Obra de H. P. Blavatsky
Abre Caminho Para a Ciência
Sylvia
Cranston
Anita
Atkins (1915-2000), cujo nome literário era
Sylvia
Cranston, e a capa do seu livro sobre HPB
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Nota
Editorial:
Escritos em pleno século 19,
os livros de
Helena Blavatsky não
anunciaram apenas
o rumo, mas também abriram
caminho
para o progresso realizado
pela Física até
o século 21. E este não é o
aspecto mais
importante da questão. Resta
muito por ser
compreendido na obra de H. P.
Blavatsky.
Ainda hoje a obra da grande
pensadora russa
contém inúmeros elementos e
chaves essenciais
para o avanço futuro da
ciência. Segundo a
teosofia, a ciência ocidental
está em sua
infância, e apenas
começa a reaproximar-se
da antiga filosofia universal
e esotérica.
Reproduzimos a seguir a
primeira parte
do Capítulo 3, Parte 7, da
obra “Helena
Blavatsky”,
de Sylvia Cranston (Editora
Teosófica, Brasília, 1997, 678
pp.). O capítulo
é intitulado “A Ciência e A
Doutrina Secreta”.
Algumas das referências nas
notas de
rodapé de S. Cranston foram
adaptadas ao nosso
contexto editorial. A
ortografia foi atualizada.
(Carlos Cardoso Aveline)
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Em 1988, por ocasião dos cem
anos da publicação da obra “A Doutrina Secreta” [de Helena Blavatsky], foram
realizados vários simpósios nos Estados Unidos, Europa e Índia. Em uma palestra
na cidade de Culver, na Califórnia, o destacado teosofista norte-americano
Jerry Hejka-Ekins observou: [1]
“É muito pouco provável que algum crítico
literário, examinando ‘A Doutrina Secreta’
em 1888, pensasse que esta obra pudesse ter mais do que algumas poucas
edições. É uma obra de tamanho considerável, com cerca de 1500 páginas, cheia
de termos filosóficos e religiosos do Extremo Oriente que contrastavam com a
ciência do século dezenove e com as teorias agora descartadas. Mas, de qualquer
modo, cem anos depois, ‘A Doutrina Secreta’ continua sendo impressa e ainda
está sendo estudada... O que há em ‘A Doutrina Secreta’ que a faz perdurar e
continuar influenciando o pensamento atual quando outras obras foram esquecidas
há muito tempo? Talvez este livro pertença realmente ao século vinte e tenha
sido escrito 100 anos antes do seu tempo... Se a autora não fosse capaz de
antecipar as descobertas futuras, o livro teria se tornado obsoleto em pouco
tempo diante do avanço da ciência. No entanto, HPB fez a predição de que ‘só no
século vinte, partes desta obra, se não a integridade, seriam aceitas’.”
[2]
Profecias são raras em “A Doutrina Secreta”. A que
se segue é particularmente fascinante pois foram dadas as datas específicas em
que ela se realizaria: [3]
“O total exato, a profundidade, a amplitude e a
extensão dos mistérios da natureza só se encontram na ciência esotérica
oriental. Eles são tão vastos e profundos que apenas um número muito restrito
entre os mais altos Iniciados - aqueles cuja própria existência só é conhecida
de uns poucos Adeptos - são capazes de compreender tais conhecimentos. Tudo,
porém, está ali; e os fatos e processos do laboratório da natureza podem, um
por um, abrir caminho na ciência exata, quando uma assistência misteriosa é
proporcionada a uns poucos indivíduos em seus esforços para desvendar os seus
arcanos. É no fim dos grandes ciclos relacionados com o desenvolvimento das
raças que geralmente se produzem esses acontecimentos. Estamos chegando
precisamente ao final do ciclo de 5000 anos do presente Kali Yuga ariano; e
entre este momento [1888] e o ano de 1897 será feita uma enorme ruptura no véu
da natureza, e a ciência materialista receberá um golpe mortal.”[4]
Há duas partes na profecia. A primeira levanta a
questão sobre se alguma descoberta científica notável seria permitida no
período mencionado de nove anos. David Deitz, em seu trabalho “The New Outline
of Science” (“Uma Nova Visão da Ciência”), nos dá uma visão geral bastante
útil:
“A história da civilização mostra poucos contrastes
maiores do que a diferença entre os pontos de vista dos físicos do século
dezenove e do século vinte. Quando o século dezenove estava terminando, os
físicos sentiam que haviam completado as suas tarefas. Um eminente cientista
daquele tempo, ao fazer uma conferência em 1893, disse que era muito provável
que as grandes descobertas no campo da Física já tivessem sido feitas. Ele
esboçou a história e o desenvolvimento da ciência, resumindo ao final as
teorias bem estruturadas do século dezenove - segundo ele afirmava - totalmente
suficientes. O físico do futuro, disse ele tristemente, nada terá a fazer senão
repetir e refinar as experiências do passado, acrescentando mais uma ou duas
decimais a algum peso atômico ou constante da natureza.”
