Dez
Trechos Selecionados das
Obras de um Pensador Prático
O. S. Marden
Amar e
ser amado é uma felicidade suprema
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Nota Editorial de 2020
O pensador norte-americano Orison Swett
Marden (1848-1924) escreveu cerca de cinquenta
livros sobre autoconhecimento e a arte
de viver.
Um grande best-seller no seu tempo, O.S.
Marden
é um dos principais nomes da influente
escola
de pensamento conhecida como “New
Thought”.
Suas obras têm grande valor para o
esforço teosófico.
O fato de que seus livros estejam hoje relativamente
esquecidos torna especialmente estimulante
a tarefa
de resgatá-los como ferramentas práticas
do despertar
individual e coletivo. Selecionamos a
seguir alguns
trechos de seus escritos, indicando em
notas as
fontes bibliográficas. A ortografia foi
atualizada.
(Carlos Cardoso Aveline)
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1. O Preço da
Vitória Durável
A
regularidade, o método e a ordem são o preço por que a natureza vende a saúde.
Se
perdemos uma noite, não podemos, evidentemente, economizar o sono para o
aproveitar na noite seguinte, tal como não nos é possível encher até à demasia
o estômago em um banquete, com a esperança de poder compensar o organismo com o
jejum de outro dia. Também é igualmente insensato levar uma noite inteira a
trabalhar com a ideia de que basta depois um dia de descanso para compensar a
fadiga.
A
natureza não faz nada antes do devido tempo e todo o intento de acelerá-la
contribui para a ruína, porque ela toma nota de todas as nossas operações
físicas, mentais e morais e assenta-as exatamente no “deve” ou no “haver” da
atividade orgânica, segundo se trate de despesa ou receita. A natureza é
incapaz de uma fraude. Poderá não apresentar a conta no mesmo dia em que
violamos uma das suas leis; mas se somos devedores na conta aberta em seu banco
por termos outorgado uma hipoteca sobre os nossos valores psicofísicos,
seguramente que nos demandará em juízo.
A
natureza não admite desculpas por fraqueza, imprudência ou ignorância. Exige
que o homem esteja sempre à altura da sua condição de animal superior e por
isso não aceita que ele se desculpe com palavras vãs. [1]
2. O Ser Humano
Como Um Diamante
Todos
nós somos diamantes em bruto, que o ambiente pode talhar com uma, duas ou vinte
facetas.
Assim
como do diamante brotam reflexos distintos, segundo o ângulo de refração da
luz, assim a vida e os seus desejos apresentam diversas cambiantes segundo o
caráter do indivíduo.
Há
quem nunca se ponha em contato com a roda que talhe uma faceta que, ferida pela
luz, revele as suas maravilhas ocultas. Muitos vivem e morrem como diamantes em
bruto, embora ocultem um brilho fulgurante e enorme valor.
Poucos
são os diamantes humanos tão completamente facetados que manifestem os seus
ocultos tesouros.
O
caráter peculiar do indivíduo pode comparar-se ao diamante, sendo a educação a
faceta, e a roda do torno lapidário o ambiente favorável a essa mesma educação.
Cada qualidade positiva é uma faceta do caráter e no talhar de todas consiste a
obra completa da educação. [2]
3. Sobre o Amor
e a Casa
…Amar
e ser amado é a suprema felicidade da vida.
Disse
Holmes:
“Grande
coisa é a beleza: mas a suntuosidade do mobiliário e a magnificência do enxoval
são grosseiros ornamentos comparados com o amor doméstico. Todas as elegâncias
do mundo não bastarão para fazer um lar, e eu preferiria uma colherzinha de
sincero e cordial amor a um carregamento de quantos luxuosos móveis me pudessem
oferecer todos os estofadores e decoradores deste mundo.” [3]
4. Mente Aberta,
Cérebro Ativo
A
rotina é a ferrugem da mente, porque a prolongada familiaridade com as ideias
adquiridas impede-nos de notarmos os defeitos de que elas enfermam, e acaba por
convertê-las em preconceitos.
Se
não mantivermos a inteligência em estado de receber novas ideias por meio de
contato com outras inteligências; se não procurarmos realizar os altos ideais
formados na juventude, não será só a nossa profissão que ficará em cheque, mas
também a nossa personalidade.
