7 de março de 2018

A Responsabilidade dos Teosofistas

Sempre é Tempo para Agir de Modo Eficaz

Carlos Cardoso Aveline




Em grande parte, os atuais problemas políticos, econômicos e sociais dos países lusófonos, da Europa e do mundo se devem ao relativo fracasso do movimento teosófico e esotérico.

Esta ideia pode parecer absurda apenas quando olhada superficialmente.

A política e a economia pertencem ao mundo dos efeitos. O que define o carma humano é a existência ou não de um antahkarana coletivo, uma ponte ou escada de Jacó para o mundo da ética universal e da sabedoria celeste. Porém, não são numerosos os que compreendem este fato básico.

Só a prática da honestidade da alma no movimento esotérico e outros setores voltados para ideais nobres irá melhorar a situação social ampla, porque sem antahkarana coletivo não há progresso humano real.

Esta é a questão colocada no diálogo entre Abraão e o Senhor no capítulo 18 do Gênese, com desdobramentos no capítulo 19. O movimento teosófico depende dos Poucos que não se envolvem com o mundo das consequências e dos efeitos, mas atuam no plano das Causas.

Dez ou vinte Justos vencem naquilo que um numeroso partido político, teoricamente bem intencionado, fracassa: criar bom carma. Porque, sem criar bom carma, campanhas de propaganda não levam a nada.

Políticos profissionais raramente fazem grande diferença porque estão no mundo dos efeitos; a menos que sejam verdadeiros estadistas.

Mas ninguém, nem mesmo o melhor chefe de Estado, pode fazer sozinho algo tão importante quanto a missão quase invisível do movimento teosófico autêntico e dos cidadãos de boa vontade - achar, educar e colocar em funcionamento a quantidade mínima de Justos exigida pelo “Senhor” (a lei do Equilíbrio). São estas almas que colocam, ou mantêm, o Carma em uma direção construtiva. Só os Justos, os profundamente honestos, conseguem definir um rumo saudável para as nações. Este é o ensinamento do trecho bíblico citado.

Em meio à sociedade consumista, os movimentos de greve e outras lutas de trabalhadores de classe média caem frequentemente num imediatismo economicista que opera dentro das premissas do materialismo cego. Muitas iniciativas bem intencionadas ficam, sem querer, no plano do egoísmo coletivamente organizado.

A teosofia, por sua vez, muda a realidade de dentro para fora em todas as direções, e ensina a caminhar desde a ignorância egocêntrica até um despertar multidimensional da ética e da sabedoria. A justiça, o respeito e a ajuda mútua estão potencialmente presentes em cada uma das relações sociais, a qualquer momento. Cabe a cada um dar o primeiro passo.

Sempre é tempo para agir de modo responsável. Ao invés de lamentar a ausência de um antahkarana coletivo, o dever do teosofista é construir e fortalecer esta ponte viva com o mundo mais elevado, a partir da sua própria vida diária.

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Uma versão inicial do texto acima foi publicada de modo anônimo em “O Teosofista”, outubro de 2012, pp. 7-8.

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