A
Fórmula do Contentamento
Interior,
Em Uma Frase Apenas
Carlos Cardoso Aveline

Uma foto do
bilhete de Einstein, tirada em outubro de 2017
Enquanto visitava o Japão em
novembro de 1922, Albert Einstein escreveu em um pedaço de papel esta sucinta
teoria da felicidade:
“Uma vida
calma e modesta produz mais contentamento que uma busca de sucesso combinada
com constante inquietação.”
O bilhete, escrito à mão em língua alemã, foi
vendido em leilão em Jerusalém, Israel, em outubro de 2017 por um milhão e 560
mil dólares.
De acordo com a Teosofia, porém, a ideia de
Einstein em si mesma vale muito mais
do que esta soma; e no entanto não pode ser vendida, nem comprada. O seu valor
está acima das precárias leis do marketing. O axioma pertence à sabedoria de
todos os tempos.
Colocada em palavras de várias maneiras por
diferentes religiões e filosofias, a ideia bem expressada por Einstein está
livremente disponível para todos os seres humanos de bom senso. O Dhammapada
budista afirma:
“Melhor que
um homem que vence em batalhas mil vezes mil homens, é aquele que vence a si
mesmo. Ele é, na realidade, o maior dos guerreiros.” [1]
Um princípio filosófico praticamente idêntico faz
parte do Pirkê Avót judaico e da ética
do Talmude:
“Aquele (…)
que domina seu espírito é melhor do que aquele que conquista uma cidade.” [2] A mesma Mishná do Pirkê Avót diz: “Quem é rico? Aquele que se alegra com o que possui”.
O rabino norte-americano Irving M. Bunim comenta a
passagem:
“A chave de
todas as riquezas é a capacidade de ser feliz nas circunstâncias atuais, sejam
elas quais forem. Esta habilidade está ao alcance do homem; não depende da
satisfação dos seus desejos ou necessidades. E só pode ser obtida quando você
tem um sentimento de autorrealização, uma percepção do sentido de sua
existência.” [3]
O Tanakh judaico e a bíblia cristã abordam o mesmo
ponto em Provérbios, 16:31-33:
“O cabelo
branco é uma coroa de glória;
Ele é
obtido no caminho da justiça.
É melhor ser
paciente do que poderoso, e
Ter
autocontrole do que conquistar uma cidade.” [4]
A lição registrada por Einstein em sua anotação de
1922 pertence tanto às escrituras do Oriente como do Ocidente. A ideia é
central no taoismo chinês. Ela é ensinada no estoicismo clássico, tendo
destaque nos escritos de Marco Aurélio, Musônio Rufo, Epicteto e Lúcio Sêneca.
Foi adotada por místicos cristãos. O princípio da abstinência tem importância
decisiva na ioga de Patañjali. Constitui um dos tópicos principais no livro
clássico “Os Deveres do Coração”, do sábio judeu Bahya ibn Paquda.
Os exemplos são muitos.
É verdade que milhões de pessoas preferem ignorar
esta visão fundamental da felicidade. E isso acontece porque elas não têm um
sentimento profundo de autoestima. É preciso conhecer em primeira mão o valor
da sua própria vida para que alguém seja capaz de se esforçar por fazer o
melhor e por viver à altura dos preceitos morais da sabedoria universal.
“A preguiça
induz ao sono, e as pessoas negligentes passam fome. Aquele que leva a sério
sua própria vida presta atenção aos mandamentos.” [5]
Um sentimento de autorrespeito inspira ações
moderadas e firmes. A aprovação da nossa própria consciência nos permite
praticar o autocontrole; e a simplicidade voluntária abre caminho para o apoio
mútuo. Uma atitude modesta diante da vida ajuda a produzir aquela solidariedade
cujo resultado é uma paz duradoura.
NOTAS:
[1] Capítulo Oito, Verso 4,
p. 16, em “O Dhammapada”, edição online.
[2] “A Ética do Sinai”,
Ensinamentos dos Sábios do Talmud, Editora e Livraria Sêfer, São Paulo, 1998,
525 pp., ver capítulo 4, Mishná 1, p. 200. Na edição em inglês, “Ethics
From Sinai”, an eclectic, wide-ranging commentary on Pirke Avoth, by Irving M.
Bunim, edição em três volumes, Philipp Feldheim, Inc., New York, 1964, ver
volume 2, p. 3.
[3] “A Ética do Sinai”,
Ensinamentos dos Sábios do Talmud, Editora e Livraria Sêfer, São Paulo, p. 202.
Na edição em inglês, “Ethics From Sinai”, by Irving M. Bunim, edição em três
volumes, Philipp Feldheim, Inc., Nova Iorque, volume 2, p. 8.
[4] Ver Proverbs, 16:31-33, em “Tanakh, The
Holy Scriptures”, The Jewish Publication Society, Philadelphia, Jerusalem,
copyright 1985, 1624 pp., página 1312.
[5] Provérbios (Proverbs),
19:15-16, em “Tanakh, The Holy Scriptures”, The Jewish Publication Society,
Philadelphia, Jerusalem, páginas 1315-1316.
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Veja mais sobre a fórmula de
Einstein para alcançar felicidade.
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O texto acima foi publicado em
nossos websites associados dia 13 março de 2018. Ele está disponível em inglês
no blogue de Carlos em “The Times of Israel” e em
nossos websites.
Leia os artigos “A Religião Cósmica”, de Albert Einstein, e
“A Teosofia de Albert
Einstein”, de Carlos Cardoso Aveline.
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