Uma Conversa Com Helena Blavatsky
em 1888
William Q. Judge

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Nota Editorial:
Publicado pela revista teosófica
norte-americana “Path” na edição
de junho de 1893, sob o título de
“Occult Vibrations”, o artigo a
seguir aborda as diferenças entre
os
grandes sábios (ou “adeptos”) e
os
cidadãos comuns. Foi publicado
pela
primeira vez em língua portuguesa
na
edição de outubro de 2008 de “O Teosofista”.
(CCA)
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[O texto seguinte foi anotado por mim em 1888,
conforme o que era ditado por H.P.B. e com o propósito de publicá-lo naquela
época. Mas o material não foi usado de imediato. Eu o trouxe comigo para casa,
e agora é de interesse. W.Q.J. ]
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Pergunta – Chamou-me atenção, enquanto pensava sobre a diferença entre as
pessoas comuns e um adepto ou mesmo um estudante parcialmente avançado, que a
frequência de vibração das moléculas cerebrais, assim como a sua coordenação
com as vibrações mais elevadas do cérebro, pode estar na essência da diferença,
e pode explicar também muitos outros problemas.
H.P.B. – É verdade. As vibrações causam diferenças e
também provocam muitos fenômenos curiosos. As diferenças entre as pessoas se
devem em grande parte a vibrações de todos tipos.
Pergunta – Ao ler o artigo [“Aum!”] na revista “Path” de
abril de 1886, esta ideia surgiu novamente. Abro na página 6 da revista: “A
Ressonância Divina de que se fala acima não é a Luz Divina em si mesma. A
Ressonância é apenas a manifestação do primeiro som de todo o Aum . . . . Ela não se expressa apenas como o poder que
agita e anima as partículas do universo, mas também se expressa na evolução e
na dissolução do ser humano, dos reinos mineral e animal e do sistema solar. Entre
os hindus, era representada como o planeta Mercúrio, ao qual tem sido sempre
atribuído o governo das atividades intelectuais e a função de estimulador
universal.”
O que me diz sobre isso?
H.P.B. – Mercúrio sempre foi conhecido como o deus da
sabedoria secreta. Ele é Hermes, assim como Buddha, filho de Soma. Falando das
coisas do plano inferior, eu chamaria a “Ressonância Divina” sobre a qual você
lê na revista Path de
“vibrações”; e diria que está na origem, ou que dá o impulso a todo tipo de
fenômeno do plano astral.
Pergunta – As diferenças percebidas nos cérebros e nas
naturezas humanas devem, então, ter como base as diferenças de vibração?
H.P.B. – Seguramente.
Pergunta – Falando da humanidade em seu conjunto, é
verdade que todos os humanos têm uma chave, ou uma frequência vibratória, à
qual respondem?
H.P.B. – Os seres humanos são em geral como conjuntos de
teclas de piano. Cada tecla tem o seu próprio som, e a combinação dos sons
produz outros sons em uma variedade sem fim. Como a natureza inanimada, os
humanos têm uma nota-chave a partir da qual todas as espécies de caráter e de
constituição avançam atravessando mudanças permanentes. Lembre do que foi dito
em “Ísis Sem Véu”, página 16, volume I [da
edição original em inglês. NT] : “O Universo é a combinação de milhares
de elementos, e no entanto é a expressão de um só espírito. Ele é um caos para
os sentidos (físicos), e um cosmos para a razão (manas).”
Pergunta – Até aqui, o que foi dito se aplica à natureza
em geral. Isto explica a diferença entre o adepto e a pessoa comum?
H.P.B. – Sim. A diferença está em que um adepto pode ser
comparado àquela nota-chave que contém em si todas as notas da grande música da
natureza. Ele tem em seus pensamentos a síntese de todas as notas, enquanto que
o homem comum possui a base da mesma nota-chave, mas apenas age e pensa em uma,
ou em algumas poucas modalidades desta chave, produzindo com seu cérebro
somente alguns poucos acordes da grande música que é possível.
Pergunta – Isto terá algo a ver com o fato de que o
discípulo pode ouvir a voz do seu mestre através dos espaços astrais, enquanto
outro não consegue ouvir ou comunicar-se com os adeptos?
