8 de novembro de 2018

Ideias ao Longo do Caminho - 14

Quando o Tempo é Valioso,
a Tranquilidade é Fundamental

Carlos Cardoso Aveline




* A vitória resulta da renúncia ao que não é coerente com a obtenção da meta.

* O trabalho é fonte de felicidade. O esforço correto e intenso elimina as causas da ignorância e liberta o ser humano do sofrimento.

* Expandir constantemente os nossos horizontes é tão importante quanto alcançar o autoconhecimento e desenvolver autodisciplina. Os três fatores são inseparáveis.

* A paz que o indivíduo deseja encontrar deve ser construída por ele próprio, dentro de si. Depois disso a harmonia se transmitirá lentamente ao mundo externo, na medida da força interior do indivíduo.

* Concentrar a mente não é apenas fixar com firmeza a atenção em alguma coisa. Concentrar a mente é, sobretudo, deixar de lado e abandonar os temas que não valem a pena.

* No silêncio da nossa alma, encontramos o rumo a seguir. Não faz grande diferença a quantidade maior ou menor de barulho externo: a voz da consciência é a luz no caminho.

* A disciplina da ação correta, praticada durante o dia, produz um sono melhor à noite. E a recíproca é verdadeira: dormir bem faz com que os dias sejam melhores e mais produtivos.

* A bênção resulta da coragem de respeitar a verdade em todos os seus aspectos - que são com frequência surpreendentes -; sem negar os fatos que por algum motivo pareçam desagradáveis.

* O saber material é secundário. A educação deveria fortalecer o autoconhecimento, a autoestima e a autorresponsabilidade. Estes objetivos são centrais para crianças de todas as idades, inclusive as que já passaram dos noventa.

* A realidade é paradoxal e simétrica. Não há nada de novo sob o Sol: a vida do cosmo é eterna. No entanto, também é verdade que a vida se renova a cada fração de segundo - para aqueles que têm olhos para ver.

* À medida que passa o tempo, novas tarefas emergem. Se cumprirmos o nosso dever hoje, será mais fácil cumpri-lo amanhã, e depois. O resultado é o contentamento. A constante postergação expande o sofrimento: a ação pontual é fonte de paz.

* Vale a pena interromper algumas vezes as atividades normais ao longo do dia, para reunir-nos em silêncio, por um momento, com nossa alma espiritual; e para fortalecer o vínculo com o centro de paz em nossa consciência.

* A alma não pode funcionar como um samba de uma nota só, e o buscador da verdade não é uma múmia. A bravura é tão importante quanto o desapego, e quanto a paciência, o sentido de justiça, a capacidade de ficar em silêncio, a audácia e a determinação.

* Com a mesma força com que o peregrino ergue o foco da sua consciência, ele será testado inúmeras vezes nos níveis inferiores da vida. Entre as armas necessárias para vencer os testes está o desapego em relação a tudo o que não tem importância primordial.

* À medida que o indivíduo escreve novas páginas no Livro da Vida, as ações dizem mais que as palavras. O ato e a fala devem estar coerentemente ligados entre si. E eles precisam expressar nossas reais intenções, emoções e pensamentos, para que o eu superior seja um coautor ativo do livro da existência.

* O autoesquecimento nos liberta para pensar no dever. Graças à prática do silêncio mental e emocional, o estudante de teosofia passa a ser mais eficiente no cumprimento das tarefas diárias.

* Um país, tanto quanto uma pessoa, tem possibilidades infinitas. Quando sou capaz de perceber o potencial sagrado em mim próprio, também vejo a potencialidade divina da comunidade de que faço parte.

* É um ato construtivo ser severo com os erros daqueles a quem queremos bem. E é uma ação destrutiva ser indulgente com os erros cometidos por seres importantes para nós. Amizade e fraternidade requerem vigilância. A boa intenção não se mostra pela superfície, mas pela meta, pela sinceridade, e pela transparência das ações.

* É ao aceitar a nossa insignificância pessoal, em parte, que podemos perceber o significado maior da nossa existência como almas. A mesma inteligência espiritual que agora está presente em nós vive ao longo das sucessivas eternidades do universo. Somos um fragmento e uma projeção dela.

* É necessário que haja um equilíbrio dinâmico entre pensamentos e ações: a teosofia deve ensinar pelo exemplo. A sabedoria esotérica só pode ser transmitida através de uma combinação viva de palavras com ações. O processo será imperfeito, porque humano; mas será ético, será leal para com a Fonte, e grato a ela.

* A atenção e a vigilância são necessárias. O exemplo prático de alguém que é sincero com sua própria alma pode inspirar alguns e irritar muitos outros. Embora a sinceridade para com a sua consciência destrua grande número de situações confortáveis, vale a pena pagar o preço. A sinceridade constitui o principal talismã do peregrino.

* Cada aspecto da vida de um estudante de teosofia se comunica ativa e silenciosamente com todos os outros. Cada erro corrigido, cada ação eficaz, cada lição aprendida e momento de paz emitem a sua energia magnética correspondente para o todo da aura individual, e para os outros seres.

