6 de novembro de 2025

Padres do Deserto, Jornada de um Livro Raro

O Volume de 1866 Teve Que Fazer uma
Viagem no Tempo Antes de Chegar à Casa
  
Carlos Cardoso Aveline
  
“Les Vies des Pères des Déserts D’Orient”, Nouvelle Édition,
Michel-Ange Marin, Tome Premier, Louis Vivès Libraire-Éditeur, Paris,
 1886, 478 páginas. Foto tirada em 25 de março de 2024, durante reparos. 



Com as páginas ainda unidas e por abrir, um exemplar do volume I de “Les Vies des Pères des Déserts d’Orient”, de Michel-Ange Marin, edição 1886, chegou à biblioteca da Loja Independente de Teosofistas em março de 2024. Apresentava escoriações e manchas de oxidação, embora nunca tivesse sido lido ou sequer folheado por alguém.

Michel-Ange Marin nasceu em 1697, e viveu até 1767. Nos anos 1880, a sua obra tinha mais de um século de existência, e era um clássico, quando mereceu uma nova edição, revisada.

Na primeira metade de 1886, Helena Blavatsky estava em Würsburg, Alemanha. Em julho transferiu-se para Ostende, na Bélgica. Em 1887, instalou-se em Londres. Deste modo, quando o livro de Marin sobre os Padres do Deserto saiu da gráfica, havia ao redor dele a mesma aura magnética e a mesma atmosfera tanto densa como sutil da Europa em que vivia Blavatsky. Foi uma longa viagem pelo tempo, até ele desembarcar por correio expresso na biblioteca da LIT, ainda sem ser lido por ninguém.

Em 1886, os livros eram vendidos com as páginas unidas umas às outras, em grupos de 8. O hábito continuou até metade do século 20. Antes da leitura, as folhas precisavam ser separadas manualmente com uma faca ou espátula. Foi assim que o livro sobre os Padres do Deserto chegou à biblioteca teosófica da LIT.

Embora este volume da obra de Michel-Ange Marin nunca tenha sido lido, teve que enfrentar problemas ao longo da viagem pelo tempo. A capa e a contracapa, assim como primeira e última folhas, chegaram a 2024 no processo de desfazer-se. Porém, uma vez que a cola dos consertos secou, já foi possível lê-lo virando as páginas de modo natural como qualquer outro livro.

Os ensinamentos dos padres do deserto são reconhecidos tanto pela igreja ortodoxa russa (e grega) quanto pelos católicos e protestantes. Naturalmente, são vistos como importantes pelos teosofistas.

O próprio Jesus era um sábio do deserto, fato que Helena Blavatsky destaca no texto de capa de “O Teosofista”, edição de abril de 2024

No entanto, a vida dos Padres do Deserto constitui um pálido remanescente da sabedoria esotérica pagã de eras anteriores, como podemos ver nas páginas 108 e 196, entre outras, na edição original em inglês de Isis Unveiled, volume II”.

Isso não tira o seu valor.

Por limitado que seja como reflexo do passado, o vasto acervo de sentenças tradicionais e apotegmas atribuídos aos Padres do Deserto transmite mais de uma lição valiosa ao estudante moderno de teosofia, ajudando-o em seus esforços para viver no dia-a-dia a sabedoria que ele trata de compreender.

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O artigo “Padres do Deserto, Jornada de um Livro Raro” está disponível nos websites da Loja Independente de Teosofistas desde 06 de novembro de 2025.  Uma versão inicial e anônima dele foi publicada na edição de abril de 2024 de “O Teosofista”, pp. 04-05, sob o título “Livro Raro Faz Viagem no Tempo Antes de Chegar a Seu Destino”.

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Leia mais:







* Examine nos websites da LIT a seção temática sobre Cristianismo e Teosofia.

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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

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