Compreendendo uma “República de Consciência”
Carlos Cardoso Aveline
Nem sempre o público percebe com facilidade qual é
a relação entre o movimento teosófico e a democracia. Alguns estão
desinformados a respeito da posição da filosofia esotérica diante de fenômenos
como o nazismo, o fascismo e outras formas de ação autoritária.
Para obter uma perspectiva mais clara
da questão, será útil recordar certos fatos básicos da história. Eles nos
fornecem pistas sobre a misteriosa ligação dinâmica entre o trabalho de H. P.
Blavatsky no século 19 e a situação humana na primeira parte do século 21. Há “coincidências”
interessantes e alguns indícios numerológicos que podem ser organizados em cinco
itens.
1) Helena
Blavatsky construiu a base conceitual de uma fraternidade universal da
humanidade que é inseparável do sentimento de respeito em relação a cada povo,
cada cultura e cada indivíduo. No plano oculto, não é mera coincidência o fato
de que o final da Segunda Guerra Mundial na Europa e a vitória dos países
democráticos contra o nazismo são celebrados exatamente no mesmo dia em que a
sra. Blavatsky encerrou a sua encarnação. A fundadora do movimento esotérico
moderno morreu em 8 de maio de 1891. A Guerra na Europa acabou em 8 de maio de
1945.
2) Harry
Truman, o presidente dos EUA que liderou os momentos finais da Segunda Guerra
Mundial, nasceu precisamente a 8 de Maio, em 1884. Ele foi o 33 presidente.
3) O movimento
teosófico foi fundado em 1875, na cidade de Nova Iorque. A Organização das
Nações Unidas foi criada em 1945, exatamente sete décadas ou setenta anos
depois. A sede está estabelecida em Nova Iorque. Isto é, na mesma cidade
onde o movimento teosófico foi fundado.
4) A Carta
das Nações Unidas começa com uma vigorosa proclamação do primeiro objetivo do
movimento teosófico - a Fraternidade Universal. Embora esteja longe da
perfeição, o movimento teosófico é uma semente de fraternidade universal, do
mesmo modo que a ONU é um instrumento da sua germinação no plano visível e
externo. É inútil acusar uma muda de árvore de não ser uma árvore adulta.
5) A criação
do movimento teosófico em 1875 serviu como um modelo oculto ou arquétipo para a
ONU, mas a concepção do movimento não foi um processo inteiramente novo. Os
EUA, como país, foi uma profunda fonte de inspiração para a estrutura do
movimento teosófico.
HPB escreveu:
“Nascida nos Estados Unidos, a
Sociedade foi constituída seguindo o modelo do seu país natal. Este último, omitindo
da sua Constituição o nome de Deus para que isso não fosse um dia um pretexto
para se fazer uma religião de estado, oferece igualdade absoluta nas suas leis
para todas as religiões. Todas elas apoiam o Estado e são por sua vez
protegidas por ele. A Sociedade, modelada de acordo com esta Constituição, pode
ser corretamente chamada de ‘uma República de Consciência’.” [1]
Por isso, se de vez em quando as
políticas do governo dos EUA refletem aspectos negativos do atual carma humano,
e parecem em muitos aspectos erradas e injustas, pode ser sábio deixar que
passem mais alguns séculos - talvez mais alguns milhares de anos - antes de ficarmos
muito frustrados.
Enquanto isso, podemos tomar
conta da nossa própria e até certo ponto precária “República de Consciência”, o
movimento teosófico, a futura árvore de fraternidade universal. Estaremos cumprindo
o nosso próprio dever da melhor forma possível? Somos uma saudável fonte
coletiva de inspiração para o resto do reino humano? Estamos nós livres de
“reis”, “papas”, “bispos” - e “candidatos a estes papéis”, no movimento teosófico
como um todo?
Não existe, provavelmente,
separação oculta entre os diferentes grupos teosóficos, nesta “república de
consciência”. E esta ausência de separação interna cria uma responsabilidade
comum para cada um e para todos os estudantes de teosofia.
Essa responsabilidade pode
incluir uma parte significativa do destino da humanidade nas próximas décadas e
nos séculos que virão.
NOTA:
[1] “The Collected Writings”, Helena
Blavatsky, TPH, India/USA/UK, Volume II, página 104. O texto do qual parte este
parágrafo intitula-se “What Are the Theosophists?”.
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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa análise da situação
do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu formar a Loja
Independente de Teosofistas, que tem como uma das suas prioridades a construção de um futuro melhor nas
diversas dimensões da vida.
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