[5]
“Mas, dois anos mais tarde, no dia 28 de dezembro
de 1895, Wilhelm Conrad Roentgen apresentava ao secretário da Sociedade de
Física Médica de Würzburg o seu primeiro relatório escrito sobre a sua
descoberta [acidental] dos raios-x. No primeiro dia de 1896, ele enviou pelo
correio cópias do texto impresso para amigos cientistas em Berlim e outros
lugares. Enviava com o texto algumas cópias das primeiras fotografias feitas
por ele com os raios-x... das quais a mais espetacular mostrava os ossos de uma
mão humana. Ali estava exatamente o que o orador de 1893 havia dito que não
poderia ocorrer: havia sido feita uma nova descoberta... Roentgen havia
encontrado alguns raios misteriosos que penetravam em objetos opacos tão
facilmente como a luz do sol atravessa os vidros de uma janela. No século
dezenove não havia físicos que pudessem explicar esse fenômeno surpreendente...
Não só os físicos mas as pessoas por toda parte ficaram excitadas com a
novidade. Roentgen ficou famoso da noite para o dia.” [Ele recebeu, em 1901, o
Prêmio Nobel da Física.]
“A segunda grande descoberta no reino da física atômica
foi a da radioatividade, realizada por Antoine Henri Becquerel em Paris, [em
1896] poucas semanas depois do anúncio de Roentgen. O pai de Becquerel, também
físico, tinha investigado a fluorescência, o fato de que muitas substâncias
submetidas à luz do sol reluziam mais tarde no escuro. Becquerel recordava o
trabalho de seu pai e perguntou-se se havia alguma semelhança entre a
fluorescência e os raios-x. Em função disso, ele envolveu uma chapa fotográfica
em papel preto e colocou sobre ela um cristal de sal de urânio que o seu pai
havia usado. Ele expôs este conjunto aos raios do sol. Ao revelar a chapa
fotográfica, constatou que ela estava manchada ou escurecida como se alguma luz
tivesse penetrado nela através do papel negro. Ele supôs que a ação da luz do
sol tinha feito com que o urânio emitisse raios-x.” [6]
Durante os preparativos para experiências
posteriores, Becquerel descobriu acidentalmente não os raios-x que ele buscava,
mas a radioatividade. Sobre o assunto, o eminente físico moderno Robert
Millikan observa:
“A radioatividade era revolucionária para o
pensamento humano, pois significava que alguns dos ‘átomos eternos’, isto é, os
de urânio e tório, são instáveis e lançam fora espontaneamente com grande
energia pedaços de si mesmos, desta forma transformando-se em outros átomos...
