25 de agosto de 2015

A Beleza da Verdade Abstrata

Francis Hutcheson Afirma que o Ser Humano
Possui um Sentido Para Perceber a Beleza Ética
  
Carlos Cardoso Aveline



É possível dizer que a verdade impessoal é bonita? E, por outro lado, pode haver uma beleza moral, abstrata, que precisa ser vista com os olhos da alma? 

A filosofia esotérica moderna afirma que a Vida se desenvolve simultaneamente em sete níveis principais de realidade.

Sendo parte de uma Vida setenária, as percepções humanas sobre o que é Bom, Belo e Verdadeiro devem ser igualmente setenárias. Em teosofia, portanto, podemos afirmar que há uma beleza nos níveis ético e moral da vida, e o filósofo britânico Francis Hutcheson (1694-1746) pensava o mesmo.

Hutcheson viveu mais de um século antes de Helena Blavatsky. De acordo com os dois pensadores, os seres humanos dispõem de mais de cinco sentidos. Eles possuem um sentido interior para a ética que lhes permite ver beleza moral em grande número de situações: em ideias universais, por exemplo; em sentimentos altruístas, em palavras sinceras e ações nobres. Eles também podem “sentir” uma feiura moral.   

O ponto de vista de Hutcheson corresponde, em Teosofia, a um sentido búdico do que é certo e errado. Desde uma perspectiva oculta, bondade, verdade e beleza são três palavras que descrevem o mesmo fato.

Mesmo quando revela situações “feias”, a verdade em si mesma é essencialmente boa e bela. O respeito pela realidade dos fatos é algo bonito. Os seres humanos buscam naturalmente pelo equilíbrio ético e pela simetria em todos os aspectos da vida. Eles tendem a fazer isso inclusive nas situações em que a sinceridade e a verdade os colocam diante de uma intensa feiura. Cabe lembrar, a propósito, que a simetria inclui o contraste.

Os indivíduos que preservam  e ampliam o contato com a sua própria consciência superior sabem que a visão correta das falhas humanas inclui a possibilidade da autocorreção e da autorredenção. Cada fracasso traz consigo as sementes da sua própria cura. Para os que buscam a verdade, as idealizações cegas não têm valor algum. Por outro lado, não há nada mais belo que a verdade, e ela deve ser aceita incondicionalmente.

Uma vez que a busca da verdade seja reconhecida como fundamentalmente inseparável da busca da beleza e da bondade, a consequência inevitável é que nenhuma hipocrisia ou falsidade será aceita como boa, ou bela. Então a sinceridade se expandirá e se tornará, ainda mais do que hoje, uma característica natural e instintiva do caráter humano.

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O texto acima foi traduzido em agosto de 2015 do artigo em língua inglesa “The Beauty of Abstract Truth”, de Carlos Cardoso Aveline.

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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.


Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.

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