A Dependência Deve Ser
Transcendida,
Para Que Surja a Autorresponsabilidade
The Theosophical Movement
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Nota Editorial:
Segundo a teosofia clássica, a
independência individual é
indispensável para que exista um
verdadeiro autoconhecimento.
Sem autorresponsabilidade, não há
autolibertação. A adesão
cega a um grupo leva ao
parasitismo dos “rebanhos” inconscientes.
Neles, os cegos são conduzidos
por cegos ao longo do caminho
“largo e fácil” que perpetua a
ignorância. Porém a indispensável
independência individual é
sobretudo interna, e não implica
separação nem separatividade. A
independência é relativa: ela anda
junto com a interação e a
interdependência que unem todos seres.
O texto a seguir é traduzido da
edição de janeiro de 2010 da
revista indiana “The Theosophical Movement”. O título original
é “Questions and Answers”, e ele foi
publicado nas páginas 29-31.
(CCA)
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Pergunta:
Como distinguir a interdependência da dependência, e
alcançar o verdadeiro discernimento sobre o que é ser independente?
Resposta:
O processo de crescimento é o avanço desde a dependência
para a interdependência. Nós nascemos, em primeiro lugar, porque alguma mulher
nos carregou durante cerca de nove meses em seu útero, e nos alimentou. Uma
criança abandonada após o parto iria chorar até morrer. As crianças que são
alimentadas mas não são acariciadas nem ganham colo, isto é, não recebem amor e
calor humano, também morrem. Não existe algo como “homem independente”. Desde a
nossa infância, ocorre uma contribuição de muitas pessoas para nós sejamos quem
somos. Para as nossas necessidades básicas de alimentação, de roupas e de
abrigo, nós dependemos de outros. Também somos emocionalmente dependentes dos
outros, e da mesma forma os outros dependem de nós. Observamos esta dependência
e interdependência nos reinos inferiores da natureza, e neste caso ela é
descrita como simbiose, o que
significa uma vida conjunta de organismos diferentes. Mutualismo é uma forma de simbiose em que a relação entre os
indivíduos produz benefício para eles. No entanto, o parasitismo é a forma de simbiose em que um indivíduo é dependente
e se beneficia às custas do outro. A interdependência pode facilmente degenerar
em dependência se recebemos passivamente e sem retribuir. Passamos a usar o
outro até o ponto de tirar dele sua energia física ou psíquica.
No momento em que reconhecemos que nós também
necessitamos fazer nossa própria contribuição, o processo se torna uma
interdependência. Caso contrário somos parasitas, ou, como o Bhagavad Gita
assinala, somos apenas ladrões que recebem sem fazer uma retribuição. A lei da
fraternidade universal se expressa no processo de cooperação entre os seres.
Sabemos que uma cidade entra em completo caos quando os coletores de lixo, ou
os químicos e farmacêuticos, ou os motoristas, entram em greve. Quando um país
sofre de alguma calamidade, tal como terremoto, tsunami, fome ou recessão
econômica, os seus efeitos são sentidos em outros países.
Em última instância, independência e interdependência
devem ser elementos de um estudo sobre Carma Coletivo. “Ninguém pode cometer um
erro sozinho, nem arcar sozinho com as consequências do erro.” Através das
nossas ações boas ou más, nós aceleramos ou retardamos o progresso da raça
humana, ainda que em uma proporção muito pequena. Por exemplo, vivendo neste
século, temos à nossa disposição comodidades como um transporte melhor,
computadores e equipamentos elétricos. Mas isso também significa ter que
suportar crime, corrupção e poluição. Este é o aspecto coletivo do carma. Nele
nós compartilhamos e suportamos consequências boas e más, pelo fato de fazermos
parte do conjunto. Não estamos sozinhos nesta peregrinação. Temos que “chegar
ao destino” na companhia de outros peregrinos e não através do isolamento. E no
entanto, ninguém pode nos tirar do atoleiro e colocar-nos sob o sol. A mãe pode
alimentar o bebê, mas a criança deve comer e fazer a digestão do alimento.
Assim, também, nós somos ajudados por seres espirituais, mas cada indivíduo
avança tomando decisões certas ou erradas. A interdependência é um fator
importante do progresso espiritual, e é através da interdependência que a
verdadeira independência é percebida.
A família, a nação, a raça humana, etc., nos deram
algumas características, e, como indivíduo, cada vez que erradicamos uma má
tendência da nossa natureza pessoal fazemos uma contribuição para a purificação
das tendências da nossa família, da nossa nação e da raça humana; estamos
mudando seu Carma como coletividade e afirmando a nossa independência. Mesmo
vivendo na quarta ronda, Buddha e Shankara possuíram um conhecimento que a
média da humanidade só irá adquirir na quinta e na sexta rondas.[1] O sr. William Judge escreve:
“Você pode percorrer a trajetória necessária em 700
encarnações, em sete anos, ou em sete minutos.” Um indivíduo pode avançar à
frente da raça humana. [2]
No livro “Letters That Have Helped Me”, William Judge
diz:
“Estou cansado das pessoas que bocejam uma e outra vez e
são tão norte-americanamente ‘independentes’ - como se os seres humanos
pudessem em algum momento ser independentes uns dos outros.” Este é o ponto
central da questão. Existe um estado de liberdade positiva, no qual o indivíduo
existe como um ser independente, mas unido a outros seres humanos, e em unidade
com o mundo e a natureza. Um homem realmente livre desenvolveu a sua divindade
até o ponto de ser capaz de viver com outros homens e mulheres sem interferir
em suas vidas.
NOTAS:
[1] As Rondas são períodos extremamente
longos de evolução das mônadas humanas. O tema é abordado na obra “A Doutrina
Secreta”, de Helena Blavatsky. (CCA)
[2] “Letters That Have Helped Me”, William
Q. Judge, Theosophy Co., Los Angeles, p. 21.
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O texto acima foi publicado
pela primeira vez na edição de novembro de 2010 de “O Teosofista”.
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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa análise da situação
do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu formar a Loja
Independente de Teosofistas, que tem como uma das suas prioridades a construção de um futuro melhor nas
diversas dimensões da vida.
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