Quando a Alma Humana Se
Reconhece Como um Pássaro
Augusto de Lima
Um albatroz em voo
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Nota Editorial:
Há milênios o ser humano projeta nos
pássaros a sua necessidade de
transcender
limitações e elevar-se por mérito
próprio aos mundos
superiores. O livro “A Vida Secreta da
Natureza”
dedica um capítulo a este tema. Ali está
registrado:
“Segundo os Upanixades, a alma do homem
é um
pássaro migratório. Ele migra de um
corpo para outro,
ao longo dos séculos, colhendo
diferentes experiências
em sua marcha rumo à perfeição da
experiência humana.”[1]
Pode-se dizer que um ser humano possui duas almas.
A alma mortal, embora transcenda o
corpo, deve morrer
ela própria de modo que o foco da
consciência se traslade
para o espírito, a alma espiritual, o eu
superior e eterno.
A identidade simbólica do ser humano com
os
pássaros é o tema do poema a seguir,
escrito no século 19.
(Carlos Cardoso Aveline)
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Elevação
A Américo Lobo.
Outra essência, outra forma, asas tivera
de um albatroz universal, gigante,
e eu tentaria a viagem pela esfera,
embarcação de penas flutuante.
Do globo perlustrar não vistas zonas,
os trópicos de fogo e o polo frio;
de manhã beber água no Amazonas
e à noite adormecer no sacro rio.
Bem afastado do bulício humano,
sentir, envolto num luar de prata,
o salso cheiro salutar do oceano
e os eflúvios balsâmicos da mata.
E quando já de tédio e de cansaço
gemesse a vida, então, me fosse dado
ir procurar nas amplidões do espaço,
junto do sol, meu túmulo dourado.
E abrindo as asas de fulgentes penas,
num voo imenso que assombrasse os mares,
desfazer-me na Luz, deixando apenas
palhetas de ouro esparsas pelos ares.
NOTA:
[1] “A Vida Secreta da
Natureza”, Carlos Cardoso Aveline, terceira edição, Ed. Bodigaya, Porto Alegre,
2007, 156 pp., ver p. 90.
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O poema acima foi
reproduzido do volume “Poesias”,
Augusto de Lima, Editora H. Garnier, Rio de Janeiro / Paris, 1909, 300 pp., ver
pp. 16-17. A ortografia foi atualizada.
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Sobre a ecologia da
mente e a teosofia do ambiente natural, veja o livro “A Vida Secreta da Natureza”, de Carlos Cardoso Aveline.
A obra foi publicada
pela Editora Bodigaya, de Porto Alegre, tem 157 páginas divididas por 18
capítulos, e está na terceira edição, de 2007.
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