Promover a Educação Moral e a
Formação do Caráter dos Povos
Henri Durville

Fustel de
Coulanges exprimiu perfeitamente o mal sofrido [pelo Império Romano]:
“O
mal de que sofria então a sociedade romana não era mais a corrupção dos
costumes; era o amolecimento da vontade e, por assim dizer, o enervamento do
caráter.”
As
causas do declínio de Roma são múltiplas e difíceis de analisar, porém, de
maneira geral, elas dependem do caráter da raça. Enquanto um alto ideal agrupou
em torno da Cidade homens decididos a viver e a morrer por ela, homens que a
consideravam como a sua Divindade suprema, Roma foi e devia ser invencível.
Mas, no dia em que vis interesses tomam o lugar das ideias, as nações, como os
indivíduos, não têm mais força para viver, tendo apenas a de morrer em beleza.
É o destino comum aos indivíduos e às coletividades.
O
caráter é o elemento primordial de sua vida e de sua duração. Aquele que abaixa
o nível de sua vida interior, que coloca a sua reta vontade abaixo de suas
sensações, seja ele um ser ou uma coletividade, está prestes a morrer.
Gustavo
Le Bon exprime esta verdade procurando estabelecer as leis psicológicas da
evolução dos povos:
“O
poder de um povo não depende de sua inteligência, mas de seu caráter. A
inteligência permite perscrutar os mistérios da natureza e utilizar as suas
forças. O caráter aprende a se conduzir e a resistir, vitoriosamente, às
sugestões.”
Acrescenta
algures:
“As
qualidades do caráter, cujo conjunto constitui a alma nacional de um povo, são
formadas pelas lentas acumulações ancestrais. Elas terminam por constituir um
agregado muito estável de sentimento, de tradições e de crenças, codificando,
através das idades, as necessidades às quais é submetida a vida de cada nação.”
É
em razão da complexidade dessas necessidades que se não pode prever, senão
depois de temíveis experiências, que a alma de uma nação é tão lenta e tão
difícil de constituir. É também esse lento processo da formação de um
pensamento nacional que nos obriga a considerar a educação coletiva de um povo
como necessidade de primeira ordem; é o único meio de chegar a criar um caráter
nacional, como assim exprime Gustavo Le Bon:
“O
problema vital do futuro entre os povos de civilização apurada será superpor à
sua cultura intelectual uma educação rigorosa do caráter e, sobretudo, da
vontade, únicas forças capazes de assegurar às nações a sua independência.”
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O texto “A Tarefa Vital do Futuro” é reproduzido da obra “A Ciência Secreta”, de Henri Durville, edição em dois volumes,
volume dois, Ed. Pensamento, SP, Brasil, 1976, 376 pp., pp. 99-100. Sua
publicação nos websites associados ocorreu dia 26 de dezembro de 2019. Faz
parte também da edição de fevereiro de 2019 de “O Teosofista”, pp. 1-2.
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