De todas as novas descobertas, esta era a mais espantosa para o pensamento
humano e estimulante para a imaginação, pois destruía a ideia da imutabilidade
dos elementos e mostrava que os sonhos dos alquimistas poderiam tornar-se
verdade um dia.” [7]
A próxima “revelação” ocorrida dentro do período de
tempo previsto em “A Doutrina Secreta” foi a mais importante de todas; a
descoberta do elétron, em 1897, por sir J. J. Thomson. O dr. Karl Compton,
ex-presidente do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, fez o seguinte
comentário em 1936, quando se afastava do cargo de presidente da Associação
Americana Para o Progresso da Ciência:
“A história da ciência está cheia de exemplos de
que um novo conceito ou descoberta pode levar a avanços tremendos em campos
novos e vastos cuja própria existência era, até então, insuspeitada... Mas, do
meu ponto de vista, nenhum exemplo foi tão dramático como o da descoberta do
elétron, a menor partícula do universo que, no período de uma geração,
transformou não só a estagnada ciência da Física, mas também uma Química
puramente descritiva e uma estéril Astronomia em ciências que se desenvolvem
dinamicamente, cheias de aventura intelectual, com interpretações
inter-relacionadas e valores práticos.” [8]
A descoberta de Thomson foi a culminação de uma
série de experimentos iniciados por sir William Crookes, que se dedicava ao
estudo das descargas elétricas em alto vácuo no tubo de Crookes, inventado por
ele. Este tubo iria tornar-se um protótipo para os tubos de televisão e luz
fluorescente usados hoje. As experiências de Crookes implicavam a existência de
um quarto estado da matéria, que ele chamava de matéria radiante, e que, dez
anos depois, constatou-se serem elétrons! É interessante que, em 1888, em “A
Doutrina Secreta” [9], HPB predizia que: “a descoberta da matéria
radiante do sr. Crookes conduzirá a um estudo mais completo sobre a verdadeira
origem da luz, revolucionando todas as teorias atuais”.
A descoberta do elétron, observa o renomado físico
norte-americano Robert Millikan, foi “extremamente útil para a humanidade, com
suas milhares de extensões e aplicações para o rádio, para as comunicações de
todo tipo, para a produção cinematográfica e inúmeras outras indústrias...” As
descobertas científicas foram poderosamente aceleradas pelo uso de instrumentos
eletrônicos.
A própria obra “A Doutrina Secreta” foi usada para
diversas finalidades. O major Herbert S. Turner, inventor do cabo co-axial
utilizado na telefonia e instalado de um lado a outro dos Estados Unidos no
final da década de 1940, relacionou sua invenção com algumas passagens-chave de
“A Doutrina Secreta” [10] como o conceito de círculo-que-não-pode-ser-transposto
[11], aplicadas por ele em ideias de caráter profundamente oculto em
relação ao mundo da energia física. [12]
A profecia de “A Doutrina Secreta” que estamos
examinando afirma que como resultado da “enorme ruptura feita no véu da
natureza... a ciência materialista receberá um golpe mortal”. Em “Time, Matter
and Values” (“Tempo, Matéria e Valores”), após haver descrito as novas
descobertas da Física, Millikan conclui: “como resultado, o materialismo
dogmático na Física está morto”. [13]
Raymond S. Yates, em seu livro “These Amazing
Electrons” (“Esses Elétrons Surpreendentes”), assevera: “A velha escola estava
em plena retirada. A Física estava totalmente confusa. Estava momentaneamente
atordoada por uma avalanche de questões ponderáveis. O último tijolo sólido do
edifício do materialismo caíra, e o pequeno e cômodo sistema de categorias e os
refúgios engenhosos, construídos com tanto trabalho, haviam caído com um ruído
surdo e inquietante”. [14]
Segundo David Deitz, quando o século dezenove
terminou já era claro que uma “verdadeira revolução acontecera no campo da
Física”. Ele continua:
“Quatro descobertas significativas - os raios-x, a
radioatividade, o elemento químico rádio e o elétron - convenceram os
cientistas de que a sua tarefa estava apenas começando, e não terminando. Havia
chegado o momento de invadir o interior do átomo. É arriscado, no entanto,
afirmar que alguém pudesse prever, no começo do século vinte, os grandes
avanços que seriam feitos na visão teórica, ou as aplicações espetaculares que
surgiriam a partir desse novo conhecimento.” [15]
O ciclo do despertar científico, que se seguiu à
descoberta do elétron, continuou a aprofundar-se com três descobertas
adicionais, que abalaram ainda mais os alicerces das doutrinas materialistas:
1898 - Rádio. O elemento
descoberto por Marie Curie e seu marido, Pierre, é quatro vezes mais radiante
do que o urânio de Becquerel.
