Nascido em 22 de Fevereiro de 1455,
John Reuchlin Preparou o Caminho para
Lutero
Carlos Cardoso
Aveline
Visão
parcial da estátua de Reuchlin na cidade em que ele nasceu
“…John
Reuchlin (…), autor de
‘Palavra Maravilhosa’, [foi] o mestre e
instrutor de
Erasmo, de Lutero e de Melâncton”
(Helena P. Blavatsky)
O humanista
e cabalista alemão John Reuchlin nasceu sob o signo de Peixes, em 22 de
fevereiro de 1455, e viveu até 1522. [1]
Entre
os doze signos zodiacais, Peixes é considerado “o sonhador”. O tipo correto de
sonho prepara a ação eficiente. Reuchlin trabalhou no nível abstrato da ação
onírica mística como um pioneiro da Reforma de Martim Lutero. H. P. Blavatsky o chama de “pai da Reforma”. [2] Como místico, Reuchlin
abriu caminho num plano filosófico para aquela transformação. Blavatsky cita o
artigo da enciclopédia Royal Masonic sobre
“Rosicrucianism”:
“Os sonhos cabalísticos de um John Reuchlin levaram à
ação ígnea de um Lutero (…).”[3]
O
episódio indica como acontecem de fato as mudanças sociais. Elas começam nos
níveis abstratos do sonho. Francis Barham escreve na sua obra clássica de 1843,
intitulada “The Life and Times of John Reuchlin” (“A Vida e a Época de John
Reuchlin”):
“Todas
as mudanças e revoluções começam nas experiências metafísicas dos indivíduos, e
só podem ser explicadas por tais experiências.” [4]
Estudante
da religião dos judeus, erudito conhecedor da língua hebraica, Reuchlin foi um pioneiro
da fraternidade universal. Escrevendo sobre a história do cristianismo, H.P.
Blavatsky diz em “Ísis Sem Véu”:
“A
magia, em todos os seus aspectos, foi amplamente e quase abertamente praticada pelo
clero até a Reforma. E mesmo aquele que foi outrora chamado de ‘Pai da
Reforma’, o famoso John Reuchlin [5],
autor de Palavra Maravilhosa e amigo
de Pico della Mirandola, o mestre e
instrutor
de Erasmo, de Lutero e de Melâncton, era um cabalista e ocultista.” [6]
O
movimento da Reforma não foi todo ele luterano, é claro. Ao contrário de Martim
Lutero, os Amish e os Huteritas não adotam uma estrutura de-cima-para-baixo em suas igrejas, não têm sacerdotes assalariados
e não acreditam em igrejas sustentadas pelo estado.
Embora
as igrejas luteranas (e algumas igrejas menonitas) tenham seguido o exemplo do
Vaticano e apoiado os crimes de Adolf Hitler na Alemanha, os Amish e os
Huteritas tradicionalmente evitam todo uso de força e são radicalmente
não-violentos. [7]
Os
anabatistas não aderem ao culto das máquinas. Eles rejeitam a adoração cega da
tecnologia, que foi um aspecto central do nazismo. O fato de que os nazistas
adoravam instrumentos mecânicos ao mesmo tempo que desprezavam a vida constitui
um alerta que não deve ser esquecido em nosso século.
Os
Huteritas e os Amish se recusam a participar de conflitos militares de qualquer
tipo. Em vez disso, tentam viver sem burocracia no espírito dos ensinamentos
originais do cristianismo.
Vivendo
nos séculos 15 e 16, Reuchlin escapou por pouco de ser perseguido pelos dirigentes
do clero católico. Erasmo de Rotterdam foi um dos que ajudaram a protegê-lo, e
deu-lhe conselhos valiosos sobre como ficar dentro do limite do essencial de
modo a não irritar desnecessariamente os religiosos de mentalidade estreita.
Francis
Barham mostra o papel desempenhado por Reuchlin na proteção e preservação da
literatura judaica:
“No
seu intenso estudo da teologia e da literatura universais, Reuchlin
distinguiu-se especialmente pelo conhecimento do hebraico e das línguas cuchíticas,
tanto quanto das línguas da Grécia e de Roma. Ele resgatou as ciências
orientais, assim como as ciências clássicas. É principalmente a Reuchlin que nós
devemos o renascimento da literatura hebraica e cabalística na Europa. Ele
próprio foi o principal erudito hebraico do seu tempo, e compôs gramáticas e
dicionários do hebraico dificilmente superados pelos autores que vieram depois.
Além disso, Reuchlin teve um papel decisivo em evitar que manuscritos hebraicos
fossem queimados, preservando assim a literatura da nação judaica.” [8]
Reuchlin
é um dos grandes teosofistas de todos os tempos.
Sua
vida demonstra o melhor modo de impulsionar o progresso humano: a melhora
externa autêntica é aquela que surge da alma. A verdadeira luz espiritual se
irradia suavemente do interior. Toda a árvore da vida cresce pouco a pouco a
partir do coração criativo de uma pequena semente.
NOTAS:
[1] Fonte da informação sobre a data, “Collected
Writings”, H. P. Blavatsky, volume XIV, e Encyclopaedia Britannica.
O primeiro nome de Reuchlin também é
escrito como “Johann”.
[2] “Collected Writings”, H. P.
Blavatsky, TPH, EUA, volume XIV, p. 169.
[3] Veja o artigo de
HPB intitulado “The Trial of the
Sun Initiate” em “Collected Writings”, H. P. Blavatsky, TPH, EUA, volume XIV,
p. 266.
[4] “The Life and Times of John Reuchlin, or Capnion, the
Father of the German Reformation”, de Francis Barham, Esq., London: Whittaker and Co., Ave Maria Lane,
1843, 284 pp., ver p. 18. H.P. Blavatsky
se refere a esta obra na nota 5,
mais abaixo. O livro está disponível nos websites associados.
[5] NOTA DE HPB:
Veja a página de abertura da tradução em inglês da obra de Mayerhoff “Reuchlin
und Seine Zeit”, Berlim, 1830. “The
Life and Times of John Reuchlin, or Capnion, the Father of the German
Reformation”, de F. Barham, Londres, 1843.
[6] “Ísis Sem Véu”, Helena Blavatsky, Editora
Pensamento, SP, edição em quatro volumes, ver volume III, p. 29. O trecho foi
revisado de acordo com o original em inglês. A edição da Ed. Pensamento erra no
título da obra de Reuchlin. Em inglês, veja “Isis
Unveiled”, Volume II, de Helena P.
Blavatsky, p. 20.
[7] Sobre os
anabatistas, leia o artigo “A Filosofia Prática dos Amish”.
[8] “The Life and Times of John Reuchlin, or Capnion, the
Father of the German Reformation”, de Francis Barham, Esq., London: Whittaker and Co., 1843, ver p. 7.
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O artigo
acima foi publicado nos websites associados dia 21 de fevereiro de 2020.
Trata-se de uma tradução, feita pelo próprio autor, do original em inglês: “Reuchlin, the Father of Reformation”.
O texto também está disponível no nosso blog em “The Times of Israel”.
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