3 de fevereiro de 2014

Um Cosmo Em Cada Feto Humano

Examinando um Trecho  
Iniciático das Cartas dos Mahatmas

Carlos Cardoso Aveline




Um antigo e bem conhecido axioma afirma que “o todo está presente em cada uma das suas partes”.

Esta ideia, no entanto, nem sempre é fácil de entender. Como, exatamente, um ser humano pode estar presente em cada uma das suas células vivas, ou o universo infinito pulsar em cada átomo?

A relação secreta entre o macrocosmo e o microcosmo contém o mistério das grandes iniciações. Ela não pode ser explicada em palavras; mas as palavras são úteis enquanto a investigamos.

No século 19, um discípulo leigo ocidental perguntou a um Raja-Iogue dos Himalaias:

“Cada forma mineral, vegetal, planta, animal, contém sempre dentro de si aquela entidade que inclui a potencialidade de desenvolvimento até chegar a ser um espírito planetário?”

E o Mestre respondeu:

“Invariavelmente; só que é melhor chamá-lo de germe de uma futura entidade, e é o que tem sido durante eras.” [1]

“Pense no feto humano”, prosseguiu o Mahatma. “Desde o momento da sua primeira instalação até completar o seu sétimo mês de gestação, ele repete em miniatura os ciclos mineral, vegetal e animal pelos quais passou em seus invólucros anteriores, e só durante os dois últimos meses desenvolve a sua futura entidade humana. Esta só fica completa durante o sétimo ano da criança. No entanto, ela existiu sem nenhum acréscimo ou decréscimo durante eternidades e mais eternidades, antes de percorrer seu caminho,  através e no útero da mãe natureza, como faz agora no corpo de sua mãe terrena. Tem razão um sábio filósofo, que confia mais em sua intuição que nos ditados da ciência moderna, ao dizer: Os estágios da existência intra-uterina do homem são um registro condensado de algumas das páginas que faltam na história da Terra’. [2] Assim, você deve olhar para trás e ver as entidades animais, minerais e vegetais. Você deve encarar cada entidade em seu ponto inicial na trajetória manvantárica como o átomo cósmico primordial já diferenciado pela primeira vibração da respiração vital do manvântara.” [3]

Mais adiante, na mesma carta, o Mestre diz:

“As miríades de manifestações específicas destes seis elementos universais são por sua vez apenas as derivações, ramos ou ramificações da única e singular ‘Árvore da Vida’ primordial. Considere a árvore genealógica da vida da raça humana e outras de Darwin, mantendo sempre em mente o velho e sábio axioma ‘como embaixo, assim é em cima’ - isto é, o sistema universal de correspondência - e tente compreender por analogia. Assim você verá que nesse dia, nesta terra atual, em cada mineral, etc., há um tal espírito. Direi mais. Cada grão de areia, cada pedra arredondada ou rochedo de granito é aquele espírito cristalizado ou petrificado.” [4]

Ao concluir, o Mahatma pergunta a seu discípulo:

“Como, então, poderíamos duvidar de que um mineral contém em si uma centelha do Uno, do mesmo modo que tudo o mais nesta natureza objetiva?” [5]


NOTAS:

[1] Veja “Cartas dos Mahatmas”, Ed. Teosófica, Brasília, dois volumes, 2001, coordenação editorial e prefácio à edição em língua portuguesa de Carlos Cardoso Aveline, Vol. I, Carta 67, p. 284.

[2] Veja a respeito os comentários (a) e (b) ao item 3 da Estância II, no volume I de “A Doutrina Secreta”, de H. P. Blavatsky.

[3] Uma nota na edição brasileira de “Cartas dos Mahatmas” afirma: “Parece haver nesta frase uma referência ao que a astrofísica moderna chama de ‘Big-Bang’.”

[4] “Cartas dos Mahatmas”, volume I,  Carta 67,  p. 288.

[5] “Cartas dos Mahatmas”, volume I,  Carta 67,  p. 289.

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Um dos trechos da Carta de um Mahatma que é citada no artigo acima foi publicado anteriormente como nota independente na edição de Outubro de 2013 de “O Teosofista”.  

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Leia também, a propósito do tema do artigo acima, o texto intitulado “O Centro do Círculo de Pascal”. Ele pode ser encontrado em nossos websites associados.

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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem como uma das suas prioridades a construção de um futuro melhor nas diversas dimensões da vida.

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