Examinando um
Trecho
Iniciático das
Cartas dos Mahatmas
Carlos Cardoso Aveline
Carlos Cardoso Aveline
Um antigo e bem
conhecido axioma afirma que “o todo está presente em cada uma das suas partes”.
Esta ideia, no entanto, nem sempre é fácil de entender. Como, exatamente, um ser
humano pode estar presente em cada uma das suas células vivas, ou o
universo infinito pulsar em cada
átomo?
A relação secreta entre o macrocosmo e o microcosmo
contém o mistério das grandes iniciações. Ela não pode ser explicada em
palavras; mas as palavras são úteis enquanto a investigamos.
No século 19, um discípulo leigo ocidental perguntou
a um Raja-Iogue dos Himalaias:
“Cada forma
mineral, vegetal, planta, animal, contém sempre dentro de si aquela entidade
que inclui a potencialidade de desenvolvimento até chegar a ser um espírito
planetário?”
E o Mestre respondeu:
“Invariavelmente;
só que é melhor chamá-lo de germe de
uma futura entidade, e é o que tem sido durante eras.” [1]
“Pense
no feto humano”, prosseguiu o Mahatma. “Desde o momento da sua primeira
instalação até completar o seu sétimo mês de gestação, ele repete em miniatura
os ciclos mineral, vegetal e animal pelos quais passou em seus invólucros
anteriores, e só durante os dois últimos meses desenvolve a sua futura entidade
humana. Esta só fica completa durante o sétimo ano da criança. No entanto, ela
existiu sem nenhum acréscimo ou decréscimo durante eternidades e mais
eternidades, antes de percorrer seu caminho, através
e no útero da mãe natureza, como faz
agora no corpo de sua mãe terrena. Tem razão um sábio filósofo, que confia mais
em sua intuição que nos ditados da ciência moderna, ao dizer: ‘Os estágios da existência intra-uterina do
homem são um registro condensado de algumas das páginas que faltam na história
da Terra’. [2] Assim, você deve
olhar para trás e ver as entidades animais, minerais e vegetais. Você deve
encarar cada entidade em seu ponto inicial na trajetória manvantárica como o
átomo cósmico primordial já diferenciado pela primeira vibração da respiração
vital do manvântara.” [3]
Mais
adiante, na mesma carta, o Mestre diz:
“As
miríades de manifestações
específicas destes seis elementos universais são por sua vez apenas as
derivações, ramos ou ramificações da única e singular ‘Árvore da Vida’
primordial. Considere a árvore genealógica da vida da raça humana e outras de
Darwin, mantendo sempre em mente o velho e sábio axioma ‘como embaixo, assim é em cima’ - isto é, o
sistema universal de correspondência - e tente compreender por analogia. Assim
você verá que nesse dia, nesta terra atual, em cada mineral, etc., há um tal
espírito. Direi mais. Cada grão de areia, cada pedra arredondada ou rochedo de
granito é aquele espírito cristalizado ou petrificado.” [4]
Ao concluir, o Mahatma pergunta a seu
discípulo:
“Como,
então, poderíamos duvidar de que um mineral contém em si uma centelha do Uno, do mesmo modo que tudo o mais nesta
natureza objetiva?” [5]
NOTAS:
[1] Veja “Cartas dos Mahatmas”, Ed. Teosófica, Brasília,
dois volumes, 2001, coordenação editorial e prefácio à edição em língua
portuguesa de Carlos Cardoso Aveline, Vol. I, Carta 67, p. 284.
[2]
Veja
a respeito os comentários (a) e (b) ao item 3 da Estância
II, no volume I de “A Doutrina Secreta”, de H. P. Blavatsky.
[3] Uma nota na edição brasileira de “Cartas dos Mahatmas”
afirma: “Parece haver nesta frase uma referência ao que a astrofísica moderna
chama de ‘Big-Bang’.”
[4] “Cartas dos Mahatmas”, volume I, Carta 67, p. 288.
[5] “Cartas dos Mahatmas”, volume I, Carta 67,
p. 289.
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Um dos trechos da
Carta de um Mahatma que é citada no artigo acima foi publicado anteriormente como
nota independente na edição de Outubro de 2013 de “O Teosofista”.
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Leia também, a
propósito do tema do artigo acima, o texto intitulado “O Centro do Círculo
de Pascal”. Ele pode ser encontrado em nossos websites associados.
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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa
análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes
decidiu formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem como uma das
suas prioridades a construção de um
futuro melhor nas diversas dimensões da vida.
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