O
cérebro, bem como os músculos, vigoriza-se pelo exercício. Tão depressa o homem
cessa de excitar as suas faculdades superiores no desempenho da profissão que
escolheu, como o seu cérebro, e bem assim a sua profissão, se vão depreciando
pouco a pouco até que o homem se vê incapaz de ombrear vantajosamente com os
seus colegas e de ajuizar do seu trabalho profissional sob um ponto de vista
livre de preconceitos.
Bem
conveniente é ao progresso do homem que já está no caminho da vida, deter-se voluntariamente, de quando em quando,
para fazer um estudo imparcial de si mesmo e dos seus métodos de trabalho, com
tanta independência de critério como se fosse um estranho. [4]
5. A Vida no
Cosmo e no Mineral
Pensadores
insignes e poetas de alta inspiração creem (…) na alma das coisas, não em sentido figurado nem por excesso de
retórica, mas sim porque intuitivamente compreendem a misteriosa influência da
divina energia animadora do universo.
Por
isso, o falar da alma das coisas, não
quer dizer que seja de uma alma individual, livre e responsável como a humana;
todavia, compreende-se, e por intuição conjetura-se que toda a matéria é
animada pela energia, e que esta energia não pode ser outra senão a divina.
A
vida não é atributo exclusivo dos seres organizados chamados viventes, porque
de remotas eras prevalece o erro de julgar que os inorgânicos carecem de vida.
Também
há vida no mineral, ainda que incomparavelmente menos ativa e muitíssimo mais
lenta que no vegetal, no animal e no homem.
Tudo
vive no universo. [5]
6. Aproveitar as
Oportunidades
Muito
fácil é prometermos a nós próprios, ao iniciarmos o caminho da vida, nunca
esquecermos os nossos ideais, seguirmos sempre mais para a frente e para mais
alto, colocarmo-nos na vanguarda da nossa época, apoiando os caudilhos do
pensamento progressivo e cooperando com eles.
Precisamos
de estar constantemente vigilantes para não perdermos de vista os nossos
ideais; temos de lutar contra poderosas influências internas e externas, se
quisermos permanecer fiéis às elevadas e formosas aspirações da juventude.
O
único meio de sermos felizes, tanto quanto o pode ser um ente humano, será
aproveitarmos todas as ocasiões que se nos deparem de embelezar a existência
enquanto estivermos no caminho da vida.
[6]
7. A Chave da
Saúde Plena
O
corpo das futuras gerações será regulado pela mente e não pelas drogas
farmacêuticas.
O
médico do futuro diagnosticará segundo o ânimo e a mente, não segundo o corpo.
Perguntará ao doente: “Em que pensou V. estes últimos dias? Qual é o seu estado
de ânimo? V. tem algum dissabor, alguma desavença doméstica, ou algum
contratempo na sua vida? A causa da doença de que V. sofre está no ânimo e
provavelmente na transconsciência, de onde é necessário eliminá-la. V. tem
qualquer coisa no ânimo que causa esse transtorno fisiológico.”
O
médico dos vindouros interrogará em nome dos órgãos do corpo, que o homem
menospreza com toda a casta de dissipações.
As
peças do nosso organismo são o que a mente determina que sejam. Se recebem
impulsos sinistros, desconcertam-se; atuam desembaraçadamente no caso
contrário. O foco principal da doença está a maior parte das vezes na mente; ou
porque seja imaginária, ou porque a má conduta a determine. [7]
8. Preservando a
Energia Vital
Uma
das mais lamentáveis condições da atual civilização é o grande número de
pessoas, que, apesar do seu talento, não obtêm dele os resultados que poderiam
obter, justamente porque descuram as coisas da saúde.
Um
organismo robusto e viril é a base da força viril e robusta.
A
mente manifesta-se por meio do organismo físico, e se este organismo é
imperfeito, se é débil e está desvitalizado, também o pensamento e o poder
criador vão refletir essa imperfeição, e essa debilidade e desvitalização.
Muitos
queixam-se do imenso desgaste de vitalidade proveniente dos modernos costumes
públicos e privados; mas o pior de tudo é o desperdício de capacidade, a
tremenda perda de poder, em razão do regime de vida e dos vícios.
Desbaratamos
a nossa capacidade e não a utilizamos com proveito, porque não cuidamos do
nosso cérebro nem dos nossos nervos com adequada nutrição, hábitos saudáveis e
pensamentos harmônicos. [8]
9. A Ciência do
Equilíbrio Pessoal
A
mente excitada pela ansiedade de fazer as coisas mais depressa do que consente
a natureza não pode estar equilibrada e desbarata escusadamente grande
quantidade de energia.