1900 - A Física
Quântica. Max Planck lançou as bases da teoria quântica em 1900 ao mostrar que
a matéria emite e absorve radiação em pequenos pacotes ou quanta,
mais tarde chamados de fótons
por Einstein, ficando demonstrado que a luz pode, portanto, ser vista como
partícula e como onda. (Mais de duas décadas depois, Louis de Broglie
demonstrou que a matéria também se comporta com a dualidade partícula-onda). Em
1913, Niels Bohr afirmou que os elétrons saltam de uma órbita para outra em
torno de um núcleo atômico ao absorver ou emitir quanta de energia, sem
atravessar o espaço entre uma órbita e outra (em outras palavras, dão um salto
quântico, expressão frequentemente usada hoje em diversos contextos). Este foi
um grande golpe contra a doutrina mecanicista.
1905 - A Equação de
Einstein E = mc². A teoria de Einstein “acrescentou o reconhecimento de que a
massa ou matéria é equivalente à energia, e de que o tempo e o espaço são
partes integrantes do continuum de matéria-energia que constitui o universo”. [16]
Como foi indicado no prefácio deste livro, um certo
número de cientistas tem-se interessado por “A Doutrina Secreta”. De acordo com
uma sobrinha sua, Einstein tinha sempre uma cópia dessa obra na sua mesa de
trabalho. Detalhes do seu testemunho são dados na Nota 22 da Parte 7, ao final
deste livro, onde se evidencia também que duas pessoas poderiam ter despertado
o interesse de Einstein nesta obra.[17] “A Doutrina Secreta” contém
muitos ensinamentos que eram negados pela ciência nos dias de HPB, mas que
foram comprovados mais tarde como verdadeiros, e é possível que essa obra
contenha sugestões de outras verdades que ainda serão aceitas. Aqui estão três
exemplos de descobertas pré-configuradas por HPB, no campo da Física.
1. Os átomos são divisíveis
Sir Isaac Newton escreveu na sua obra “Optics”
(“Ótica”) que: “No início Deus formou a matéria em partículas maciças, sólidas,
duras, impenetráveis e em movimento, com os tamanhos, formas, propriedades e
proporções em relação ao espaço que eram mais adequados ao objetivo em função
do qual foram criadas”. [18] Mais tarde, os cientistas eliminaram a
teologia contida nessa declaração, mas conservaram a ideia das “partículas
duras e impenetráveis”, ou átomos, como os tijolos básicos da construção do
universo. Quando o elétron foi descoberto em 1897, os tijolos começaram a
fragmentar-se. O átomo era divisível.
E aqui está o que HPB disse em “A Doutrina
Secreta” [19]:
“O átomo é divisível e deve compor-se de partículas
ou sub-átomos... A ciência do ocultismo é toda baseada na doutrina da natureza
ilusória da matéria e na divisibilidade infinita do átomo.”
Quanto à divisibilidade infinita do átomo, um
cientista amigo escreveu para esta autora: “A ciência avançou nessa direção só
passo a passo - encontrando primeiro o elétron e depois os prótons, mais tarde
os nêutrons e a seguir os quarks e outras partículas, pensando, a cada vez, que
havia encontrado a última partícula. Agora, finalmente, chegou às ondas puras,
como na teoria das cordas, que corresponde à ciência da D.S.” [20]
Quando os quarks foram localizados pela primeira
vez, Werner Heisenberg comentou:
“Mesmo que os quarks pudessem ser encontrados,
segundo tudo o que sabemos, eles poderiam ser divididos novamente em dois
quarks e um antiquark etc., e, assim, eles não seriam mais elementares que um
próton... Nós teremos que abandonar a filosofia de Demócrito e o conceito de
partículas elementares fundamentais. Devemos, em vez disso, aceitar o conceito
das simetrias fundamentais, que tem base na filosofia de Platão.” [21]
2. Os átomos estão em movimento perpétuo
Os cientistas do tempo de HPB não só acreditavam
que os átomos eram indivisíveis mas também que eles eram imóveis, exceto no
estado gasoso. “A Doutrina Secreta” declara: [22]
“Diz o ocultismo que nunca a matéria se acha mais
ativa do que quando parece morta. Um bloco de madeira ou de pedra está imóvel e
é impenetrável em todos os sentidos. Não obstante, na realidade, suas
partículas estão animadas por um movimento vibratório incessante, eterno, tão
rápido que, para o olho físico, o objeto parece em absoluto desprovido de
movimento; e a distância daquelas partículas entre si, no seu movimento vibratório,
é tão grande - vista de outro plano de existência e percepção - como a que
separa flocos de neve ou gotas de chuva. Mas, para a ciência física, esta ideia
é um absurdo.”
