21 de fevereiro de 2020

Reuchlin, o Pai da Reforma

Nascido em 22 de Fevereiro de 1455,
John Reuchlin Preparou o Caminho para Lutero

Carlos Cardoso Aveline

 

Visão parcial da estátua de Reuchlin na cidade em que ele nasceu




“…John Reuchlin (…), autor de
Palavra Maravilhosa’, [foi] o mestre e  
instrutor de Erasmo, de Lutero e de Melâncton”

(Helena P. Blavatsky)



O humanista e cabalista alemão John Reuchlin nasceu sob o signo de Peixes, em 22 de fevereiro de 1455, e viveu até 1522. [1]

Entre os doze signos zodiacais, Peixes é considerado “o sonhador”. O tipo correto de sonho prepara a ação eficiente. Reuchlin trabalhou no nível abstrato da ação onírica mística como um pioneiro da Reforma de Martim Lutero. H. P. Blavatsky o chama de “pai da Reforma”. [2] Como místico, Reuchlin abriu caminho num plano filosófico para aquela transformação. Blavatsky cita o artigo da enciclopédia Royal Masonic sobre “Rosicrucianism”:

“Os sonhos cabalísticos de um John Reuchlin levaram à ação ígnea de um Lutero (…).”[3]

O episódio indica como acontecem de fato as mudanças sociais. Elas começam nos níveis abstratos do sonho. Francis Barham escreve na sua obra clássica de 1843, intitulada “The Life and Times of John Reuchlin” (“A Vida e a Época de John Reuchlin”):

“Todas as mudanças e revoluções começam nas experiências metafísicas dos indivíduos, e só podem ser explicadas por tais experiências.” [4]

Estudante da religião dos judeus, erudito conhecedor da língua hebraica, Reuchlin foi um pioneiro da fraternidade universal. Escrevendo sobre a história do cristianismo, H.P. Blavatsky diz em “Ísis Sem Véu”:

“A magia, em todos os seus aspectos, foi amplamente e quase abertamente praticada pelo clero até a Reforma. E mesmo aquele que foi outrora chamado de ‘Pai da Reforma’, o famoso John Reuchlin [5], autor de Palavra Maravilhosa e amigo de Pico della Mirandola, o mestre e
instrutor de Erasmo, de Lutero e de Melâncton, era um cabalista e ocultista.” [6]

O movimento da Reforma não foi todo ele luterano, é claro. Ao contrário de Martim Lutero, os Amish e os Huteritas não adotam uma estrutura de-cima-para-baixo em suas igrejas, não têm sacerdotes assalariados e não acreditam em igrejas sustentadas pelo estado.

Embora as igrejas luteranas (e algumas igrejas menonitas) tenham seguido o exemplo do Vaticano e apoiado os crimes de Adolf Hitler na Alemanha, os Amish e os Huteritas tradicionalmente evitam todo uso de força e são radicalmente não-violentos. [7]

Os anabatistas não aderem ao culto das máquinas. Eles rejeitam a adoração cega da tecnologia, que foi um aspecto central do nazismo. O fato de que os nazistas adoravam instrumentos mecânicos ao mesmo tempo que desprezavam a vida constitui um alerta que não deve ser esquecido em nosso século.

Os Huteritas e os Amish se recusam a participar de conflitos militares de qualquer tipo. Em vez disso, tentam viver sem burocracia no espírito dos ensinamentos originais do cristianismo.

Vivendo nos séculos 15 e 16, Reuchlin escapou por pouco de ser perseguido pelos dirigentes do clero católico. Erasmo de Rotterdam foi um dos que ajudaram a protegê-lo, e deu-lhe conselhos valiosos sobre como ficar dentro do limite do essencial de modo a não irritar desnecessariamente os religiosos de mentalidade estreita.

Francis Barham mostra o papel desempenhado por Reuchlin na proteção e preservação da literatura judaica:

“No seu intenso estudo da teologia e da literatura universais, Reuchlin distinguiu-se especialmente pelo conhecimento do hebraico e das línguas cuchíticas, tanto quanto das línguas da Grécia e de Roma. Ele resgatou as ciências orientais, assim como as ciências clássicas. É principalmente a Reuchlin que nós devemos o renascimento da literatura hebraica e cabalística na Europa. Ele próprio foi o principal erudito hebraico do seu tempo, e compôs gramáticas e dicionários do hebraico dificilmente superados pelos autores que vieram depois. Além disso, Reuchlin teve um papel decisivo em evitar que manuscritos hebraicos fossem queimados, preservando assim a literatura da nação judaica.” [8]

Reuchlin é um dos grandes teosofistas de todos os tempos.

Sua vida demonstra o melhor modo de impulsionar o progresso humano: a melhora externa autêntica é aquela que surge da alma. A verdadeira luz espiritual se irradia suavemente do interior. Toda a árvore da vida cresce pouco a pouco a partir do coração criativo de uma pequena semente.

NOTAS:

[1] Fonte da informação sobre a data, “Collected Writings”, H. P. Blavatsky, volume XIV, e Encyclopaedia Britannica.  O primeiro nome de Reuchlin também é escrito como “Johann”.

[2] “Collected Writings”, H. P. Blavatsky, TPH, EUA, volume XIV, p. 169. 

[3] Veja o artigo de HPB intitulado “The Trial of the Sun Initiate” em “Collected Writings”, H. P. Blavatsky, TPH, EUA, volume XIV, p. 266. 

[4] The Life and Times of John Reuchlin, or Capnion, the Father of the German Reformation”, de Francis Barham, Esq., London: Whittaker and Co., Ave Maria Lane, 1843, 284 pp., ver p. 18.  H.P. Blavatsky se refere a esta obra na nota 5, mais abaixo. O livro está disponível nos websites associados.

[5] NOTA DE HPB: Veja a página de abertura da tradução em inglês da obra de Mayerhoff “Reuchlin und Seine Zeit”, Berlim, 1830. “The Life and Times of John Reuchlin, or Capnion, the Father of the German Reformation”, de F. Barham, Londres, 1843.

[6] “Ísis Sem Véu”, Helena Blavatsky, Editora Pensamento, SP, edição em quatro volumes, ver volume III, p. 29. O trecho foi revisado de acordo com o original em inglês. A edição da Ed. Pensamento erra no título da obra de Reuchlin. Em inglês, veja “Isis Unveiled”, Volume II, de Helena P. Blavatsky, p. 20.

[7] Sobre os anabatistas, leia o artigo “A Filosofia Prática dos Amish”.

[8] The Life and Times of John Reuchlin, or Capnion, the Father of the German Reformation”, de Francis Barham, Esq., London: Whittaker and Co., 1843, ver p. 7.

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O artigo acima foi publicado nos websites associados dia 21 de fevereiro de 2020. Trata-se de uma tradução, feita pelo próprio autor, do original em inglês: “Reuchlin, the Father of Reformation”. O texto também está disponível no nosso blog em “The Times of Israel”. 

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