6 de agosto de 2016

Saber Quem Está Mais Adiantado

A Verdadeira Arte de Fazer Comparações

Carlos Cardoso Aveline



“Um grupo de estudantes das Doutrinas Esot.
que queira obter qualquer proveito espiritual deve
estar em perfeita harmonia e unidade de pensamento.”

Um Mestre de Sabedoria [1]



A busca da sabedoria mostra que, quando a meta é suprema, o realismo é indispensável. Sem discernimento não há como evitar a derrota. 

Um exemplo prático da necessidade de bom senso está no fato de que, nas primeiras etapas do aprendizado, o estudante pode ter vontade de saber se algum outro estudante está mais atrasado ou mais adiantado que ele no caminho. 

A tentativa de saber “quem está mais na frente” na caminhada não leva a nada. Quem hoje parece brilhante e dedicado pode revelar-se, amanhã, como alguém que não tem perseverança. Aquele que agora parece ter enormes limitações talvez experimente um grande despertar dentro de cinco anos, ou de cinco dias. E as melhores qualidades internas de alguém talvez sejam invisíveis para todos.

Comparar-se com os outros para ver “quem é o melhor” é inútil, portanto, e quase sempre prejudicial; mas o estudante pode comparar-se consigo mesmo. Esta é a verdadeira arte de fazer comparações, em teosofia.

* Será que ele é um indivíduo melhor, hoje, do que há dez anos?

* Ele está tomando providências para que amanhã pela manhã seja um melhor ser humano do que é hoje? E no próximo ano? 

* Ele tem certeza de que o tempo da sua vida não está passando em vão?

* Em que aspectos ele pode melhorar a eficiência da sua caminhada? 

Aprender com os outros não implica especular sobre se eles são “mais adiantados”. Ensinar aos outros não é motivo para supor que se é “mais evoluído que eles”. Interessa, isso sim, aumentar o seu próprio nível de eficiência energética, concentrando a mente na sabedoria, na cooperação entre todos, e no ideal de uma vida correta.

Interessa examinar se o esquema referencial e o processo de pesquisa, de ensino e aprendizagem de que se faz parte são legítimos e abertos ao exame crítico. Cabe ao estudante garantir que a fonte dos ensinamentos é autêntica e fazer o melhor que pode de modo sustentável, numa perspectiva de tempo que inclui várias encarnações.  

NOTA:

[1] Veja o item III, Carta 3, primeira série, em “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, pp. 24-25. Neste trecho a tradução está revisada levando em conta o original em inglês.

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Uma versão inicial do texto acima foi publicada de modo anônimo na edição de junho de 2010 de “O Teosofista”.

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Sobre o crescimento interior e a transformação pessoal no século 21, leia a obra “O Poder da Sabedoria”, de Carlos Cardoso Aveline.


O livro foi publicado pela Editora Teosófica, de Brasília, tem 189 páginas divididas por 20 capítulos e inclui uma série de exercícios práticos. Está na terceira edição.  

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