Hoje é difícil pensar que algum dia isso foi
considerado um absurdo.
Segundo “A Doutrina Secreta”, o movimento
incessante dos átomos no que vemos como um objeto sólido está de acordo com uma
lei universal subjacente ao cosmo de que “não há repouso nem interrupção de
movimento na natureza”. [23] Isso está de acordo com a visão de Einstein,
segundo “The Theory of Relativity” (“A Teoria da Relatividade”), de Garrett
Service:
“Pesquisas científicas mostram que, nas coisas
infinitamente pequenas assim como nas infinitamente grandes, tudo é
movimento... e não encontramos nada em repouso. Assim sendo, diz Einstein, o
movimento deve ser visto como a condição natural e também real da matéria, algo
que não necessita de ser explicado, porque surge da própria substância do
universo. É a verdadeira essência da existência.” [24]
Em “A Doutrina Secreta”, HPB afirma que “o
movimento abstrato absoluto” é um símbolo do próprio Absoluto. [25]
3. Matéria e energia são conversíveis
A ciência do século dezenove acreditava no oposto.
Einstein desaprovou a crença antiga em 1905 com a sua famosa equação E = mc2.
Millikan traduz a equação da seguinte maneira:
“m é massa em gramas; c é
velocidade da luz em centímetros por segundo (30.000.000.000 cm/s); e E
é energia em unidades de energia, isto é, em ergs. Expressa na linguagem comum
de engenharia, a equação de Einstein diz que, se um grama de massa é
transformado em calor a cada segundo, são gerados continuamente 90 bilhões de
quilowatts de energia.”
“A concepção extraordinariamente importante aqui”,
acrescenta Millikan, “é que a própria matéria é conversível em energia
radiante”. [26] Uma maneira mais geral de explicar este fato agora
comprovado seria dizer que a matéria é energia condensada, enquanto energia é
matéria que se expandiu. HPB cita um trecho de um artigo da revista “The Path”
(janeiro de 1887, p.297) em “A Doutrina Secreta” [27]:
“Como declarou um teosofista norte-americano, ‘as
mônadas (de Leibnitz) podem ser consideradas como força, de certo ponto de
vista; e, de outro, como matéria. Para a ciência oculta, força e matéria não
são mais que dois aspectos da mesma substância’.”
Essa substância ela chamava de prakriti, que emana
da matéria primordial, ou mulaprakriti (a raiz da matéria).
Em “Ísis Sem Véu” [28], HPB postula
diretamente a conversibilidade de força em matéria ao afirmar:
“Toda manifestação objetiva, seja no movimento do
corpo de um ser vivo, seja no movimento de algum corpo inorgânico, requer duas
condições: vontade e força - além de matéria, que é aquilo que faz com que o
objeto que se move seja visível aos nossos olhos; e essas três são todas forças
conversíveis...”
A referência que se segue [29] é
especialmente interessante, não só porque a expressão energia atômica indica
que os átomos têm energia, mas porque HPB parece ter sido a primeira pessoa a
usar esta expressão tão comum hoje:
“O ‘movimento ondulatório das partículas vivas’ torna-se
compreensível com a teoria de um... Princípio Vital universal, que é
espiritual, independente de nossa matéria e que se manifesta como energia
atômica somente no nosso plano de consciência.”
Tendo em vista tudo o que foi dito antes, não é
surpreendente ser informada pelos atuais editores de “A Doutrina Secreta” que
eles têm recebido pedidos frequentes de exemplares dessa obra feitos por
professores universitários. Um professor do Instituto de Tecnologia da
Califórnia comprou o livro diversas vezes nos últimos anos. Perguntado
amavelmente sobre a razão disso, soube-se que, cada vez que um exemplar estava
demasiadamente marcado, dificultando a sua leitura, ele comprava outro exemplar.
Esta escritora soube em 1982, quando visitava
Boston e Cambridge, que os professores e alunos de química do Instituto de
Tecnologia de Massachusetts (MIT) estavam fazendo planos para investigar os
ensinamentos em “A Doutrina Secreta” relativos às suas especialidades. Em 1988,
soube-se, por meio de Philip Perchion, um cientista que havia trabalhado na
bomba atômica, que professores e estudantes do MIT haviam formado uma sociedade
alquímica e que estudavam regularmente “A Doutrina Secreta”. Ele também disse
que ele e vários professores de química - a maior parte professores aposentados
do MIT - encontravam-se periodicamente para discutir a D. S. no Harvard Club,
em Nova Iorque.
