Uma Chave-Mestra Que
Desmonta a Torre de
Babel
Carlos Cardoso Aveline
Na essência, todas as religiões e filosofias têm muito em comum. Uma
sabedoria única e universal orienta a humanidade desde que a humanidade surgiu.
O conhecimento divino assume roupagens e aparências diferentes
nesta ou naquela cultura, conforme mudam as circunstâncias e os momentos
históricos. Ele é invisível aos olhos, isto é, “Oculto”. Para ter acesso a ele,
é preciso vencer a tendência às simplificações mentais.
Há esquemas pedagógicos fechados, que funcionam apenas de cima
para baixo e nos levam a acreditar em dogmas inquestionáveis e obediência cega.
Eles visam enquadrar institucionalmente o aprendiz, transformando-o em um
“membro do rebanho”, ao invés de capacitá-lo para investigar a Verdade
Universal, que o liberta porque está além das formas externas.
Em compensação, o esquema pedagógico da filosofia esotérica é
firme mas transparente, aberto à discussão, e nos dá instrumentos pelos quais
podemos entrar em contato com os níveis superiores da nossa própria consciência.
A prática do pensamento filosófico e a ampliação e o
aprofundamento da nossa percepção da vida permitem perceber o que é joio e o
que é trigo nas diferentes religiões e filosofias. Cabe ficar com a essência e
jogar fora a casca. Hoje, a maioria faz o oposto disso.
Embora ainda seja conhecida por relativamente pouca gente, a
teosofia é o mais antigo e o principal corpo de conhecimento filosófico
universalista existente. Não há nada comparável à teosofia publicada no final
do século 19, inclusive do ponto de vista bibliográfico, em termos de
quantidade e qualidade de obras escritas.
Não há, nem na filosofia clássica, nem na filosofia moderna, e
tampouco em religião alguma, outra chave tão clara e eficaz para desmontar a
Torre de Babel da fragmentação do conhecimento humano. Não existe outra
demonstração abrangente e precisa da unidade interna dos vários campos de
conhecimento, além da que está apresentada nas obras assinadas por Helena
Blavatsky, e nas Cartas dos Mestres de Sabedoria ou Mahatmas.
Essa afirmação não é dogmática. Não é alguma “revelação”
pseudoclarividente. Pode ser facilmente verificada por quem quer que se dê ao
trabalho de ler ou examinar atentamente obras como “Ísis Sem Véu”, “A Doutrina
Secreta”, os 15 volumes dos “Collected Writings” de H. P. Blavatsky e as Cartas
dos Mestres, ao lado das obras de qualquer outro pensador de qualquer tempo ou
lugar.
Os cidadãos do século 21 têm o privilégio de poder estudar a
teosofia autêntica de HPB e dos sábios dos Himalaias, deixando que a
compreensão prática dos seus textos desça pouco a pouco sobre suas vidas
práticas, assim como o orvalho cai do céu – isto é, de modo natural.
Tal estudo fica mais eficaz quando é compartilhado com outros
estudantes e inclui a troca de ideias e a prática da ajuda mútua. Mas a atenção
deve ser concentrada no plantio e não na colheita. Não é possível controlar
pessoalmente o cair do orvalho ou antecipar o nascimento do sol.
Desse modo – gradualmente e com muita paz-ciência – pode-se
perceber a essência comum das religiões e filosofias. Quando o estudante acolhe
com humildade essa vivência, a base universal da sabedoria humana transforma a
sua vida e faz dele um bom cidadão planetário.
Esta sintonia interior não é uma questão meramente pessoal. Ela é
especialmente importante para todos na primeira parte do século 21. Num mundo
em que o “diálogo” e a “polêmica” entre as religiões frequentemente se dão
através de argumentos “verdadeiramente demolidores” como atentados terroristas,
tanques de guerra e mísseis de longa distância, é mais oportuno do que nunca
usar a chave-mestra da teosofia para desmontar as ilusões “religiosas” e
ritualistas que dividem as nações, e para mostrar a essência interior comum a
todas elas. Essa é uma prioridade da Loja Independente de Teosofistas.
Cada um de nós deve transformar-se, alquimicamente, na própria
luneta eficaz pela qual verá a Essência.
Para perceber a Essência, cabe estar ligados a ela por um processo
de sintonia que inclui a unidade entre coração e razão. O estudante precisa
tanto de autoconhecimento quanto de autotranscendência.
A teosofia de Helena Blavatsky e dos Mestres dos Himalaias traça
um panorama abrangente e coerente não só da vida no universo e no planeta
Terra, mas também da evolução humana desde os seus primórdios até muito além do
estágio atual. Este estudo só parece teórico na superfície. Ao estudar, nos
transformamos.
Ao olhar o cosmo, compreendemos a nós mesmos. Quando olhamos
profundamente para nós mesmos, vemos que somos uma miniatura do cosmo e do
sistema solar. Assim o olhar e o foco da nossa consciência vão muito além das
coisas pequenas e personalistas.
Do pico da montanha, o horizonte é amplo. Quando olhamos para a
vida desde uma perspectiva de 360 graus, alcançamos a felicidade incondicional,
porque percebemos que somos essencialmente o Todo.
Neste caso, embora possamos ter ainda um bom veículo individual
que serve para nossa expressão prática no mundo, já não fazemos confusão entre
os fins e os meios. Não nos iludimos desnecessariamente. Conhecemos a diferença
entre a grande meta universal e o pobre instrumento provisório graças ao qual
caminhamos – não sem erros e tropeços – em direção a ela.
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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa análise da situação do
movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu formar a Loja
Independente de Teosofistas, que tem como uma das suas prioridades a construção de um futuro melhor nas
diversas dimensões da vida.
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