Um Poema Filosófico de Quatrocentos Anos Atrás
Sir Edward Dyer
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Nota Editorial:
Sir Edward Dyer (1543-1607) é um
poeta inglês cuja reputação está estabelecida,
segundo a Encyclopaedia Britannica (1967)
“por um pequeno número de poemas que são
atribuídos a ele com segurança, e foram
feitos com grande destreza e musicalidade”.
Considera-se que Sir Edward foi um alquimista.
Em seu livro “O Iluminismo Rosa-Cruz”
(Ed. Cultrix-Pensamento), capítulo
três, Frances
Yates diz que ele era discípulo de John Dee.
Ocultista bem conhecido, John Dee é mencionado em
“Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett”, Carta 01.
Durante quatro séculos, “Minha Mente
Para Mim é um Reino” tem sido o mais
famoso dos poemas de Sir Edward Dyer.
(Carlos Cardoso Aveline)
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Minha mente para mim é um reino;
Encontro nela um
bem-estar tão perfeito
Que supera qualquer
outra bênção,
Venha de Deus ou da
natureza.
Por mais que eu
queira o que a maioria busca,
Minha mente proíbe
e afasta a ambição.
Nenhum porto
principesco, nenhum estoque de riquezas,
Coisa alguma para
forçar a vitória;
Tampouco sagaz
destreza para atenuar uma ferida,
Nem aparências para
atrair um olhar afetuoso.
Não sou escravo de
nada disso.
Por quê? Minha
consciência despreza esse tipo de coisas.
Vejo que muitos com
frequência se excedem;
E os que escalam
rapidamente - logo vão despencar.
Vejo aqueles que
estão no alto serem
Mais ameaçados que
os outros, por desgraças.
Eles conquistam com
esforço e guardam com medo;
E tais preocupações
minha mente não quer tolerar.
Prefiro não adotar
uma atitude de orgulho;
Não desejo mais que
o suficiente,
E nada faço além do
que posso fazer bem.
Tudo que necessito,
minha mente me garante.
Veja! Assim triunfo
como um rei,
Com qualquer coisa
tenho a mente contente.
Eu não rio da perda
que o outro sofre,
Nem invejo o ganho
do outro;
Nenhuma onda do
mundo pode agitar minha mente;
Eu tolero bem o que
é a ruína de muita gente.
Não temo o inimigo,
e nem bajulo o amigo,
Não detesto a vida,
nem temo o meu fim.
Minha riqueza é a
saúde, e uma perfeita calma;
E a consciência
limpa é minha principal defesa;
Não uso suborno ou
sedução para agradar,
Nem me afasto de
alguém para ofender e ferir.
Assim eu vivo,
assim irei morrer,
E gostaria que
todos tivessem - esse jeito de ser!
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Traduzido de “A Book of English Poetry”, Collected by G.B. Harrison, Penguin
Books, London, 1950, 416 pp., ver pp.
53-54.
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Sobre o mistério do despertar individual
para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
Com tradução, prólogo e notas de Carlos
Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014
por “The Aquarian Theosophist”.
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