4. Albert Einstein e “A Doutrina Secreta”
[Texto Completo da Nota 22, Parte 7, do livro
“Helena Blavatsky”, de Sylvia Cranston:]
Robert Millikan pode ter sido um dos primeiros
cientistas a apresentar “A Doutrina Secreta” para Einstein. De 1921 a 1945 ele
foi o diretor do Laboratório Norman Bridges no Instituto de Tecnologia da
Califórnia, em Pasadena; ele era também o presidente do comitê executivo do Cal
Tech.
Nos anos 30, Millikan ajudou a trazer Einstein para
os Estados Unidos. Por três verões, Einstein trabalhou em Cal Tech,
antes de aceitar um posto em Princeton.
Millikan estava profundamente interessado em “A
Doutrina Secreta”. Durante seu mandato em Cal Tech, uma cópia do livro,
na biblioteca da escola, era tão solicitada que para alguém conseguir o seu
empréstimo tinha que colocar o nome numa longa lista de espera. Parece provável
que Millikan tenha sido um dos que despertaram o interesse de Einstein pela Doutrina
Secreta.
Outra pessoa pode ter sido Gustav Stromber, um
astrofísico do Observatório Mount Wilson, de Los Angeles, que foi um bom amigo
de Einstein e trabalhou com ele no observatório. Quando a obra de Stromberg
“Soul of the Universe” (“Alma do Universo”) foi publicada, tinha na
orelha uma recomendação de Einstein.
É interessante notar que, durante este período,
Boris de Zirkoff, compilador de “H.P. Blavatsky Collected Writings”, visitava
frequentemente o observatório e fez amizade com os astrônomos de lá. Disse ele
que todos estavam interessados em teosofia, particularmente o dr. Hubbell.
Stromberg visitou a Sociedade Teosófica em Point Loma, e, certa vez, fez uma
palestra lá; ele escreveu até mesmo a introdução para um livro de astronomia de
dois teosofistas de Point Loma. Stromberg afirma:
“ ‘Star Habits and Orbits’ é descrito como
‘astronomia para estudantes de teosofia’. Isto inclui, consequentemente, dois
temas diferentes; primeiro, a descrição dos fatos astronômicos fundamentais, e,
segundo, uma interpretação destes fatos do ponto de vista dos ensinamentos
teosóficos (.....) O grande edifício da ciência moderna é incompleto sem a
apresentação de um mundo não-físico, a partir do qual a energia, a organização
e a mente temporariamente emergem e vão para dentro do mundo físico de espaço e
tempo. Teorias físicas modernas mostram a insuficiência dos conceitos
materialistas que até recentemente caracterizaram a ciência natural apontam
diretamente para um mundo que está em contato íntimo com a nossa própria
consciência.
Há muitos caminhos para o conhecimento e nenhum
deles deve ser negligenciado. Sabendo, como sabemos agora, que a nossa mente,
inclusive a nossa capacidade de pensar, tem suas raízes num mundo invisível mas
não desconhecido, é concebível que possam existir homens e mulheres inspirados
capazes de perceber algo dos mistérios fundamentais da vida e do universo sem o
uso de microscópios e telescópios.” (Charles J. Ryan e L. Gordon Plummer, “Star
Habits and Orbits”, Covina, Califórnia, EUA, Theosophical University
Press, 1944, pp. V-VI.)
[ Final da Nota 22, parte 7, do livro de Sylvia
Cranston. ]
NOTAS:
[1] “The Secret Doctrine
in the Light of Twentieth Century” (“A Doutrina Secreta à Luz do Pensamento do
Século Vinte”), revista “Sunrise”,
publicada pela Sociedade Teosófica de Pasadena, abril-maio de 1989, pp.
150-151.
[2] Veja “A Doutrina
Secreta”. Na edição em inglês, “The Secret Doctrine”, Theosophy Co., Los
Angeles, veja vol. II, p. 442.
[3] Volume II, pp.