* No início você tem que procurar pelo sossego. Quando a paz passa a fazer parte da sua vida interna, ela vai com você onde quer que você vá, e se mantém ao seu lado enquanto você trava a batalha diária pela ação correta. Mas sempre será preciso preservar um nível de sossego e simplicidade no mundo material, para expandir o contentamento da alma.

* Há um princípio da filosofia da autorresponsabilidade que parece ser bastante simples. Ele não é novidade de modo algum. Ele é ensinado e aprendido há milênios, e possui uma importância fundamental. O princípio recomenda fazer calmamente o melhor a cada instante, com equilíbrio, desejando o bem a todos, e obedecendo apenas à voz da nossa própria consciência.

* As ilusões materialistas são mais fáceis de enfrentar e vencer do que as armadilhas “espirituais”. Por isso é necessário desenvolver discernimento ao lado de cada qualidade espiritual que se pretenda adquirir. A preguiça e o medo podem disfarçar-se como a mais alta sabedoria. No entanto, a perseverança no aprendizado nos ensinará o desapego e irá desmascarar toda falsidade em seu devido tempo.

* A sabedoria não fica imobilizada jamais. Está em perpétuo desenvolvimento, assim como o universo. O conhecimento divino expressa no mundo dinâmico a Lei imutável. O Universo é apenas a Lei em movimento. Como tudo o que é vivo, o real conhecimento causa surpresas e produz mudanças.

* É verdade que os ingênuos e os desinformados podem adotar uma postura de quem sabe tudo, mas os sábios estudam com humildade. Os Mestres de Sabedoria têm corações simples e aprendem pelo contato com diversos níveis de consciência cósmica. Vemos isso através do estudo das suas Cartas.

* O centro de paz interior não tem lugar ou tempo determinados: ele é eterno e incondicional.

* O silêncio, a paz e a invisível plenitude da vida podem ser encontrados no espaço que há entre cada pensamento nosso e o pensamento seguinte.

* Toda construção é gradual. No início, o bom carma se acumula invisivelmente, como se os esforços fossem inúteis. Quando ele amadurece o suficiente, a realidade visível acolhe a mudança e surge a recompensa da ação correta.

* Não importa se, ao agir de modo ético, você é atacado por contrariar as rotinas estabelecidas. Persevere. É uma futilidade pensar na má vontade com que sua boa intenção pode ser recebida. Prossiga. Não vale a pena dar atenção excessiva à ignorância organizada. A vitória pertence a quem prossegue no rumo correto. O êxito, ainda que frequentemente invisível, é muito maior que os sacrifícios realizados.

* Aproveitar bem o tempo não é o mesmo que agir com ansiedade. Usar o tempo com eficiência significa examinar a si mesmo, observar as metas adotadas, avaliar os esforços feitos até aqui e atuar de maneira sábia, para alcançar aquilo que tem suprema importância. Quando o tempo é valioso, a tranquilidade é fundamental.

* Aquele que prioriza agir corretamente não tem como meta central a promoção de aparências. O indivíduo que dá importância a imagens superficiais raramente tem tempo para cuidar da ação adequada. A atuação altruísta nem sempre é nobre na aparência, e o gesto ignóbil é, com frequência, apresentado como belo e puro. A verdadeira bem-aventurança ignora por completo o mundo das formas vazias.

* Durante o aprendizado espiritual, passamos a ser capazes de ver um número crescente de erros naqueles que nos rodeiam. Isso se deve ao fato de que a nossa maneira de olhar a vida se torna cada vez mais aguda e mais precisa.

* Ao observar a vida como ela é hoje, e ao fazer isso desde o ponto de vista do ideal de aperfeiçoamento humano, somos forçados a compreender que temos um longo caminho pela frente. Não vale a pena iludir-nos em relação a isso: a humildade é fundamental.

* É fácil ficar impressionado com os erros dos outros, ao invés de lutar para melhorar a nós próprios. É correto criticar os que nos rodeiam, mas devemos garantir que isso é feito com equilíbrio e desapego. E cabe examinar esta pergunta: “Estou trabalhando com suficiente intensidade para estimular o bem nas outras pessoas, inclusive através dos meus pensamentos sobre elas?”

* Nem a melhor literatura sobre filosofia esotérica pode ser confundida com a sabedoria em si mesma. O conhecimento divino não está nas palavras que se referem a ele. O saber é alcançado ATRAVÉS do estudo das palavras, caso o ensinamento seja correto e se nós pacientemente desenvolvermos uma prática correspondente, em nossa existência diária.

* A boa literatura nos oferece um mapa da estrada para o conhecimento. A sabedoria deve ser encontrada no modo como olhamos para cada aspecto da realidade. A percepção divina da vida permite observar os fatos desde um ponto de vista correto, que é o ponto de vista da alma imortal.

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O artigo acima foi publicado como texto independente em 08 de novembro de 2018. Uma versão inicial dele está incluída de modo anônimo na edição de outubro de 2015 de “O Teosofista”.

Embora o título “Ideias ao Longo do Caminho” corresponda ao título em língua inglesa “Thoughts Along the Road”, do mesmo autor, não há uma identidade exata entre os conteúdos das duas coletâneas de pensamentos.

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