O
precipitado dir-se-ia que vai pela estrada da vida como um navio de carga com
as mercadorias todas no porão da proa.
Assim
como o barco corre o risco de afundar-se e as mercadorias o de irem para o
fundo do mar, assim perderão tais indivíduos a energia acumulada em uma só
direção.
A
menos que saiba levar a sua máquina com normal e uniforme velocidade, sem
pressas nem vagares, metodicamente, virá um instante em que lhe estalem os
nervos.
Cada
vez que nos impacientamos, que pretendemos ter asas em vez de pernas para fazer
precipitadamente as coisas, perdemos o domínio de nós mesmos.
O
equilíbrio da mente e do ânimo é uma das mais raras qualidades.
O
equilíbrio resulta da harmônica conjunção de todas as faculdades da mente e das
boas qualidades do carácter sem o predomínio de uma sobre as outras. A
equanimidade não é apanágio dos homens unilaterais. Assim, devemos manter-nos
inalteráveis ainda que os outros se enfureçam.
Não
devemos perder a cabeça, ainda que os demais a percam, suceda o que suceder.
Não diminuamos a eficiência pessoal com o vão intento de fazer em uma hora o
que exige um dia de trabalho.
A
reputação de serenidade e firmeza, de equanimidade, de não perder a cabeça nem
no êxito nem no fracasso, nem na glória nem na derrota, nem na riqueza nem na
indigência, nem no elogio nem no vitupério, nem no aplauso nem no protesto,
acrescentará a energia nervosa e, consequentemente, a eficiência individual,
pelo auxílio que prestarão os pensamentos de respeito e admiração de quantos o
conheçam.
Demais,
os que se excitam e exasperam estão expostos a cometer graves erros e ficam sob
o poder daqueles que se mantêm equilibrados e conservam a sua energia para a
utilizarem com vantagem em momento oportuno. [9]
10. A Ioga do
Sono
O
único pensamento que devemos ter ao deitar, à parte o que se refere às práticas
religiosas de cada um, é o de que todos os órgãos vão receber o influxo das
potentes forças criadoras do universo e renovar a sua vitalidade.
Se
dormirmos acariciados por esta imagem, seguramente que na manhã seguinte nos
sentiremos rejuvenescidos, animosos, cheios de vida, dispostos para o trabalho
com a fundada esperança de cumprirmos religiosamente as tarefas de mais um dia.
Antes
de adormecer imaginemos que a natureza nos vai ministrar um suave e delicioso
descanso, que reconstruirá as nossas células e que Deus [10] coloca a nossa máquina corporal na grande oficina da natureza,
para que justamente despertemos aptos para o trabalho.
Dêmos
à mente um banho de limpeza antes de adormecermos. Expulsemos, varramos dela
todo o pensamento que traga consigo resíduos de ódio, inveja, rancor, ciúme e
hostilidade. Esqueçamos todas as recordações desagradáveis e não deixemos na
mente nem no ânimo nada que seja contrário a nenhum ser humano, nem mesmo que
se trate de inimigos, se efetivamente queremos rejuvenescer. [11]
NOTAS:
[1] Do livro
“Domínio dos Nervos”, de Orison Swett Marden, Casa Editora de A. Figueirinhas,
Lda., Porto, Portugal, 1936, 278 pp., ver pp. 102-103.
[2] Do livro
“Formação do Caracter”, de O. S. Marden, Casa Editora de A. Figueirinhas, Lda.,
Porto, Portugal, 1927, 253 pp., ver p. 114.
[3] Do livro “No
Caminho da Vida”, de O. S. Marden, Livraria Figueirinhas, Porto, Portugal,
1957, 273 pp., ver p. 17.
[4] “No Caminho da
Vida”, O. S. Marden, obra citada, pp. 60-61.
[5] “Formação do
Caracter”, O. S. Marden, obra citada, p. 31.
[6] “No Caminho da
Vida”, obra citada, p. 61.
[7] “Domínio dos
Nervos”, obra citada, p. 223.
[8] “Domínio dos
Nervos”, p. 212.
[9] “Domínio dos
Nervos”, obra citada, pp. 154-156.
[10] Deus, isto é, a Lei Universal e Impessoal. (CCA)
[11] “Domínio dos
Nervos”, obra citada, p. 125.
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O artigo “A Sabedoria de O. S. Marden” foi publicado nos websites associados
dia 07 de janeiro de 2020.
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Leia mais:
* Escritos de Carlos Cardoso Aveline.
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.
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