A Hora e o Ritmo Certos
Para a Tomada de Decisões
Carlos Cardoso Aveline
Nem sempre é fácil cumprir a
norma que diz:
“Não deixes para amanhã o que
podes fazer hoje”.
Uma forma subconsciente de
resistência psicológica posterga decisões importantes e evita a preparação
necessária para tomá-las. Parte da alma humana teme assumir responsabilidades. E
ela trata de convencer-nos de que não é necessário agir, e afirma
subconscientemente que podemos viver segundo a velha norma dos preguiçosos:
“Não faças hoje o que podes
deixar para amanhã”.
Quem cai nesta armadilha mais
tarde é forçado a agir de maneira ineficiente.
Quem confia na vida pensa por
si mesmo e tem paciência para agir a longo prazo. Saber da sua própria força capacita
o cidadão para enxergar e valorizar as pequenas coisas. Com a visão clara, ele vê
melhor a diferença entre o certo e o errado.
A experiência acumulada ensina
a usar o tempo e a energia de forma eficaz.
Ao nascer, cada ser humano recebe
um determinado tempo de vida natural. Ele pode cumprir e até ultrapassar com
saúde este prazo médio, se estudar a arte de viver e acumular o necessário bom
carma. Em qualquer fase da vida, cabe examinar de frente algumas questões:
* O que exatamente devemos
realizar, entre tantas possibilidades diferentes?
* E como?
* Que ações prematuras ou
impulsivas devem ser evitadas?
O tempo é usado com sabedoria por aquele que
percorre o caminho do equilíbrio, avançando entre os dois extremos da ansiedade
e da procrastinação.
A sociedade atual se orgulha da sua pressa e
rapidez, mas poucos, nela, estão livres do hábito paralisante da postergação. A
procrastinação repetida gera um sentido de irresponsabilidade. Seu magnetismo
confuso debilita a vontade pessoal e torna difícil tomar decisões claras. Aquele
que tem medo de olhar profundamente para a sua própria vida adia sistematicamente
decisões firmes, e age de maneira imediatista com a desculpa de que “não há
tempo para pensar”. Como um barco sem leme ou remo, o cidadão é então manipulado
pelas circunstâncias de curto prazo.
O estudante de filosofia, por outro lado, reflete
regularmente sobre as suas verdadeiras metas. Ele sabe que não há separação
entre o que é central e o que é secundário: a capacidade de decidir com clareza
deve ser praticada nas coisas grandes e pequenas.
A
Decisão Como Um Processo
Se a meta central do indivíduo está definida,
se ela é elevada e eticamente acertada, estando livre do egoísmo materialista, o
próximo passo é reunir todas as informações possíveis sobre os prós e contras
desta ou daquela possibilidade de ação para alcançar o seu objetivo.
Ao levantar dados, é preciso verificar com
rigor se são confiáveis. Obtidas e avaliadas as informações, debata consigo
mesmo (ou com amigos e colegas) qual é a melhor decisão a tomar. Não seja
impulsivo: observe como a ideia da decisão a tomar surge na atmosfera da sua
consciência, e deixe que ela permaneça lá em avaliação. Outras ideias podem surgir. Dê tempo para que o
seu subconsciente e supraconsciente trabalhem.
Se a ideia da decisão ganhar força com o
tempo, confirme-a. Observe qual é o momento mais adequado para planejar a ação,
para anunciá-la, e finalmente começá-la.
Em algumas situações é correto anunciar a
decisão antes de agir; em outras, cabe anunciá-la depois de começar a agir. E há situações em que a
ação não precisa ser anunciada. O fato consumado e o exemplo inspirador frequentemente
dizem mais do que as palavras. Também é possível anunciar
menos do que se fará. Quanto mais modesto o anúncio, melhor: deve ser evitada a
situação em que a ação fica aquém da fala.
Eis quatro conselhos práticos:
1) Não postergue a ação correta que pode fazer agora.
Agir prontamente amplia a sua força magnética.
Através da ação diária adequada, construímos uma sintonia interior com aquilo que é ótimo.
2) Não tente fazer agora o que não é viável fazer agora.
Saiba esperar quando necessário. Cabe
abster-se da ação desejável enquanto as circunstâncias não a permitem. Isso não significa cair na
ociosidade. Use o tempo a seu favor. A força de que você dispõe deve ser empregada
de maneira inteligente, levando em conta os efeitos que provocará. Através de
um esforço ponderado, fortaleça a sua vocação
de vitória.
3) Tome medidas preparatórias.
Em quaisquer circunstâncias, inclusive no
silêncio e na aparente imobilidade, há oportunidades positivas. As mais importantes delas estão
no mundo interior. Preserve a sua paz de consciência. Aprofunde a
capacidade de estar alerta. Fortaleça a concentração. Amplie o estoque de força
moral.
4) Diante de uma tarefa grandiosa, aplique o método homeopático.
Uma corrente de pequenas ações desenvolvidas na
direção certa o levará até a grande meta através de passos adequados às suas
possibilidades. Planeje
seu esforço. Mantenha o planejamento aberto a fatos novos, e revise
regularmente a escala de prioridades. Vale a pena separar um tempo todos os
dias para programar ações e avaliar as tarefas realizadas. O êxito de longo prazo
implica um planejamento flexível.
O indivíduo atento olha o grande e o pequeno.
Ele percebe o
eterno e o instantâneo. Combina o fator prático com a dimensão contemplativa, e
percebe a identidade fundamental entre os diferentes aspectos da vida.
Ao buscar a sabedoria, devemos localizar o momento certo para agir e o ritmo adequado da ação.
A determinação interior terá
de ser mais forte que as pressões externas. Tendo adotado um rumo estável para
a sua vida, o sábio usa o vento contrário para chegar onde quer. Ele opta pelo
que é imperecível. Ele sabe que a simplicidade voluntária o liberta para viver
no eterno.
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O texto
acima incorpora como matéria-prima a nota publicada de modo anônimo na edição
de junho de 2014 de “O Teosofista”,
sob o título de “Bom Planejamento Elimina Postergação”.
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A respeito do uso correto do tempo, veja os
artigos “A Arte de Planejar o Futuro”,
“A Arte de Parar o Tempo”, e “Aos Que Não Têm Tempo”, todos de Carlos
Cardoso Aveline. Eles estão disponíveis em nossos websites associados.
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Sobre o mistério do despertar individual
para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
Com tradução, prólogo e notas de Carlos
Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014
por “The Aquarian Theosophist”.
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