Victor Cousin Discute a Relação
Entre o Ser Humano e a Infinitude
Carlos Cardoso Aveline

“Onde não existe uma concepção
do
infinito, nem amor pelo
infinito, não há religião.”
O filósofo eclético francês Victor
Cousin foi um dos primeiros pensadores que abriram as portas da cultura
ocidental para a sabedoria do Oriente.
[1]
Ele reconheceu que
a filosofia não começou na Grécia antiga, mas muito antes, e parece estar
ligado à edição ocidental de obras orientais que influenciaram o pensamento de
Emerson e outros filósofos transcendentalistas dos Estados Unidos.
No início do
século 19, Cousin proferiu um curso intitulado “Sobre o Verdadeiro, o Belo e o Bom”. Durante
o evento ele abordou a relação do ser humano com o Infinito,
e defendeu a tese de que as noções de bom, belo e verdadeiro são pontes de
contato com a infinitude.[2] Cousin
escreveu:
“O eu, a natureza
e o absoluto são os três elementos da vida intelectual.”
E ainda:
“Não há pensamento
sem o EU e o NÃO-EU finitos, isto é, sem uma dualidade fenomênica, e sem uma
substância infinita que dá as condições para a existência deles.”
Segundo Cousin, é
importante lembrar que tudo o que há de Finito existe no Infinito.
O que é Finito surge do Infinito, e ao
Infinito retornará.
O planeta Terra e
cada ser humano existem situados inevitavelmente no Infinito. O Espaço e o
Tempo ilimitados nos incluem. Eles permeiam nossa consciência, e nos rodeiam. O
Infinito Absoluto investigado por Cousin corresponde ao Parabrahm da filosofia
oriental.
Para o pensador francês, os três famosos temas da filosofia clássica grega - o bom, o belo e o verdadeiro - são aspectos externos do infinito. Cousin afirma que o infinito é uma necessidade humana básica, e está presente de modo oculto - simbolicamente ou potencialmente - naquilo que é bom, verdadeiro e belo.
Para o pensador francês, os três famosos temas da filosofia clássica grega - o bom, o belo e o verdadeiro - são aspectos externos do infinito. Cousin afirma que o infinito é uma necessidade humana básica, e está presente de modo oculto - simbolicamente ou potencialmente - naquilo que é bom, verdadeiro e belo.
Ele escreve:
“Assim como o amor
e a razão constituem a vida humana, eles também constituem a religião e a arte,
que são expressões desta vida. Explico: a razão concebe o infinito; o amor tem
uma aspiração pelo infinito; o que pode haver, além disso, na religião? Onde
não existe uma concepção do infinito, nem amor pelo infinito, não há religião.
(...) A religião é um olhar em direção ao infinito, lançado desde o âmago do finito;
e a arte é uma reprodução do infinito, através do finito.” [3]
O infinito não
pode ser encontrado no mundo externo e tridimensional. O que é bom, belo e
verdadeiro no mundo apenas aponta e sinaliza para o que é ilimitado. E este só
pode ser investigado se voltarmos nossa atenção para o mundo interno.
O céu estrelado à
noite pode ser uma imagem que sugere a infinitude universal: mas o infinito terá
de ser encontrado com a visão da alma.
NOTAS:
NOTAS:
[1] G.
W. Leibniz (1646-1716) foi outro pioneiro. No final da sua vida, Leibniz
escreveu longamente sobre a filosofia e a religião da China antiga,
defendendo-as.
[2] “Du Vrai, Du Beau et tu Bien”,
em “Oeuvres de Victor
Cousin”, Société Belge de Librairie,
Haufman et Co., Bruxelles, 1840, três volumes. Ver Tome I, 526 pp., p. 373. A coleção
reúne algumas de suas obras em volumes de grande porte, com texto em duas
colunas. As aulas do curso foram dadas na França entre 1815 e 1818.
[3] “Oeuvres
de Victor Cousin”, Tome I, ver p. 378.
000
Sobre o mistério do despertar individual
para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.

Com tradução, prólogo e notas de Carlos
Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014
por “The Aquarian Theosophist”.
000