Uma Biblioteca é um Mundo de
Saber
Regina Maria Pimentel de
Caux
Num texto intitulado “A Arte de
Ler”, Carlos Cardoso Aveline escreve que quando descobrimos o prazer da
leitura o nosso aprendizado na vida adquire proporções ilimitadas. “Mas isso
não é tudo”, afirma. “A palavra escrita também é um instrumento revolucionário.
Ela desperta as consciências, revoluciona o espírito humano, derruba governos
corruptos e provoca grandes transformações sociais”. Aveline acrescenta: “a
mera presença de um bom livro em nossa casa pode irradiar uma misteriosa
influência benigna.” [1]
Sem
leitura não há educação. Uma pessoa que lê tem mais condições de discutir ideias
e enxergar soluções, vê a vida de diferentes pontos de vista e torna-se um
cidadão mais atuante.
A leitura é importante em todos
os níveis educacionais. Deve ser iniciada na educação infantil, continuar nos
diferentes níveis de ensino e durante toda a vida.
É na escola, pela mediação do
professor consciente que os estudantes aprenderão a ler e a amar os livros. Aprenderão,
também, a escrever e a enxergar sua própria realidade e a realidade do outro.
Essa relação pelo contato e exploração do livro nas mais diversas formas cria
uma atmosfera de entrada a inúmeros universos e possibilitam a conexão com o
nosso próprio eu. Por meio de boas ações intermediadas pelo professor o
estudante produz um conhecimento partilhado, enriquecido e com isto conseguirá representar melhor,
oralmente e por escrito, seu pensamento, sua vivência e seu conhecimento
coletivo de mundo.
No prefácio ao “Glossário Teosófico”, de Helena Blavatsky
(Ed. Ground, SP, p. 5), Murilo Nunes de Azevedo aconselha os verdadeiros
buscadores do mistério das coisas, a fazer uma espécie de preparação à magia da
leitura:
“Leitor amigo, segure o livro cuidadosamente. Sinta o seu
peso, volume, disposição gráfica, maciez ou rugosidade de suas páginas. Acaricie
a sua capa lentamente, plenamente, consciente do que está fazendo. Fique algum
tempo silencioso e concentrado no fato de estar segurando firmemente este
exemplar. É importante, pois tem em mãos um texto profundamente significativo
que poderá modificar a sua vida.”
Nesse instante sentimos a sacralidade que o livro possui;
o valor do conhecimento resguardado das gerações passadas e as sabedorias de
nossos ancestrais. Um bom livro é como uma estrela iluminando a noite escura da
existência humana. É necessário fazer aflorar estas percepções junto aos
educadores, estudantes e toda a sociedade. Assim poderão constatar por si
mesmos a importância da arte de ler.
A Biblioteca Escolar, espaço
dinâmico da Escola, envolvida no processo
ensino-aprendizagem, deve desempenhar sua função de agente educacional atuante,
proporcionando aos estudantes oportunidades criativas de crescimento cultural,
social, intelectual, emocional, e momentos de lazer através da leitura
recreativa e de livros científicos. Esta é uma responsabilidade e um dever da
escola.
Os serviços de Biblioteca devem ser planejados e
direcionados para a utilização cotidiana do acervo que a compõe, estando o
profissional comprometido com a Educação, e também, com a preservação de seu
patrimônio.
Mas é preciso fazer com que leitura
venha a ser cada vez mais sedimentada na vida do cidadão. É necessário suprir
continuamente as bibliotecas públicas e comunitárias de bons livros, periódicos
e outros bens culturais, tendo em vista também o interesse e as expectativas do
usuário.
Um
exemplo de valorização da leitura é a implantação de minibibliotecas em bairros
e a dinamização de seu atendimento. A experiência do projeto Farol do Saber,
em Curitiba, é um ponto de referência disseminador da cultura. Ali as
atividades propostas são desenvolvidas de maneira a despertar o interesse e a
participação voluntária de seus frequentadores. Reúnem biblioteca, acesso
a Internet e outros recursos culturais. São valiosos acervos públicos de fácil
acesso e próximos da população.
Os Faróis do Saber surgem como antídoto ao
conhecimento “acabado”, “pronto” e “certo”, ao discurso de “certezas” do mestre,
para se tornarem um espaço gerador do espírito crítico e de questionamento,
propiciando o acesso ao livro, a recriação do conhecimento.
Quem já descobriu o prazer da leitura concorda: “Ler me
traz a sensação de paz”; “Os livros são luz, não fiques na escuridão”; “A biblioteca é um mundo de saber”.
“O homem que não tem o costume de ler está aprisionado
num mundo imediato, em relação ao tempo e espaço”, escreveu o pensador chinês
Lin Yutang. [2] E as seguintes
palavras são frequentemente atribuídas a Rubem Alves:
“Bom seria que o professor dissesse aos seus alunos: Leiam esse livro. Ruminem. Depois de
ruminar, escrevam os pensamentos que vocês pensaram, provocados pelos
pensamentos do autor. Os pensamentos dos outros não substituem os seus próprios
pensamentos. Somente os seus pensamentos estão vivos em você. Um livro não é
para poupar-lhes o trabalho de pensar. É para provocar o seu pensamento.”
A alegria advinda da descoberta da leitura é intensa,
contagiante, transformadora. Portanto, propomos construir com a confluência de
esforços das mais diversas instâncias sociais, uma nova sociedade com mais
livros, mais bibliotecas, mais livrarias, mais leitores, mais alegria, que
priorize o bem e o desenvolvimento da humanidade.
NOTAS:
[1] “A
Arte de Ler”, de Carlos Cardoso Aveline. O texto pode ser encontrado em nossos websites.
[2] “A Importância de Viver”, de Lin Yutang, Editora
Globo, 1963, tradução de Mário Quintana, 360 pp., ver pp. 302 a 305. Citado por
C.C. Aveline em “A Arte de Ler”.
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A educadora mineira Regina
Maria Pimentel de Caux é licenciada em Pedagogia, com Pós-graduação
em Processo Ensino-Aprendizagem e Psicopedagogia.
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Para acompanhar um diálogo com a sabedoria
de vida de grandes pensadores dos últimos 2500 anos, leia o livro “Conversas na Biblioteca”, de Carlos
Cardoso Aveline.
O livro foi publicado pela Edifurb, de
Blumenau, Santa Catarina. Com 170 páginas divididas em 28 capítulos, ele foi
publicado em 2007.
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