H.P.B. – Isto ocorre porque, através do treinamento, o
cérebro de um chela está sintonizado com o cérebro do Mestre. Suas vibrações
sincronizam-se com as do Adepto; mas o cérebro não-treinado não está sintonizado
desta forma. Assim, o cérebro do chela não é normal, se olhamos para ele do
ponto de vista da vida convencional; enquanto que o cérebro do homem comum é
normal, do ponto de vista das metas mundanas. Este último pode ser comparado
aos que são incapazes de distinguir cores.
Pergunta – Pode explicar melhor?
H.P.B. – O que é considerado normal do ponto de vista do
médico é visto como anormal do ponto de vista do ocultismo, e vice-versa. A
diferença entre um homem que não distingue as cores umas das outras e não
consegue identificar lâmpadas coloridas, e um adepto que as vê e que as distingue,
está no fato de que um confunde uma cor com a outra, enquanto o adepto vê todas
as cores em cada cor, mas, mesmo assim, não as confunde.
Pergunta – Então, o adepto elevou as suas vibrações de
modo que elas são iguais às vibrações da natureza como um todo?
H.P.B. – Sim, no caso dos adeptos mais elevados. Mas há
outros adeptos que, embora amplamente mais avançados que a humanidade média,
ainda são incapazes de vibrar neste nível.
Pergunta – O adepto pode produzir por vontade própria uma
vibração que altere uma cor, transformando-a em outra?
H.P.B. – Ele pode produzir um som que altere uma cor. É o
som que produz a cor e não o contrário. Ao correlacionar as vibrações de um som
da maneira correta, faz-se uma nova cor.
Pergunta – É verdade que no plano astral cada som sempre
produz uma cor?
H.P.B. – Sim; mas estas cores são invisíveis porque ainda
não foram correlacionadas pelo cérebro de modo que se tornem visíveis no plano
terrestre. Leia Galton, que narra experimentos com cores e sons tais como
percebidos por indivíduos psíquicos e sensitivos, mostrando que muitas pessoas
sensitivas sempre veem uma cor para cada som. O homem que é cego em relação a
cores tem diante de si as mesmas vibrações que se mostram como vermelho, mas,
como não é capaz de percebê-las, ele altera o total das vibrações, digamos
assim; e então, daquele total de vibrações, ele vê uma cor que corresponde às
vibrações que consegue perceber. Os seus sentidos astrais podem ver a cor
verdadeira, mas o olho físico tem as suas próprias vibrações; e estas, estando
no plano externo, predominam por enquanto sobre as outras – e o homem astral é
levado a informar ao cérebro que o olho físico viu corretamente. Porque, em
cada um dos casos, o estímulo externo é mandado para o homem interno, e este é
então forçado de certo modo a aceitar naquele momento a mensagem, até que a
situação mude. Mas há casos em que o homem interno é capaz até mesmo de vencer
a limitação externa e fazer com que o cérebro veja a diferença. Em muitos casos
de insanidade mental, a confusão entre as vibrações de todo tipo é tão grande
que não há correlação entre o homem interno e o homem externo, e temos então um
caso de alienação mental. Mesmo em algumas destas situações infelizes a pessoa
está o tempo todo interiormente consciente de que não é insana, mas não
consegue fazer-se entender. Assim, frequentemente as pessoas são levadas à
verdadeira insanidade por tratamentos errados.
Pergunta – Através de que tipo de vibrações os elementais
produzem cores e luzes variadas?
H.P.B. – Embora conheça bem o assunto, esta é uma
pergunta a que não devo responder. Eu não disse a você que, às vezes, os
segredos podem ser revelados demasiado cedo?
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O texto acima foi traduzido de “Theosophical Articles”, William Judge,
Theosophy Co., Los Angeles, CA, edição em dois volumes, volume I, pp. 423-426.
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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa análise da situação
do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu formar a Loja
Independente de Teosofistas, que tem como uma das suas prioridades a construção de um futuro melhor nas
diversas dimensões da vida.
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