Uma Linha de Força e Bênção Contínuas Ampara
Do Alto as Linhas Inferiores e Separadas de Percepção
Carlos Cardoso Aveline
alfabeto
Devanagari. Mais abaixo, com letras menores, o lema do
movimento
teosófico: “Não Há Religião Mais Elevada que a Verdade”
Parece haver mais de um motivo para os povos do Oriente verem o sânscrito como
uma língua sagrada.
Quando olhamos uma frase escrita em sânscrito, percebemos no alto uma linha
horizontal unindo as letras de cada palavra. Elas ficam penduradas, como se letras
fossem roupas lavadas secando ao vento.
A linha superior simboliza a continuidade quase inalterável da consciência imortal
de cada ser humano. Embora este nível de Ser esteja em grande parte adormecido
no cidadão médio da humanidade atual, ele é a fonte e o alicerce invisível das operações cotidianas da consciência.
Desta linha vibratória divina descem as diferentes letras, símbolo das percepções provisórias e perecíveis do eu
inferior. As emoções e os pensamentos que habitam a alma mortal são versões precárias
da percepção ininterrupta que flui no plano do eu superior.
Quem medita contemplativamente todos os dias sobre a realidade universal pode
fixar sua atenção por um instante neste significado da parte superior das
letras da escrita sânscrita. E talvez encontre em si mesmo aquela linha contínua,
imagem da inteligência eterna estabelecida acima do pensamento pessoal.
Refletindo sobre esta linha como um processo inalterado, podemos compreender
algo da pura consciência que vive a unidade
direta e imediata com o Todo Oceânico da Lei e do Universo.
A linha contínua da inteligência superior transcende
as distâncias que dividem e fragmentam a parte inferior da escrita. É assim que
são registradas nossas ações no Livro da Vida, o Akasha. As motivações nobres
ficam “anotadas” num nível mais elevado. As ações precárias e sujeitas a erro,
num nível inferior da realidade. Mas a inteligência divina está presente em
toda a vida cotidiana.
A relação entre companheiros de caminhada teosófica é semelhante à escrita
sânscrita. Há um contraste entre a dimensão celestial e a dimensão terrestre, nas
relações entre seres humanos unidos pelo trabalho altruísta. Na interação dos
eus inferiores, ocorre uma amizade e uma colaboração imperfeitas, mas
aperfeiçoáveis. Ao lado da percepção da unidade, são inevitáveis a distinção e
o contraste criativo. No plano inferior das “palavras” registradas no Livro da
Vida, tudo é probatório, e o sentimento e o pensamento humanos devem ser
constantemente corrigidos. No plano superior, a afinidade entre os colegas de
caminhada flui sem as limitações do mundo externo. É esta harmonia transcendente que sustenta de dentro para fora as diferentes
formas de amor e cooperação entre seres humanos sinceros.
A vida de casal é um exemplo. Quando um homem e uma mulher colocam a sua
vida comum a serviço de um ideal nobre e além disso se amam nos diversos níveis
de consciência, não é preciso esforço para perceber a diferença básica entre as
duas faixas de afinidade. De um lado está o amor de pele e o amor humano. De
outro lado, a afinidade eterna faz brotar a felicidade incondicional que ilumina
a vida do dia-a-dia.
Em toda relação humana verdadeira, a alma do outro é espelho da nossa alma.
As relações interpessoais corretas refletem a topografia psicológica do indivíduo
bem-intencionado. Nesta geografia da alma,
a linha superior da escrita sânscrita simboliza o verdadeiro eu, e ele é como o espaço ilimitado do céu. Ele não
oscila, porque está situado fora do campo de testes. Ele é o vazio pleno. Ele não cansa, não desanima
e não tem vitórias ou derrotas pessoais. Ele inclui, e transcende, a vida toda.
Ele existe no território permanente da bem-aventurança, e possui a substância
da vitória eterna.
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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa análise da situação do movimento
esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu formar a Loja
Independente de Teosofistas, que tem como uma das suas prioridades a construção de um futuro melhor nas
diversas dimensões da vida.
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