Antiga Lenda Hindu
Associa a Pedra à Autopurificação
Helena P. Blavatsky

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Nota Editorial de 2015:
A safira tem uma presença consagrada
A safira tem uma presença consagrada
na tradição esotérica oriental e
ocidental.
Na famosa visão de Ezequiel, 1:26, há
“algo que parece um trono feito de
safira”.
Na edição de novembro de 1890, uma
revista
editada por Helena Blavatsky publicou o
artigo “Mystic Lore of Gems and
Crystals”,
que afirma: “A safira, sagrada para o
Sol
e considerada ‘a pedra das pedras’,
curava
úlceras, recuperava a visão fraca,
extinguia
fogos, melhorava o comportamento de
quem a usava e afastava a melancolia.”[1]
O texto a seguir faz parte da obra “Ísis
Sem
Véu”, de Helena P.
Blavatsky, Ed. Pensamento,
SP, volume I, pp. 316 e 317. Foi publicado
também
na edição de março de 2015 de “O
Teosofista”.
(Carlos Cardoso Aveline)
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O acentuado
respeito dedicado pelos budistas à safira - que também era consagrada à Lua em
todas as outras regiões - talvez seja baseado em algo mais cientificamente exato
do que uma mera superstição infundada. Eles lhe atribuíram um poder mágico
sagrado, que todo estudioso do mesmerismo psicológico compreenderá
facilmente, pois a sua superfície polida e de um azul escuro produz
extraordinários fenômenos sonambúlicos.
A influência variada das cores
prismáticas sobre o crescimento da vegetação, e especialmente a do “raio azul”,
só foi reconhecida recentemente. Os acadêmicos brigavam sobre o poder aquecedor
desigual dos raios prismáticos até que uma série de demonstrações
experimentais, feitas pelo Gen. Pleasonton, veio provar que, sob a influência
do raio azul, o mais elétrico de todos, o crescimento animal e vegetal
aumentava numa proporção verdadeiramente mágica. Assim, as investigações de
Amoretti sobre a polaridade elétrica das pedras preciosas mostraram que o diamante, a
granada [2] e a ametista são eletronegativos, ao passo que a safira é
eletropositiva. Podemos, então, mostrar que os recentes experimentos da Ciência
apenas corroboram aquilo que era conhecido dos hindus antes que qualquer uma
das modernas academias fosse fundada.
Uma velha lenda hindu diz que Brahma-Prajapati,
enamorando-se de sua própria filha Ushas (o Céu, às vezes
também a Aurora), assumiu a forma de um cervo (rishia) e Ushas,
a de uma corça (rohit), e assim cometeram o primeiro pecado. Ao ver tal
profanação, os deuses tanto se aterrorizaram, que, unificando os seus corpos
mais assustadores - cada deus possuía tantos corpos quantos desejasse -, eles
produziram Bhutavan (o espírito do mal), que foi criado por eles com a intenção
de destruir a encarnação do primeiro pecado cometido por Brahma. Ao
vê-lo, Brahma-Hiranyagarbha arrependeu-se amargamente e
começou a repetir os mantras, ou preces de purificação, e, em sua dor, verteu
sobre a Terra uma lágrima, a mais quente que jamais saíra dos
seus olhos; e dela se formou a primeira safira.
Esta lenda, meio sagrada, meio
popular, mostra que os hindus sabiam qual era a mais elétrica de todas as cores
prismáticas; além disso, a influência particular da safira estava tão bem
definida quanto a de todos os outros minerais. Orfeu ensina como é
possível afetar toda uma plateia por meio de uma magnetita; Pitágoras
dedica atenção especial à cor e à natureza das pedras preciosas; ao passo que
Apolônio de Tiana comunica aos seus discípulos as virtudes secretas de cada uma
delas e troca a cada dia de anel, usando uma pedra particular para cada dia do
mês e de acordo com as leis da Astrologia judiciária. [3]
Os budistas afirmam que a safira
produz paz de espírito, equanimidade; afugenta todos os pensamentos maus,
estabelecendo uma circulação sadia no homem. Uma bateria elétrica faz a mesma
coisa, com o seu fluído bem dirigido, dizem os nossos eletricistas. “A Safira”,
dizem os budistas, “abrirá portas e casas fechadas [ao espírito do homem];
produz o desejo da prece e traz consigo mais paz do que qualquer outra gema;
mas aquele que a usar deve levar uma vida pura e santa.”
NOTAS:
[1]
H. P. Blavatsky fundou a revista
“Lucifer”, em Londres, e a editou até abandonar a vida física em maio de 1891.
O nome da revista resgata o nome antigo e pagão do planeta Vênus, a estrela
matutina e vespertina. O termo “Lúcifer” significa literalmente “portador da
Luz” e tem sido distorcido desde a idade média por teólogos interessados em
dominar os povos através do medo supersticioso. O trecho citado está na p. 226
da edição de novembro de 1890. (CCA)
[2] Granada, do latim “granatus”, é o nome geral de um grupo de
minerais. Algumas variedades de granadas são consideradas pedras
preciosas. (CCA)
[3] A antiga astrologia
judiciária ou judicial é
conhecida hoje como astrologia mundana. Trata-se da
astrologia que estuda as influências celestes sobre nações,
coletividades, movimentos culturais e questões mundiais. (Veja “Enciclopédia de
Astrologia”, James R. Lewis.) (CCA)
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Sobre o mistério do despertar individual
para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.

Com tradução, prólogo e notas de Carlos
Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014
por “The Aquarian Theosophist”.
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