associações pseudoteosóficas, mas deseja, em vez
disso, participar de formas de busca da
Sabedoria que estejam livres de ilusões como ritualismos e falsa
clarividência.
Em teoria, um tal estudante poderá começar um esforço individual,
sem qualquer ligação de ajuda mútua com outros estudantes e sem uma visão
internacional do movimento teosófico.
Desse modo ele terá uma
prática altruísta na qual poderá testar e melhorar suas percepções filosóficas
a respeito da vida. Iniciativas deste tipo são louváveis, mas ficam limitadas pelo
seu isolamento. Em geral, duram pouco.
Há vantagens e
desvantagens no fato de pertencer a um
esforço que se inscreve com voz própria no contexto internacional do movimento
e está presente em vários idiomas, com interlocutores ao redor do mundo.
As desvantagens são compensadas pelo caráter global da ação. A
internacionalidade constitui um aspecto prioritário da proposta original do esforço
teosófico: desde 1875, o objetivo primeiro do movimento é a gradual constituição
de um núcleo de fraternidade sem fronteiras. Além da sua importância na fase
contemporânea da história da humanidade, essa construção faz parte de um trabalho
que prepara estágios futuros da longa evolução humana, diante dos quais um
ciclo de 26.000 anos é visto como “pequeno”.
A unidade, no entanto, não é
burocrática ou corporativa, mas ocorre pelo diálogo, e isso é o que oferece a
pequena Loja Independente de Teosofistas, fundada em 2016 por antigos associados da Loja Unida de
Teosofistas.
É precisamente o caráter sem
fronteiras e multicultural da proposta
teosófica que a torna de fato “universal” e, também, especialmente desafiante. Espaço e tempo são inseparáveis. O trabalho teosófico
convive com uma dimensão de tempo que parece eterna.
A visão do detalhe e a visão
do todo são igualmente importantes em teosofia.
Através dos projetos de ação
da Loja Independente, o estudante pode contribuir de modo prático para a
ampliação local e internacional de um trabalho teosófico que segue os ensinamentos
autênticos do movimento, e trabalha em vários idiomas. A Loja está voltada para
a construção sutil de um futuro saudável. Ela não receia desafiar ou
desmascarar fraudes pseudoesotéricas. Seus associados sabem ser pioneiros e abrir
caminho ali onde parece não haver um caminho. Embora numericamente pequena, a
Loja atua com uma perspectiva global.
O
Campo Magnético Sutil
Em linguagem da ciência de
hoje, os conceitos de luz astral e akasha correspondem às ideias de “ordem
implícita” e “campo mórfico”.
Levando em consideração esta
ideia, podemos lidar com a existência de canais “holográficos” pelos quais se
projeta magneticamente para cada ação pioneira o melhor da experiência previamente
acumulada pelo movimento teosófico.
Cada pequeno projeto recebe deste
modo algo da força reunida e dos obstáculos enfrentados em todas as outras iniciativas.
A Loja Independente partilha um conhecimento eficaz sobre o modo de construir o
movimento. Há mecanismos diversos de ajuda mútua, e um patrimônio literário e bibliográfico é
compartilhado no plano físico e no plano sutil. O esforço é probatório, isto é,
inclui, como toda aprendizagem, testes individuais e coletivos.
Ao iniciar um esforço novo
vinculado à Loja Independente, é inevitável “começar de zero” de certo modo, mas
não é necessário “inventar a roda”. Um trabalho
teosófico nunca começa “do nada” no
plano interior. Trata-se de abrir um ponto magnético que receberá a força da proposta e partilhará dos seus insights e inspirações acumulados, que são os do movimento teosófico como um
todo, observado, na perspectiva Independente,
desde o ponto de vista dos ensinamentos
de Helena Blavatsky e dos Mestres de Sabedoria; e compreendido desde o ponto de
vista da intenção de ajudar a
humanidade em seu conjunto.
Cada estudante se beneficia do
método original ensinado pelos fundadores do movimento, assim como do
magnetismo correspondente. Ao mesmo tempo o método deve ser adaptado a cada tempo e espaço concretos.
A força acumulada da Loja Independente é parte da
corrente oculta e holográfica formulada inicialmente no período entre 1875 e
1891 por Helena Blavatsky, Henry Olcott, William Judge, Damodar Mavalankar,
Subba Row e outros.
Ela se beneficia da vida e da
obra do grande pioneiro em língua portuguesa, o Visconde de Figanière. Ela aprende
com o melhor dos esforços de Robert Crosbie, John Garrigues, Boris de Zirkoff,
Geoffrey Barborka, Geofrey Farthing, Jerome Wheeler e Sylvia Cranston, para
citar alguns nomes.
A percepção individual dessa proposta
de trabalho ocorre gradualmente.
Ela surge a partir do estudo,
do trabalho e da observação independentes de cada estudante. Para a Loja, a independência não nega a
cooperação, assim como a cooperação não suprime
a independência. Os dois fatores devem andar juntos.
Uma vez despertado um certo
discernimento interior, o estudante passa a compreender as “evidências
internas” do ensinamento, que não podem ser facilmente colocadas em palavras. A corrente oculta interna da substância do movimento
flui no nível essencial da “doutrina do coração” e pode ser sintonizada
pelo estudo de obras como “A Voz do Silêncio”, “A Doutrina Secreta”, “Luz no
Caminho”, “A Chave da Teosofia”, “Cartas dos Mahatmas”, “Cartas dos Mestres de
Sabedoria” e “Ísis Sem Véu”.
A troca de ideias e a
cooperação com outros estudantes em torno dos objetivos nacionais e internacionais
do movimento teosófico torna mais fácil o despertar interior. Deste modo a
busca da Sabedoria do Altruísmo encontra
um terreno mais propício e é iluminada por ações eficazes, protegida
pela ajuda mútua, e inspirada por uma dimensão ilimitada de espaço-tempo.
000