30 de junho de 2015

Minha Mente Para Mim é Um Reino

Um Poema Filosófico de Quatrocentos Anos Atrás

Sir Edward Dyer



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Nota Editorial:

Sir Edward Dyer (1543-1607) é um
poeta inglês cuja reputação está estabelecida,
segundo a Encyclopaedia Britannica (1967)
“por um pequeno número de poemas que são
atribuídos a ele com segurança, e foram
feitos com grande destreza e musicalidade”.

Considera-se que Sir Edward foi um alquimista.
Em seu livro “O Iluminismo Rosa-Cruz”
(Ed. Cultrix-Pensamento),  capítulo três, Frances
Yates diz que ele era discípulo de John Dee.
Ocultista bem conhecido, John Dee é mencionado em
“Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett”, Carta 01.

Durante quatro séculos, “Minha Mente
Para Mim é um Reino” tem  sido  o mais
famoso dos poemas de  Sir  Edward  Dyer.

(Carlos Cardoso Aveline)

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Minha mente para mim é um reino;
Encontro nela um bem-estar tão perfeito
Que supera qualquer outra bênção,
Venha de Deus ou da natureza.
Por mais que eu queira o que a maioria busca,
Minha mente proíbe e afasta a ambição.

Nenhum porto principesco, nenhum estoque de riquezas,
Coisa alguma para forçar a vitória;
Tampouco sagaz destreza para atenuar uma ferida,
Nem aparências para atrair um olhar afetuoso.
Não sou escravo de nada disso. 
Por quê? Minha consciência despreza esse tipo de coisas.  

Vejo que muitos com frequência se excedem;
E os que escalam rapidamente -  logo vão despencar.
Vejo aqueles que estão no alto serem
Mais ameaçados que os outros, por desgraças.
Eles conquistam com esforço e guardam com medo;
E tais preocupações minha mente não quer tolerar.

Prefiro não adotar uma atitude de orgulho;
Não desejo mais que o suficiente,
E nada faço além do que posso fazer bem.
Tudo que necessito, minha mente me garante. 
Veja! Assim triunfo como um rei,
Com qualquer coisa tenho a mente contente. 

Eu não rio da perda que o outro sofre,
Nem invejo o ganho do outro;
Nenhuma onda do mundo pode agitar minha mente;
Eu tolero bem o que é a ruína de muita gente.
Não temo o inimigo, e nem bajulo o amigo,
Não detesto a vida, nem temo o meu fim.

Minha riqueza é a saúde, e uma perfeita calma;
E a consciência limpa é minha principal defesa;
Não uso suborno ou sedução para agradar,
Nem me afasto de alguém para ofender e ferir.
Assim eu vivo, assim irei morrer,
E gostaria que todos tivessem - esse jeito de ser!

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Traduzido de “A Book of English Poetry”, Collected by G.B. Harrison, Penguin Books, London, 1950, 416 pp., ver  pp. 53-54. 

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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.


Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.

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