28 de fevereiro de 2014

A Reencarnação Segundo o Cristianismo

Os Primeiros Cristãos Ensinavam a
Reencarnação Usando a Palavra “Ressurreição”

Carlos Cardoso Aveline 





O conceito de reencarnação está presente na cultura ocidental desde o seu berço. Seiscentos anos antes da era cristã, a metempsicose ou reencarnação era ensinada por Pitágoras. O Cristianismo dos primeiros tempos conhecia e ensinava a reencarnação sob o nome de “ressurreição”. 

Foi durante o processo de montagem política do cristianismo como religião imperial e dominante que as passagens sobre reencarnação foram radicalmente distorcidas ou eliminadas do Novo Testamento.

O conceito atual e convencional de ressurreição é destituído de sentido e contraria as leis da natureza.   Ele supõe que em algum momento futuro os mortos sairão fisicamente vivos das suas sepulturas, usando os mesmos corpos que morreram e apodreceram longo tempo atrás. Além de absurda, tal ideia é de um evidente mau-gosto. O conceito original de ressurreição, por outro lado, corresponde à ideia de reencarnação, não entra em choque com as leis da natureza e faz todo o sentido do ponto de vista da visão evolutiva das coisas.  Dele restam alguns indícios nas escrituras cristãs.   

No capítulo 15 da primeira epístola de Paulo aos Coríntios, Jesus é descrito como o ser que abre espaço para a ressurreição de todos. Segundo a leitura esotérica dos evangelhos, “Jesus” é na verdade um símbolo do sexto princípio, Buddhi, a sede da alma espiritual. É, realmente, através e a partir do princípio divino na consciência humana que se dá a reencarnação ou ressurreição. Em 1 Coríntios 15: 44, vemos:

“Semeia-se o corpo natural, ressuscita o corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.”

A frase significa que, conforme o corpo natural é semeado, ou concebido e gerado, o corpo espiritual “ressuscita” ou reencarna nele.    

Em 1 Coríntios 15: 36-42, por exemplo, vemos: 

“O que você semeia não readquire vida a não ser que morra. E o que você semeia não é o corpo da futura planta que deve nascer, mas um simples grão, de trigo ou de qualquer outra espécie. (...) Há corpos celestes e há corpos terrestres. São, porém, diferentes o brilho dos celestes e o brilho dos terrestres. Um é o brilho do sol, outro o brilho da lua, e outro o brilho das estrelas.  E até de estrela para estrela há diferença de brilho. O mesmo se dá com a ressurreição dos mortos.” 

Vemos no primeiro livro de Samuel outra passagem que, apesar do “pente fino” que visou eliminar a ideia da reencarnação do velho testamento, ainda sugere este conceito:

“O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz subir.”

Também em Eclesiastes, apesar da censura dos teólogos, a reencarnação permanece implicitamente presente. No capítulo um, versículo nove, vemos:

“O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol”.

Seria de fato absurdo imaginar que cada vez que um feto é concebido uma nova alma imortal é “fabricada”, e que esta alma só terá uma única chance de viver, no máximo cerca de cem anos, jamais tendo a possibilidade de retomar e prosseguir sua evolução natural em direção à libertação. 

As leis da natureza apontam na direção oposta. Como diz a lei de Lavoisier, “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, e as almas humanas não são uma exceção à regra.  

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O presente artigo foi publicado como texto independente em fevereiro de 2014. Uma versão inicial dele, anônima,  faz parte da edição de abril de 2008 em “O Teosofista”, edição especial sobre reencarnação. A maior parte daquela edição especial está também publicada como um artigo independente sob o título de “A Teosofia e a Reencarnação”.

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