323-324 da edição em português de “A Doutrina Secreta”, Ed. Pensamento.
[4] “A Doutrina
Secreta”, HPB. Em inglês, “The Secret Doctrine”, vol. I, pp. 611-612.
[5] “O diretor do
Departamento de Física da Universidade de Harvard desencorajava o estudo de
graduação, pois só bem poucos problemas permaneciam sem solução”. (Gary Zukav,
“The Dancing Wu Li Masters”, Nova Iorque, Bantam, 1980, p. 311.)
[6] David Dietz, “The
New Outline of Science” (“O Novo Perfil da Ciência”), Nova Iorque, EUA, Dodd,
Mead, 1972, pp. 259-263.
[7] Robert Millikan,
“The Autobiography of Robert A. Millikan”, Nova Iorque, EUA, Prentice-Hall,
1950, pp. 272, 271. Em 1909, o próprio Millikan cumpriu um importante papel ao
determinar as cargas elétricas exatas dos elétrons, e em 1923 recebeu o Prêmio
Nobel de Física pela descoberta dos raios cósmicos.
[8] “Science”, 8
janeiro 1937, p. 598.
[9] Volume II, p. 333
da edição em português, da Ed. Pensamento.
[10] “A Doutrina
Secreta”. Em inglês, “The Secret Doctrine”, Theosophy Company, Los Angeles,
Volume I, pp. 129-132.
[11] O
círculo-que-não-pode-ser-transposto (ring-pass-not no original) é aquilo
que separa o mundo da forma do mundo sem forma.
[12] “Theosophia”,
volume 4, número 22, novembro-dezembro de 1947, p. 15.
[13] Robert Millikan,
“Time, Matter and Values” (“Tempo, Matéria e Valores”), Chapel Hill, Carolina
do Norte, EUA, University of North Carolina Press, 1932, p. 96.
[14] Raymond F. Yates,
“These Amazing Electrons” (“Esses Elétrons Incríveis”), Nova Iorque, EUA, the
Macmillan Company, 1937.
[15] Dietz, “The New
Outline of Science”, p. 277.
[16] A. March e I.M.
Freeman, “The New World of Physics” (“O Novo Mundo da Física”), 1963; citado na
revista “Sunrise”, novembro de 1975, p. 81.
[17] Veja a Nota 22 da
parte 7 do livro de Sylvia Cranston, completa, ao final do presente texto.
Sobre este tema, leia o artigo “A Teosofia de Albert Einstein”, de Carlos
Cardoso Aveline, em nossos websites associados.
[18] M.R. Crossland, editor,
“The Science of Matter”, Nova Iorque, EUA, Penguin, 1971, p. 76.
[19] Vol. II, p. 232
da edição em português.
[20] “Em 1984”,
escreve Stephen Hawking, “houve uma mudança de opinião notável em favor do que
é chamado de teoria das cordas ..... O que antes se via como partículas, é
agora representado como ondas vibrando no cordel de uma pipa ou pandorga”.
(Hawking, “A Brief History of Time” - “Uma Breve História do Tempo”, p. 158-160
da edição em inglês).
[21] Werner
Heisenberg, “Science”, 19 de março de 1976, p. 1165.
[22] Volume II, p. 220
da edição em português.
[23] Blavatsky, “The
Secret Doctrine”, vol. I, p. 97; veja também vol. I, pp. 2, 55 e nota de rodapé
da p. 76.
[24] S. Garrett
Service, “The Einstein Theory of Relativity” (“A Teoria da Relatividade de
Einstein”), Nova Iorque, EUA, E. M. Radimann, 1928, p. 48.
[25] Vol. I, p. 14 da
edição em inglês.
[26] Millikan, “The
Autobiography of Robert A. Millikan”, p. 273.
[27] Vol. II, p. 335
da edição em português.
[28] Página 260, no volume
I, da edição brasileira. Em inglês, “Isis Unveiled”, Theosophy Co., Los
Angeles, Vol. I, p. 198.
[29] “A Doutrina
Secreta”, vol. IV, p. 242, da edição em português.
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Em setembro de 2016, depois de
cuidadosa análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de
estudantes decidiu formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem como
uma das suas prioridades a construção
de um futuro melhor nas diversas dimensões da vida.
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