Pergunta e Resposta Sobre Um Tema
Decisivo
Theosophy
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O texto a seguir é traduzido da
revista
“Theosophy” de março de 1975, pp. 140-142.
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Pergunta:
De acordo com a Teosofia, cada homem deve tornar-se sua
própria autoridade, seja em relação a definir o que é verdade, seja em relação
à conduta correta a seguir. Mas as circunstâncias externas frequentemente
parecem ter uma influência determinante na vida de homens que, confinados por
hábitos, ignorância, falta de imaginação ou apatia, têm em geral pouca
capacidade de julgar por si mesmos. Não é aconselhável, então, escutar o
conselho de “autoridades” mais sábias?
Resposta:
Ouvir aqueles que parecem ter uma base sólida para seus
pontos de vista não exclui a necessidade de avaliar o que eles dizem. Até a
aceitação do que dizem envolve em algum momento a decisão de fazer isso. Toda a
apresentação que H.P. Blavatsky fez da Teosofia nos dá as razões metafísicas
para esse exercício da escolha individual e responsável.
Talvez a questão torne oportuno ver o que o senhor
William Judge diz em seu editorial para a revista “Path” de março de 1887, em
que ele fala do atual desenvolvimento da humanidade em seu conjunto, como um
estágio que requer um grau maior de responsabilidade individual. Ele afirma:
“Em tempos anteriores, os Vedas e mais tarde os
ensinamentos do grande Buddha eram a correta autoridade, e era em seus
legítimos ensinamentos e suas práticas recomendadas que se encontravam os
passos necessários para erguer o Homem a uma posição vertical e correta. Mas o
grande relógio do Universo aponta para uma outra hora, e agora o Homem deve
agarrar a chave em suas mãos e ele mesmo - como um todo - deve abrir o portão.”
Se o bom discernimento é reconhecido como o critério de
uma autoridade “natural” - e esta é uma qualidade que aumenta com o seu
exercício prático - então deve-se registrar também que não há momento algum e
situação alguma que impeçam o seu desenvolvimento. Mas o fato inegável da
vulnerabilidade humana a uma autoridade externa leva a questão a um imperioso
desafio educacional. As palavras do sr. Robert Crosbie a respeito dificilmente poderiam
ter sido mais corretas:
“A Autoridade que nós reconhecemos não é o que os homens
chamam autoridade, que surge de fora e exige obediência, mas um reconhecimento
interno do valor daquilo que flui através de qualquer ponto, foco, ou indivíduo.
Esta é a autoridade do autodiscernimento do indivíduo, da sua intuição, seu
mais alto intelecto. Se seguimos o que reconhecemos deste modo, e ainda vemos
que é bom, naturalmente manteremos nosso rumo naquela direção. Isto não
significa seguir cegamente qualquer pessoa - e esta é uma diferença que alguns
não conseguem ver.”
Desde um ponto de vista “prático”, podemos ver que, como agimos
em vários níveis e temos habilidades e conhecimentos variados em relação a cada
um deles, a orientação ou ajuda que obtenhamos dos outros será diferente em
cada caso. Alguém que planeje construir uma casa, mas que não tenha
experiência, naturalmente verá que é recomendável procurar um construtor, ou
pelo menos um pedreiro, para que o ajude e o aconselhe. Tal pessoa vai procurar
pela autoridade da experiência para evitar erros graves, ou desperdícios. É
claro que seu próprio discernimento será necessário ao selecionar a ajuda. Quando
se trata de buscar o significado da nossa vida, a questão crucial a ser
lembrada é que o autoconhecimento é obtido por cada um por seu próprio mérito.
Não há autoridades nisso, exceto o eu superior, embora, paradoxalmente, uma
espécie de “autoridade” natural se agregue à sugestão daqueles que insistem na
responsabilidade individual, quando se realiza esta busca. Sempre podemos
aprender dos outros - seja pelo exemplo deles ou por suas ideias sugestivas.
Mas transformar em conhecimento a ajuda obtida é algo que elimina todo traço de
autoridade, e que deve ser feito pelo próprio indivíduo.
Podemos lembrar, aqui, o que H.P. Blavatsky diz na
conclusão do seu prefácio à obra “A Doutrina Secreta”; uma obra que, segundo
ela, “merece consideração, não por algum apelo a uma autoridade dogmática, mas
porque segue de perto a Natureza, e obedece às leis da uniformidade e da
analogia.” Como esse é o princípio que H.P.B. segue, os seus estudantes
naturalmente confiam nos seus escritos, e assim passa a ser um dever deles
reconhecer e verificar que o que ela diz segue de perto a Natureza. A confiança
bem informada em um instrutor cresce através da experiência - através da
experiência individual pela qual se aprende a converter o ensinamento em
conhecimento.
Considerando a evolução como um processo educacional, parece
natural que os seres que conhecem tanto as potencialidades quanto as limitações
cármicas dos que estão envolvidos em qualquer ciclo ou tempo particular tenham condições
de ver que rumo geral de ações dá as melhores oportunidades de crescimento. Eles
planejam o “currículo”, por assim dizer. Mas o currículo é só o plano, não a
evolução. Os eus superiores individuais devem determinar como é que essas possibilidades
serão desenvolvidas. Os efeitos distributivos da ação coordenada de diferentes
indivíduos produzem o nível de desenvolvimento alcançado ao longo do periódico
surgimento e desaparecimento das civilizações - em um momento criando as
condições de uma Idade das Trevas, e em outro momento criando as condições de
uma sociedade que pode receber um Buddha.
Na medida em que cada indivíduo tenha êxito em fortalecer
em si mesmo a força do princípio do discernimento, nessa mesma medida ele se
torna sua própria autoridade confiável. Porque conhecer, neste sentido, é ser
capaz de fazer com que a ação siga o princípio, ao invés de obedecer ao hábito
ou costume, por mais que estes possam ser estimados pelos outros.
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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa análise da
situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu
formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem como uma das suas
prioridades a construção de um futuro
melhor nas diversas dimensões da vida.
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